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Julgamento de Flordelis ouve última testemunha

Repro­dução: © BRUNNO DANTAS-TJRJ

Interrogatórios individuais devem começar neste sábado


Pub­li­ca­do em 11/11/2022 — 21:02 Por Léo Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O jul­ga­men­to da ex-dep­uta­da Flordelis dos San­tos de Souza, apon­ta­da como man­dante da morte do mari­do, pas­tor Ander­son do Car­mo, entra na reta final neste fim de sem­ana. Na noite des­ta sex­ta-feira (11), a últi­ma teste­munha começou a ser ouvi­da. 

É o 24º depoi­men­to col­hi­do des­de segun­da-feira (7): 13 foram indi­cações da acusação e 11 das defe­sas dos réus. A pre­visão ini­cial era de que 30 teste­munhas seri­am ouvi­das, mas algu­mas foram pos­te­ri­or­mente dis­pen­sadas. Aman­hã (12), devem se ini­ciar os inter­ro­gatórios indi­vid­u­ais de cada um dos cin­co réus.

Flordelis e mais qua­tro sus­peitos de envolvi­men­to no caso são jul­ga­dos pelo Tri­bunal de Júri de Niterói, con­forme decisão toma­da em setem­bro do ano pas­sa­do pelo Tri­bunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Ape­nas crimes dolosos con­tra a vida podem ser sub­meti­dos ao Tri­bunal de Júri, que é com­pos­to por sete indi­ví­du­os sele­ciona­dos medi­ante sorteio entre cidadãos pre­vi­a­mente alis­ta­dos e sob jura­men­to.

Can­to­ra gospel e pas­to­ra em seu próprio min­istério, Flordelis se elegeu dep­uta­da fed­er­al em 2019 pelo Par­tido Social Democráti­co (PSD) com grande apoio dos fiéis. Ela foi a mul­her mais vota­da no esta­do do Rio de Janeiro. Após a con­clusão da inves­ti­gações em torno da morte de Ander­son, ela teve seu manda­to cas­sa­do. As inves­ti­gações tam­bém implicaram parte de sua família, com­pos­ta ao todo por mais de 50 fil­hos, dos quais três são biológi­cos e os demais ado­tivos ou clas­si­fi­ca­dos como afe­tivos.

Ander­son foi mor­to a tiros na noite de 16 de jun­ho de 2019, logo após chegar na casa da família no bair­ro de Pen­doti­ba, em Niterói (RJ). Em um primeiro momen­to, Flordelis sus­ten­tou se tratar de uma ten­ta­ti­va de assalto. No entan­to, o inquéri­to poli­cial con­cluí­do em agos­to de 2020 indi­cou ter ocor­ri­do um homicí­dio e apon­tou a então par­la­men­tar como man­dante. O moti­vo do crime teria sido a dis­pu­ta por poder e pelo con­t­role finan­ceiro na família.

Dev­i­do à imu­nidade par­la­men­tar, a dep­uta­da não pode­ria ser pre­sa no cur­so das inves­ti­gações. Por out­ro lado foram pre­sos o fil­ho biológi­co do casal Flávio dos San­tos, acu­sa­do de ser o autor dos dis­paros, e o fil­ho ado­ti­vo Lucas dos San­tos, que seria o respon­sáv­el pela com­pra da arma. Pos­te­ri­or­mente, com a con­clusão do inquéri­to, foram pre­sos os out­ros dois fil­hos biológi­cos — Adri­ano dos San­tos e Simone dos San­tos -, três fil­hos ado­tivos — Marzy Teix­eira, André Luiz de Oliveira e Car­los Ubiraci Sil­va — e a neta Rayane dos San­tos. Eles foram acu­sa­dos de envolvi­men­to no crime ou de tentarem atra­pal­har a inves­ti­gação.

Com a reper­cussão das con­clusões do inquéri­to poli­cial, Flordelis foi expul­sa do PSD e sua cas­sação foi aprova­da na Câmara dos Dep­uta­dos em agos­to de 2021 por 437 votos con­tra sete. Sem foro priv­i­le­gia­do, ele foi pre­sa dois dias dpeois.

