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Jornalista da EBC, Mara Régia é indicada ao Prêmio Mulher Imprensa

Repro­dução: © Divul­gação Rádio Nacional da Amazô­nia

Profissional tem mais de 30 troféus ao longo da carreira


Pub­li­ca­do em 12/07/2023 — 06:58 Por Luiz Cláu­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Entre os dias 27 e 30 deste mês, a cidade de Afuá, no Pará, no Arquipéla­go do Mara­jó, se prepara para o Fes­ti­val do Camarão. É tem­po não só de cel­e­brar as tradições, mas tam­bém de refle­tir sobre os cuida­dos com o Rio Ama­zonas, de onde sai o sus­ten­to para os mais de 37 mil moradores do lugar.  “O rio é tudo para a gente. Vive­mos em uma ilha”, diz a pro­fes­so­ra do municí­pio, Mar­ciléia Brito, que tam­bém é ativista ambi­en­tal. A cada fes­ti­val, a edu­cado­ra recor­da de for­ma espe­cial de uma ali­a­da que ela con­heceu de longe, pelas ondas do rádio, a jor­nal­ista Mara Régia di Per­na, da Rádio Nacional, emis­so­ra da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação — EBC

A pro­fes­so­ra vibrou depois que soube que Mara foi indi­ca­da, esta sem­ana, ao Prêmio Mul­her Impren­sa, na cat­e­go­ria Radio­jor­nal­is­mo. Mar­ciléia já avi­sou à comu­nidade sobre a novi­dade.

Em 2017, ela mostrou aos alunos que a jor­nal­ista fala­va de temas fun­da­men­tais para a vida de todos eles, inclu­sive da sus­tentabil­i­dade da pesca do camarão e da cole­ta sele­ti­va. Lutas con­tra a con­t­a­m­i­nação e a favor da con­sci­en­ti­za­ção comu­nitária em alto e bom som por micro­fones de Brasília, aparente­mente dis­tantes, mas que ficavam per­t­in­ho.

“Uma pes­soa de tão longe abraçar a luta e as causas da Amazô­nia fez com que eu me inspi­rasse na Mara tam­bém para abraçar a luta pela natureza”, diz Mar­ciléia. Naque­le ano, Mara Régia vis­i­tou Afuá. Foi rece­bi­da com balões, abraços, per­gun­tas e palavras de gratidão. “Ela chegou”, gri­taram os alunos quan­do viram a lan­cha que trans­porta­va a jor­nal­ista.

Incentivo

Eles con­heci­am Mara pela Rádio Nacional e pelo que estu­daram na esco­la munic­i­pal. “Nós estu­damos a vida de Mara jus­ta­mente para incen­ti­var alunos dessa nova ger­ação a tam­bém pro­te­ger e abraçar a causa da nos­sa Amazô­nia”, relatam. A pro­fes­so­ra teste­munha tam­bém que muitos deles já chegaram à fac­ul­dade e car­regam ide­al­is­mo e son­hos nasci­dos na época de esco­la.

Para a jor­nal­ista, que com­ple­tará 72 anos de idade em setem­bro, gestos como esse são inesquecíveis como um prêmio de vida. Não foram raros em sua car­reira. Em 42 anos na pro­gra­mação da EBC  (com Viva Maria e Natureza Viva), Mara foi mais de 180 vezes para lugares remo­tos da Amazô­nia para con­tar histórias, apren­der e tam­bém aju­dar na con­sci­en­ti­za­ção de questões ambi­en­tais, soci­ais e de gênero.

“Foi uma exper­iên­cia lin­da, inesquecív­el que eu tive em Afuá, onde os alunos da pro­fes­so­ra Mar­ciléia estavam can­tan­do ‘que bom que você veio’. Foi emo­cio­nante tam­bém quan­do fui comem­o­rar o aniver­sário da Lei Maria da Pen­ha com as víti­mas de vio­lên­cia, em Xin­guara, no inte­ri­or paraense. Ess­es encon­tros com a audiên­cia do pro­gra­ma são inesquecíveis”, opina.

Reconhecimentos

As sen­sações que a jor­nal­ista exper­i­men­ta há mais de qua­tro décadas são, para ela, recon­hec­i­men­tos ima­te­ri­ais  e estão emoldu­ra­dos em sua memória. Mas a profis­sion­al é tam­bém for­mal­mente uma das mais pre­mi­adas da história da impren­sa do Brasil, com mais de 30 troféus, pla­cas e diplo­mas de insti­tu­ições brasileiras e inter­na­cionais. Um dos mais recentes foi o Prêmio Audálio Dan­tas, em 2021, pelos serviços presta­dos à radiod­i­fusão no Brasil.

