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Jovens de escolas públicas brasileiras mostram curtas na Alemanha

Repro­dução: © Mir­rah da Silva/Divulgação

Pub­li­ca­do em 03/06/2023 — 14:24 Por Luiz Clau­dio Fer­reira – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Alice pas­sa por um transtorno ali­men­tar. Em out­ra história, as pes­soas estão con­t­a­m­i­nadas por um vírus que faz com que fiquem vidradas no que pas­sa no celu­lar. Ess­es dois temas tão sérios são abor­da­dos em cur­tas-metra­gens de ficção dirigi­dos por duas alu­nas de esco­las públi­cas brasileiras.

Os tra­bal­hos delas foram sele­ciona­dos por um pro­gra­ma inter­na­cional e serão exibidos, da próx­i­ma segun­da-feira (5) até quar­ta-feira (7), em um even­to em Frank­furt, na Ale­man­ha, com a pre­sença do reno­ma­do dire­tor Wim Wen­ders.

Tali­ta San­tos, de 14 anos, dire­to­ra de Alice (10 min­u­tos), mora em Camaçari (BA), e está no nono ano do ensi­no fun­da­men­tal. Ela expli­ca que o tema do transtorno ali­men­tar abor­da­do em seu tra­bal­ho foi inspi­ra­do no que ela acom­pan­ha na vida real. “A gente se apro­fun­dou nes­sa história porque vemos vários casos mes­mo em relação a tudo isso. Se você não procu­ra uma aju­da, a pes­soa aca­ba se mal­tratan­do”.

A meni­na con­ta que o prob­le­ma é influ­en­ci­a­do por “pes­soas tóx­i­cas”. A fil­magem demor­ou três dias e os cole­gas de tur­ma aju­daram na pro­dução, roteiro e atu­ação. A jovem cineas­ta se sur­preen­deu com o que apren­deu, já que gosta­va mais das aulas de matemáti­ca.

Brasília (DF) - Alunos em Camaçari (BA) de escolas públicas brasileiras mostram curtas na Alemanha. Foto: Camilo Lobo/Divulgação
Repro­dução: Alunos de Camaçari (BA) pro­duzin­do cur­ta sele­ciona­do para ser exibido na Ale­man­ha — Cami­lo Lobo/Divulgação

O gos­to pelo cin­e­ma gan­hou força depois do que foi ensi­na­do pela esco­la. Pas­sou até a ver com out­ros olhos a janela para o mun­do que tem na sala de casa, uma tele­visão e filmes de ação. Tali­ta pen­sa no futuro que pode faz­er uma fac­ul­dade de dire­ito ou mes­mo apren­der mais sobre a Séti­ma Arte.

Tali­ta é a caçu­la de seis fil­hos de Angeli­na San­tos, de 46 anos, atual­mente desem­pre­ga­da, e pre­cisa do Bol­sa Família para sus­ten­tar a casa, na comu­nidade de Sítio Verde. A mãe ficou emo­ciona­da quan­do desco­briu que o tra­bal­ho da meni­na havia sido sele­ciona­do e que a jovem até via­jaria de avião para a Ale­man­ha. “Ela falou pra mim que esta­va fazen­do um cur­so e depois me falou que o filme tin­ha sido escol­hi­do. Eu não acred­itei”. Só acred­i­tou depois que os fun­cionários da esco­la explicaram a história.

Diretor famoso na plateia

Dona Angeli­na ouviu que a fil­ha apre­sen­taria o tra­bal­ho no Encon­tro Inter­na­cional da rede Cin­e­ma, Cem anos de juven­tude, com a pre­sença de estu­dantes, edu­cadores e cineas­tas de orga­ni­za­ções de 15 país­es, ded­i­cadas ao ensi­no do cin­e­ma e do audio­vi­su­al na edu­cação bási­ca.

O reno­ma­do e pre­mi­a­do dire­tor alemão Wim Wen­ders é o padrin­ho deste even­to e estará pre­sente para a exibição e debate de filmes com os jovens pre­sentes, com idades entre 10 e 18 anos.

