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Julho Verde alerta para prevenção do câncer de cabeça e pescoço

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Campanha quer conscientizar sobre importância do diagnóstico precoce


Pub­li­ca­do em 30/06/2023 — 08:02 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A Asso­ci­ação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil) real­iza, neste mês de jul­ho, a 7ª Cam­pan­ha Nacional de Pre­venção do Câncer de Cabeça e Pescoço. Em abril do ano pas­sa­do, a Lei 14.328 ofi­cial­i­zou o perío­do como Mês Nacional de Com­bate a esse tipo da doença. A cam­pan­ha pre­tende con­sci­en­ti­zar a pop­u­lação sobre a importân­cia do autocuida­do e do diag­nós­ti­co pre­coce, de modo a evi­tar o cres­cente número de óbitos e muti­lações graves que com­pro­m­e­tem funções vitais dos pacientes, como a fala, res­pi­ração, ali­men­tação, visão, audição e cog­nição.

A asses­so­ra jurídi­ca da ACBG Brasil, Ana Paula Guedes Wer­lang, disse à Agên­cia Brasil que a cam­pan­ha chama a atenção da pop­u­lação para esse câncer, que é pouco fal­a­do e, por isso, não tem aber­tu­ra para as pes­soas com­preen­derem a importân­cia da iden­ti­fi­cação e do diag­nós­ti­co pre­coce”. O tema escol­hi­do para a cam­pan­ha de 2023 é “Seu cor­po, suas regras”. Segun­do Ana Paula, a escol­ha se baseou no fato de que “todo des­do­bra­men­to é decor­rên­cia da nos­sa escol­ha. E, por ser um câncer 80% curáv­el, um diag­nós­ti­co pre­coce sig­nifi­ca que, se fiz­er­mos escol­has bem acer­tadas, com certeza não fare­mos parte da estatís­ti­ca de óbitos”.

A ACBG Brasil vai mobi­lizar uma rede de vol­un­tários para que a cam­pan­ha deste ano este­ja pre­sente em todos os esta­dos do país, com ações de pre­venção, diag­nós­ti­co, trata­men­to e reabil­i­tação, das quais par­tic­i­parão pacientes, profis­sion­ais de saúde, autori­dades e inte­grantes da sociedade civ­il. Pelas redes soci­ais (insta­gram @acbgbrasil e face­book @acbgbrasil), será pos­sív­el acom­pan­har as ini­cia­ti­vas e apoiar a cam­pan­ha, bem como pelo site da asso­ci­ação.

Voluntário

Vitor Gomes oper­ou um tumor na laringe em 2007, no Insti­tu­to Nacional de Câncer (Inca), órgão do Min­istério da Saúde. “Já são 16 anos laringec­tomiza­do. Ain­da con­tin­uo sendo paciente do Inca”, disse. Ele ficou dez anos aposen­ta­do e voltou a tra­bal­har este ano, em uma empre­sa que pres­ta serviços à Fun­dação Oswal­do Cruz (Fiocruz). Vitor atua como vol­un­tário na ACBG Brasil e coor­de­na o Grupo de Acol­hi­men­to ao Paciente Laringec­tomiza­do do Rio de Janeiro, tam­bém con­heci­do como Grupo de Acol­hi­men­to a Pacientes com Câncer de Cabeça e Pescoço (GAL RJ). “Estou superbem, reabil­i­ta­do, con­fortáv­el, graças a Deus”, asse­gurou.

Vitor Gomes lem­brou que o obje­ti­vo da cam­pan­ha do Jul­ho Verde é chamar a atenção das pes­soas que acham que uma rouquidão por mais de 15 dias é nor­mal. “Não é. É pre­ocu­pante, e a pes­soa tem que procu­rar um espe­cial­ista”. O mes­mo ocorre em relação a uma dor na gar­gan­ta que é per­sis­tente. “Tam­bém é um sin­toma clás­si­co (de câncer). Já é um sinal para você se pre­ocu­par. A mes­ma coisa é quan­do você tem difi­cul­dade de engolir”. Gomes reit­er­ou que o autocuida­do “é saúde, é sobre­viv­er, é saber viv­er com saúde. Um diag­nós­ti­co pre­coce evi­ta mil danos à saúde e o sofri­men­to”.

Número crescente

O Inca esti­ma para o triênio 2023/2025 o surg­i­men­to de cer­ca de 40 mil casos novos de cânceres de cabeça e pescoço por ano, no país. O chefe do Serviço de Cabeça e Pescoço do Inca, cirurgião oncológi­co Fer­nan­do Dias, obser­vou que ess­es dados têm de ser con­sid­er­a­dos sub­avali­a­dos, porque o Reg­istro Nacional de Câncer não con­segue lis­tar todos os casos trata­dos na rede públi­ca e pri­va­da de saúde. Isso ocorre tam­bém porque, nas regiões Norte e Nordeste e em algu­mas áreas do Sul, exis­tem fal­has nes­sa comu­ni­cação. Por isso, afir­mou que as pre­visões pub­li­cadas pelo Inca são mais reflexo da real­i­dade na Região Sud­este e não do Brasil como um todo. “A gente tem sem­pre que con­sid­er­ar ess­es números sub­avali­a­dos. É bem mais do que isso, muito provavel­mente”.