Mes­mo com car­reira recon­heci­da, Mara Régia ficou emo­ciona­da quan­do rece­beu a notí­cia de que era uma das indi­cadas ao 17º Prêmio Mul­her Impren­sa, na cat­e­go­ria Radio­jor­nal­is­mo. “Foi uma sur­pre­sa e tan­to. Não esper­a­va. Ter o tra­bal­ho recon­heci­do é sem­pre mar­avil­hoso”. Em 2016, ela foi indi­ca­da para o mes­mo troféu na cat­e­go­ria de ânco­ra.

Nes­sas mais de qua­tro décadas, o Viva Maria cam­in­ha para a mar­ca de 10 mil pro­gra­mas e já super­ou a mar­ca de 20 mil horas no ar.

A jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Mara Régia Di Perna é uma da finalista do prémio troféu mulher imprensa. Foto: Arquivo pessoal
Repro­dução: Mara Régia, indi­ca­da ao Prêmio Mul­her Impren­sa, cer­ca­da por ouvintes    Arqui­vo pes­soal

“As histórias dessas mul­heres são a razão da min­ha vida”, garante a jor­nal­ista. Ela guar­da histórias como a de uma meni­na que foi ven­di­da em Aripuanã do Norte (MT), que havia sido ven­di­da pelo pai três vezes. E ela pediu aju­da pelo rádio para pro­te­ger as irmãs. “Uma história dilac­er­ante. Graças a uma rede que for­mamos com enti­dades como a Agên­cia de Notí­cias dos Dire­itos da Infân­cia (Andi) con­seguimos chamar o Con­sel­ho Tute­lar para sal­var a meni­na”, recor­da.

Transformação

Para ela, o recon­hec­i­men­to na car­reira está vin­cu­la­do à trans­for­mação que se pro­move na vida das pes­soas que entram em con­ta­to com o tra­bal­ho da jor­nal­ista. Quan­do o pro­gra­ma comem­o­rou 40 anos de história, por exem­p­lo, teve retorno de pes­soas que aju­daram no per­cur­so, como das víti­mas de escalpela­men­to [per­da do couro cabe­lu­do e dos cabe­los) na Amazô­nia.

“Todas as ações da cam­pan­ha real­izadas na rádio resul­taram na com­pra de máquinas para que elas fizessem peru­cas. São muitas mul­heres que res­gataram sua autoes­ti­ma”, afir­ma.

Inclu­sive, a jor­nal­ista — como bol­sista da Fun­dação MacArthur — desen­volveu por qua­tro anos o Pro­je­to Mul­her nas Ondas do Rádio, Cor­po de Alma para romper o silên­cio para a sex­u­al­i­dade e saúde repro­du­ti­va jun­to às mul­heres da flo­res­ta.

Utilidade pública

Out­ra exper­iên­cia trans­for­mado­ra recente que ela elen­ca acon­te­ceu em 2019, quan­do hou­ve a lib­er­ação recorde de uso de agrotóx­i­cos no Brasil. Ela col­heu depoi­men­tos sobre a nova matança por enve­ne­na­men­to das abel­has e ouviu cien­tis­tas sobre os efeitos no cer­ra­do e na Amazô­nia

O espíri­to inven­ti­vo e cora­joso não se alter­ou com o pas­sar do tem­po. Mara Régia, que tam­bém é pro­fes­so­ra de Jor­nal­is­mo, deixa encan­ta­dos os alunos com suas histórias de vida. Tan­to que cos­tu­ma ser tema de estu­dos de alunos de grad­u­ação, mestra­do e doutora­do.

Os son­hos ain­da são os mes­mos. O que ela mais dese­ja é poder tra­bal­har mais e garan­tir vis­i­bil­i­dade para comu­nidades amazôni­cas no pro­gra­ma Natureza Viva e tam­bém no Viva Maria. “Eu sem­pre enten­di a comu­ni­cação como um serviço de util­i­dade públi­ca. Uma con­quista, se eu ten­ho o que diz­er, é chegar a essa min­ha idade à frente dos micro­fones com mui­ta força, raça e fé”, final­iza.

 

Edição: Kle­ber Sam­paio

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