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Julho Verde alerta para prevenção ao câncer de cabeça e pescoço

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Repro­dução: © Hos­pi­tal Cen­tral da Aeronáutica/FAB

A doença responde por 10 mil mortes por ano, diz SBCCP


Pub­li­ca­do em 01/07/2021 — 06:30 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

A cam­pan­ha Jul­ho Verde, lança­da pela Sociedade Brasileira de Cirur­gia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), chama a atenção para a pre­venção do câncer de cabeça e pescoço, respon­sáv­el por cer­ca de 10 mil mortes a cada ano no país.

Espe­cial­is­tas e enti­dades médi­cas querem con­sci­en­ti­zar a pop­u­lação sobre a importân­cia do diag­nós­ti­co pre­coce. “Isso é o mais urgente, prin­ci­pal­mente porque o medo do novo coro­n­avírus lev­ou muitas pes­soas a parar de faz­er a pre­venção”, disse à Agên­cia Brasil o médi­co Bruno Albu­querque, da Seção de Cirur­gia de Cabeça e Pescoço do Insti­tu­to Nacional de Câncer José Alen­car Gomes da Sil­va (Inca) e do Hos­pi­tal Cen­tral da Aeronáu­ti­ca.

A cam­pan­ha foi ini­ci­a­da em 2016 pela sociedade e o Inca, que cen­tral­iza a parte do con­t­role oncológi­co no país, e acabou sendo um dos grandes propa­gadores da pre­venção, disse o médi­co. O câncer de cabeça e pescoço é o quin­to mais inci­dente no Brasil tan­to em home­ns quan­to em mul­heres.

O dia 27 de jul­ho foi escol­hi­da para lem­brar o Dia Mundi­al de Com­bate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, definido durante o 5º Con­gres­so Mundi­al da Fed­er­ação Inter­na­cional das Sociedades Oncológ­i­cas de Cabeça e Pescoço, real­iza­do em Nova Iorque (EUA), em 2014. O even­to reuniu espe­cial­is­tas de todo o mun­do.

Pacientes

O Inca esti­ma que, no total, devem ser diag­nos­ti­ca­dos 685 mil novos casos de câncer no Brasil no triênio 2020–2022, incluin­do todas as áreas da doença. O médi­co Bruno Albu­querque afir­mou que cânceres de cabeça e pescoço rep­re­sen­tam 8% e 10% do total, e abrangem a cavi­dade oral: lín­gua e boca, laringe, faringe, seios parana­sais, cavi­dade nasal, glân­du­las sali­vares, ossos da face, tireoide e pele.

O prin­ci­pal tipo de câncer nos home­ns é o de boca e, nas mul­heres, o de tireoide. Para o câncer de boca, o prin­ci­pal é evi­tar tabag­is­mo (fumo) e etil­is­mo (álcool). Soma­dos, os fatores aumen­tam em mais de 30 vezes a chance de ter câncer na cavi­dade oral.

“A mel­hor for­ma de evi­tar é elim­i­nar o tabag­is­mo e o etil­is­mo e man­ter uma boa higiene na cavi­dade oral, evi­tan­do tam­bém a desnu­trição, que é um dos fatores que podem des­en­cadear mutações genéti­cas e desen­volver o câncer nes­sa região.”

Out­ra recomen­dação é evi­tar o uso de próte­ses den­tárias mal adap­tadas, que causam trau­ma crôni­co na região da boca e podem ter uma cica­triza­ção viciosa. “Tam­bém podem ser fator de risco.”

O médi­co comen­tou que, dev­i­do ao retar­do no diag­nós­ti­co por descon­hec­i­men­to da pop­u­lação, 70% dos pacientes já são diag­nos­ti­ca­dos em esta­do avança­do e, por isso, os médi­cos não con­seguem agre­gar nen­hum tipo de trata­men­to cura­ti­vo.

Segun­do Albu­querque, qual­quer lesão na boca e na gar­gan­ta que dure mais de três sem­anas merece uma inves­ti­gação por parte do profis­sion­al que tra­ta de saúde bucal. O mes­mo ocorre em relação ao surg­i­men­to de qual­quer caroço no pescoço, que tam­bém dure mais de três sem­anas.

“São lesões sus­peitas que vão neces­si­tar de avali­ação de espe­cial­ista em cirur­gia de cabeça e pescoço.”

Como cabeça e pescoço são áreas muito sujeitas à exposição solar, o médi­co recomen­dou que se evite, ao máx­i­mo, a exposição ao sol nos perío­dos de maior inten­si­dade da radi­ação, prin­ci­pal­mente pes­soas com peles mais claras, que acabam ten­do peles mais sen­síveis para esse tipo de tumor. O uso do pro­te­tor solar e a redução da exposição ao sol são medi­das muito efi­cazes, segun­do ele.

Mitos

Albu­querque asse­gurou que é um mito que o uso de enx­aguantes bucais provoque câncer de boca e gar­gan­ta. Ele sug­ere, porém, que se evitem enx­aguantes bucais com base em álcool, porque o álcool pode causar danos na mucosa da cavi­dade oral, da oro­faringe. Ele disse que essa é ape­nas uma ori­en­tação e que não há com­pro­vação cien­tí­fi­ca que enx­aguantes bucais com álcool provo­quem câncer.

Em relação a cirur­gias de reti­ra­da da laringe, o risco de a pes­soa não voltar a falar vai depen­der da local­iza­ção e da fase de envolvi­men­to do tumor. “Hoje em dia temos ter­apêu­ti­cas que são min­i­ma­mente inva­si­vas e que con­seguem preser­var a parte fun­cional. Mas, no ger­al, quan­do os tumores são detec­ta­dos em uma fase mais avança­da, não é pos­sív­el haver a preser­vação da voz.

De acor­do com o médi­co, há opções de cirur­gia com preser­vação fun­cional da laringe, as chamadas cirur­gias par­ci­ais ou subto­tais. Além dis­so, há diver­sas for­mas de reabil­i­tação que aux­il­iam na ade­quação do proces­so fonatório, mas a voz nat­ur­al não existe mais, disse o espe­cial­ista.

A cam­pan­ha terá, durante todo o mês de jul­ho, uma série de lives (trans­mis­são ao vivo pela inter­net), cur­sos, con­gres­sos, sim­pó­sios, reuniões, divul­gação por pan­fle­tos e out­ras ativi­dades. “O obje­ti­vo é ori­en­tar não só a pop­u­lação ger­al, mas os próprios profis­sion­ais de saúde a aux­il­iarem no proces­so de detecção pre­coce do câncer de cabeça e pescoço e, até mes­mo, atu­ar na pre­venção”, apon­tou Bruno Albu­querque.

De acor­do com a Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS), o câncer de cabeça e pescoço é o nono tipo de câncer mais comum no mun­do.

Edição: Maria Clau­dia

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