Foram sele­ciona­dos estu­dantes que par­tic­i­param de ofic­i­nas de cin­e­ma ofer­e­ci­das pelo Pro­gra­ma Ima­gens em Movi­men­to (PIM) para apre­sen­tar os cur­tas na Europa. A ini­cia­ti­va é uma parce­ria com a Rede “Cin­e­ma, cem anos de Juven­tude”, que tem 16 orga­ni­za­ções inter­na­cionais lig­adas ao ensi­no do cin­e­ma.

“Estamos reféns da tecnologia”

Brasília (DF) - Alunos de Várzea Paulista (SP), de escolas públicas brasileiras mostram curtas na Alemanha. Foto: Mirrah da Silva/Divulgação

Repro­dução: Alunos de esco­las públi­cas de Várzea Paulista (SP) têm cur­tas-metra­gens sele­ciona­dos para exibição na Ale­man­ha – Mir­rah da Silva/Divulgação

A out­ra jovem cineas­ta encan­ta­da pela câmera que já está na Ale­man­ha e pronta para apre­sen­tar o filme Vírus (10 min­u­tos de duração) para o mun­do é ain­da mais jovem. Letí­cia da Sil­va tem 13 anos e está no oita­vo ano do fun­da­men­tal. Ela mora em Várzea Paulista.

“Eu sem­pre fui apaixon­a­da por filmes. Eu come­cei assistin­do algu­mas fran­quias de filmes de ação. Até eu já tive tam­bém o son­ho de ser atriz”.

A inspi­ração para o filme, sobre o uso exac­er­ba­do da tec­nolo­gia pelos jovens, tam­bém foi inspi­ra­do ao que ela via por onde pas­sa­va.

“Nós esta­mos sendo reféns da tec­nolo­gia. Pre­cisamos tomar cuida­do”. A meni­na recor­da que o filme foi pro­duzi­do antes e depois das ameaças de ataques a esco­las brasileiras. “Primeiro, com tudo o que víamos, tive­mos receio. Mas depois a gravação foi muito incrív­el e diver­ti­da”.  A garo­ta, mes­mo tão jovem, já pen­sa no futuro, mas por enquan­to, só quer se diver­tir. Letí­cia pre­tende estu­dar biolo­gia mar­in­ha.

Abaixo o trailer do filme “Vírus”

 

O pai da meni­na, Fran­cis­co Paulo Sil­va, de 36 anos, ficou entu­si­as­ma­do e sur­pre­so com a novi­dade da fil­ha. “Eu não sou muito de cin­e­ma. Mas a min­ha fil­ha gos­ta des­de peque­na”. Ele é aju­dante de logís­ti­ca de uma empre­sa de refrig­er­ante, e a mãe da meni­na aju­da nas despe­sas da casa com tra­bal­ho de con­feit­eira.

Mergulho

O pro­gra­ma Ima­gens em Movi­men­to nasceu no Rio de Janeiro, no ano de 2011, ide­al­iza­do pela pro­fes­so­ra Ana Dil­lon, que é mestre em cin­e­ma pela Uni­ver­si­dade de Sor­bonne (França). O pro­je­to tem o obje­ti­vo de ofer­e­cer gra­tuita­mente ofic­i­nas de cin­e­ma a alunos do ensi­no médio e fun­da­men­tal. Ana entende que as aulas pro­movem um mer­gul­ho de reflexões jun­to aos alunos.

“As cri­anças estão em con­ta­to com a tec­nolo­gia cada vez mais cedo no mun­do con­tem­porâ­neo. Quan­do a gente tra­bal­ha com cin­e­ma nas esco­las, a gente está começan­do a con­ver­sar sobre uma espé­cie de alfa­bet­i­za­ção para uma lin­guagem com a qual elas já estão em con­ta­to”.

Para Ana Dil­lon, as ofic­i­nas des­per­tam con­ver­sas sobre emoções. “Às vezes, exper­iên­cias difí­ceis, relações famil­iares prob­lemáti­cas, questões da ado­lescên­cia. A gente pro­move a capaci­dade de eles se expres­sarem e falarem sobre o que estão viven­do”.

Edição: Denise Griesinger

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