No jul­ga­men­to em cur­so, caberá ao Tri­bunal de Júri dar a sen­tença de Flordelis, André Luiz de Oliveira, Marzy Teix­eira, Simone dos San­tos e Rayane dos San­tos. Os tra­bal­hos são pre­si­di­dos pela juíza Nearis Arce. Out­ros acu­sa­dos de envolvi­men­to no crime já foram jul­ga­dos ante­ri­or­mente. Flávio dos San­tos e Lucas dos San­tos foram con­de­na­dos por homicí­dio tripla­mente qual­i­fi­ca­do e out­ros crimes.

Já em abril desse ano, o Tri­bunal de Júri con­de­nou por uso de doc­u­men­to fal­so Adri­ano dos San­tos e mais duas pes­soas sem par­entesco com a família: o ex-poli­cial mil­i­tar Mar­cos Cos­ta e sua esposa Andrea Maia. No mes­mo jul­ga­men­to, Car­los Ubiraci Sil­va foi absolvi­do da acusação de homicí­dio, mas con­de­na­do por asso­ci­ação crim­i­nosa a uma pena de dois anos, dois meses e 20 dias. Como esta­va pre­so des­de agos­to de 2020, ele obteve a liber­dade condi­cional em maio.

Júri

As teste­munhas ouvi­das no primeiro dia do jul­ga­men­to já indi­cavam um jul­ga­men­to lon­go. A del­e­ga­da de polí­cia Bár­bara Lom­ba, por exem­p­lo, falou por mais de 4 horas. Ela pre­sid­iu a primeira fase das inves­ti­gações que resul­taram na prisão de Flávio dos San­tos e Lucas dos San­tos.

Ini­cial­mente havia a expec­ta­ti­va de que o jul­ga­men­to se encer­rasse em três dias, mas ele vem se esten­den­do não ape­nas pelos lon­gos depoi­men­tos, mas tam­bém por um tumul­to ocor­ri­do ontem (10) e por atra­sos no iní­cio de algu­mas sessões. Além dis­so, em momen­tos dis­tin­tos, Flordelis e Marzy pas­saram mal e deman­daram par­al­isações para atendi­men­to médi­co.

No atu­al rit­mo, o vered­i­to não deve sair antes de domin­go (13). Com o fim dos depoi­men­tos das teste­munhas, serão real­iza­dos os inter­ro­gatórios indi­vid­u­ais dos cin­co réus e, em segui­da, as falas finais da acusação e da defe­sa. Só então os jura­dos tomam sua decisão. Durante todo o jul­ga­men­to, eles ficam iso­la­dos em um hotel e inco­mu­nicáveis, sem aces­so a tele­fone.

A acusação é con­duzi­da pelo Min­istério Públi­co do Rio de Janeiro (MPRJ), ten­do como assis­tente advo­ga­dos que rep­re­sen­tam a família do pas­tor. Eles reit­er­am as con­clusões do inquéri­to poli­cial, no qual é apon­ta­da a moti­vação finan­ceira do homicí­dio e a ocor­rên­cia de out­ras ten­ta­ti­vas de assas­si­nar o pas­tor, com a adição de veneno nas comi­das e bebidas da víti­ma.

Entre os reús, Simone dos San­tos Rodrigues chegou admi­tir no cur­so do proces­so que deu din­heiro à Marzy para matar Ander­son. Ela disse que dese­ja­va se livrar de absu­sos sex­u­ais cometi­dos pelo pas­tor, mas não acred­i­ta­va que a irmã teria cor­agem de aten­der seu pedi­do. Marzy, por sua vez, já ale­gou que teve soz­in­ha a ideia de tirar a vida de Ander­son e fez uma pro­pos­ta à Lucas, que teria recu­sa­do, impedin­do o plano de seguir adi­ante. Ela se declar­ou inocente.

Flordelis tam­bém ale­ga inocên­cia e sua defe­sa argu­men­ta que o crime foi resul­ta­do da reação de Simone ao com­por­ta­men­to de cun­ho sex­u­al da víti­ma. A advo­ga­da que rep­re­sen­ta a ex-dep­uta­da, Jani­ra Rocha, bus­ca mostrar aos jura­dos que Ander­son tin­ha um per­fil de abu­sador. Além dis­so, ontem (10) ela chegou a pedir a exu­mação do cor­po do pas­tor, para que fos­se anal­isa­da a ale­gação da acusação de que hou­ve ten­ta­ti­vas de enve­ne­na­men­to. O pedi­do, no entan­to, foi nega­do pela juíza Nearis dos San­tos.

Edição: Maria Clau­dia

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