Segun­do o médi­co, como grande parte dos brasileiros não tem aces­so à infor­mação, o Jul­ho Verde visa a dis­sem­i­nar as for­mas de pre­venção, os sinais e sin­tomas que lev­am à sus­pei­ta dess­es tumores, que vão per­mi­tir um diag­nós­ti­co pre­coce. Dias desta­cou que no final da déca­da de 70, para a grande maio­r­ia dos diag­nós­ti­cos de câncer de boca, 70% dos pacientes encam­in­hados para o Inca já estavam com sin­tomas avança­dos da doença. “No iní­cio do novo sécu­lo, vários tra­bal­hos que foram feitos, inclu­sive lev­an­ta­men­tos com dados dess­es reg­istros do Inca, da Fun­dação Onco­cen­tro de São Paulo, mostraram que essa real­i­dade não mudou”.

Segun­do o espe­cial­ista, existe mui­ta fal­ta de infor­mação, inclu­sive entre os médi­cos gen­er­al­is­tas que aten­dem nos ambu­latórios gerais. “Porque, em pleno sécu­lo 21, doentes com câncer de boca, que você não tem a menor difi­cul­dade em iden­ti­ficar, con­tin­u­am chegan­do, em sua grande maio­r­ia, em esta­do avança­do”. Afir­mou que tratar um doente em fase ini­cial da doença faz toda a difer­ença. “As chances de con­t­role e de cura são muito maiores, as con­se­quên­cias do trata­men­to são muito menores”.

Sinais

O car­ro-chefe da espe­cial­i­dade no Inca é o trata­men­to de tumores da área chama­da de tra­to aerodi­ges­ti­vo supe­ri­or, que envolve boca, faringe (ou gar­gan­ta) e a laringe, onde estão as cor­das vocais. “Qual­quer feri­da na boca ou na gar­gan­ta que per­du­ra por mais de 15 dias tem que ser vista por alguém que vai avaliar e, em últi­ma análise, faz­er bióp­sia”. Em relação à laringe, o sinal mais fre­quente é a rouquidão. Qual­quer tipo de alter­ação nas cor­das vocais vai alter­ar o padrão de voz do paciente. Em momen­to pos­te­ri­or, se o câncer estiv­er mais avança­do, o doente vai começar a sen­tir fal­ta de ar ou, se a lesão tam­bém acome­ter a faringe, ele pode ter difi­cul­dade de deg­lu­tir, ou seja, dor ao deg­lu­tir e difi­cul­dade de engolir. “Essas coisas todas chamam a atenção”.

Out­ro sítio comum de tumores é a pele expos­ta: a pele da face e do couro cabe­lu­do, prin­ci­pal­mente se o paciente for cal­vo. Ten­do em vista que o Brasil é um país próx­i­mo ao trópi­co, onde a pop­u­lação vive expos­ta às radi­ações solares e mui­ta gente anda sem pro­teção, qual­quer tipo de feri­da ou nódu­lo na pele que não exis­tia tem que ser vis­to por um espe­cial­ista, no caso um der­ma­tol­o­gista.

Quan­to ao tumor de tireoide, glân­du­la local­iza­da na parte ante­ri­or do pescoço, Fer­nan­do Dias desta­cou que nos anos recentes foi inseri­do no check up um exame impor­tante para avaliar alter­ações nesse órgão, que é o ultra­ssom. Além de ser um exame de baixo cus­to, o ultra­ssom pode ser real­iza­do em qual­quer situ­ação do paciente. Esse exame fez com que se enten­desse que a doença nodu­lar da tireoide, que é a man­i­fes­tação prin­ci­pal do câncer da tireoide, era mais fre­quente do que se imag­i­na­va. O ultra­ssom per­mite que os nódu­los sejam diag­nos­ti­ca­dos até antes deles serem clini­ca­mente iden­ti­ficáveis.

O nódu­lo desse tipo de câncer cresce muito lenta­mente entre os 20 e os 55 anos de idade e não inter­fere na função da glân­du­la. Os sinais que podem ele­var a sus­pei­ta de um nódu­lo na tireoide é que ele apre­sente cresci­men­to despro­por­cional em perío­do rel­a­ti­va­mente cur­to ou um nódu­lo que metas­ti­za para os gânglios lin­fáti­cos do pescoço, e o paciente percebe que tem tam­bém caroços nes­sa região.

Fatores de risco

Em todos os tipos de câncer de cabeça e pescoço, a solução indi­ca­da é a cirur­gia, prin­ci­pal­mente, disse Fer­nan­do Dias. O chefe do Serviço de Cabeça e Pescoço do Inca disse que a grande ênfase que deve ser dada à cam­pan­ha do Jul­ho Verde é o com­bate aos fatores de risco aos cânceres dessas regiões, que são o tabag­is­mo e o etil­is­mo (con­sumo de álcool), asso­ci­a­dos à má higiene oral, ou má con­ser­vação dos dentes, e má ali­men­tação. Dias comen­tou que a boa ali­men­tação deve priv­i­le­giar o con­sumo de carne bran­ca, prin­ci­pal­mente de peixe, a chama­da carne magra, além de fru­tas, legumes e ver­duras. “Essa é uma ali­men­tação que vai con­ter deter­mi­nadas vit­a­m­i­nas e deter­mi­nadas sub­stân­cias que exercem papel pro­te­tor na mucosa como um todo”.

Edição: Graça Adju­to

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