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Jornalismo comunitário atua contra “desertos de notícias”

Repro­dução: © Joéd­son Alves/Agência Brasil

Entidades dizem que emissoras locais ajudam a reduzir esses desertos


Pub­li­ca­do em 10/08/2023 — 07:54 Por Luiz Clau­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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O tra­bal­ho e os inves­ti­men­tos em jor­nal­is­mo comu­nitário e local, incluin­do veícu­los dig­i­tais e rádios, tor­nam-se fun­da­men­tais para avançar con­tra os “deser­tos de notí­cias” no Brasil. Essa é a avali­ação de enti­dades do cam­po da comu­ni­cação, após a divul­gação do Atlas da Notí­cia, que mostra haver 26,7 mil­hões de pes­soas que vivem em 2.712 cidades sem qual­quer veícu­lo de comu­ni­cação local

Os dados do lev­an­ta­men­to, entre­tan­to, indicam ain­da ter havi­do uma redução de 8,6% no número de cidades nes­sa situ­ação, quan­do com­para­do ao ano pas­sa­do. A pesquisa apon­ta que veícu­los dig­i­tais e rádios comu­nitárias são respon­sáveis por essa diminuição dos “deser­tos”.

“A lid­er­ança do seg­men­to online no uni­ver­so do jor­nal­is­mo local brasileiro é um cam­in­ho nat­ur­al, que já vin­ha sendo obser­va­do pelas out­ras edições do Atlas e que se rela­ciona à crise do jor­nal­is­mo impres­so e à facil­i­dade tec­nológ­i­ca para o lança­men­to de novas ini­cia­ti­vas dig­i­tais”, afir­ma Maia Fortes, dire­to­ra exec­u­ti­va da Asso­ci­ação de Jor­nal­is­mo Dig­i­tal (Ajor). Ela expli­ca que o cresci­men­to é essen­cial para o for­t­alec­i­men­to da democ­ra­cia e aumen­to da plu­ral­i­dade do sis­tema infor­ma­ti­vo.

Maia Fortes acres­cen­ta que a enti­dade par­tic­i­pa de dis­cussões e tem con­struí­do pro­postas para a cri­ação de políti­cas públi­cas de fomen­to ao jor­nal­is­mo. Para ela, um pon­to que pode aju­dar no finan­cia­men­to do jor­nal­is­mo é a remu­ner­ação de con­teú­dos pelas big techs, pau­ta que está em debate em Brasília. “Somos sig­natários do doc­u­men­to PL nº 2370/2019, a respeito de remu­ner­ação do jor­nal­is­mo por platafor­mas”. A dire­to­ra entende que é fun­da­men­tal e deve pro­mover plu­ral­i­dade e con­tem­plar profis­sion­ais.

Lacunas

Out­ro tipo de veícu­lo que leva as “sementes” para reduzir os deser­tos de notí­cias são as rádios comu­nitárias.  Para a jor­nal­ista Taís Ladeira, da Asso­ci­ação Mundi­al de Rádios Comu­nitárias no Brasil (Amarc), os veícu­los preenchem a ausên­cia de comu­ni­cação comu­nitária e pop­u­lar.

“A rádio comu­nitária tam­bém tem o papel de region­al­iza­ção da pro­dução, de falar sobre os prob­le­mas da sua comu­nidade para a própria comu­nidade”. Ela defende mais inves­ti­men­tos para esse tipo de rádio a fim de que os pro­je­tos que nascem com intenção de prestar serviço à sociedade ten­ham sus­tentabil­i­dade. Além de mais incen­tivos e inves­ti­men­tos, a jor­nal­ista entende que é fun­da­men­tal pro­por­cionar parce­rias não onerosas com uni­ver­si­dades, por exem­p­lo, para capac­i­tar quem tra­bal­ha na rádio.

O pres­i­dente da Asso­ci­ação Brasileira de Rádios Comu­nitárias (Abraço), Jere­mias dos San­tos, lem­bra que não há inte­gração total do país e a rádio ain­da faz o papel fun­da­men­tal de pro­por­cionar comu­ni­cação cidadã. “Hoje, quase 2 mil municí­pios ain­da não têm uma emis­so­ra comu­nitária. Então, depende do Esta­do brasileiro acel­er­ar esse proces­so”. Para ele, são necessárias  rádios em comu­nidades indí­ge­nas e quilom­bo­las para levar serviços e reduzir a desin­for­mação, por exem­p­lo.

A exper­iên­cia do servi­dor públi­co Alan Camar­go, que faz parte de uma asso­ci­ação comu­nitária no municí­pio de Sapi­ran­ga (RS), man­tene­do­ra da Rádio Ferrabraz, é a de defend­er a dig­i­tal­iza­ção dessas rádios. Ele inte­gra o movi­men­to nacional de rádios comu­nitárias e atua com a capac­i­tação de comu­ni­cadores, equipe téc­ni­ca e movi­men­tos soci­ais no sen­ti­do de for­t­ale­cer a radiod­i­fusão comu­nitária.

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“O país vive em um novo momen­to. Pre­cisamos dig­i­talizar o rádio para dar espaço a todos”. Camar­go afir­ma que a dig­i­tal­iza­ção do rádio no Brasil é a pos­si­bil­i­dade de o país amadure­cer nes­sa tec­nolo­gia e “ampli­ar a comu­ni­cação social sem depen­der úni­ca e exclu­si­va­mente das big tecs”.

Coor­de­nador do Fórum Nacional pela Democ­ra­ti­za­ção da Comu­ni­cação (FNDC), Admir­son Fer­ro Jr entende que o Esta­do deve facil­i­tar e impul­sion­ar a pro­dução local de infor­mações, mas as difi­cul­dades pas­sam pela fal­ta de sus­tentabil­i­dade dos negó­cios.

“É necessário habil­i­tar a mídia alter­na­ti­va no Brasil para ter dire­ito a recur­sos de pro­pa­gan­da e de incen­tivos. Para isso, pre­cisam estar no cadas­tro”. O diri­gente avalia que esse cadas­tra­men­to pode­ria ser mais facil­i­ta­do, de for­ma mais práti­ca e ráp­i­da, o que não acon­tece ain­da.

O rep­re­sen­tante da FNDC exem­pli­fi­ca que as comu­nidades no Norte pre­cisam estar cientes sobre degradação do meio ambi­ente. Essa divul­gação, acred­i­ta, é de apoio às comu­nidades e dev­e­ria ser fei­ta com qual­i­dade pela comu­ni­cação local e públi­ca.

Edição: Graça Adju­to

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