...
sexta-feira ,7 fevereiro 2025
Home / Justiça / Justiça do Rio afasta prefeito Marcelo Crivella do cargo

Justiça do Rio afasta prefeito Marcelo Crivella do cargo

_mg_4808
© Tânia Rêgo/Agência Brasil (Repro­dução)

Presidente da Câmara completará mandato, que termina no dia 31


Publicado em 22/12/2020 — 12:18 Por Cristina Indio do Brasil — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

A desem­bar­gado­ra Rosa Hele­na Pen­na Mace­do Gui­ta sus­pendeu hoje (22) o prefeito do Rio de Janeiro, Marce­lo Criv­el­la, do exer­cí­cio da função. O manda­to de Criv­el­la ter­mi­nar­ia no próx­i­mo dia 31.

A decisão está no despa­cho em que a mag­istra­da aca­tou denún­cia do Min­istério Públi­co do Esta­do do Rio de Janeiro (MPRJ) e decre­tou prisão pre­ven­ti­va de sete denun­ci­a­dos em um des­do­bra­men­to da Oper­ação Hades, que apu­ra cor­rupção na prefeitu­ra e tem como base a delação do doleiro Ser­gio Mizrahy. Tam­bém foram pre­sos os empresários Rafael Alves, Chris­tiano Stock­ler Cam­pos e Ade­nor Gonçalves, o ex-tesoureiro da primeira cam­pan­ha de Criv­el­la, Mau­ro Mace­do e o del­e­ga­do aposen­ta­do Fer­nan­do Moraes. O ex-senador Eduar­do Lopes,não foi encon­tra­do no endereço no Rio, mas pode ser pre­so ain­da nes­ta terça-feira.

Segun­do a desem­bar­gado­ra, o afas­ta­men­to do prefeito foi deter­mi­na­do com base no Arti­go 319, Inciso VI do Códi­go de Proces­so Penal.

Con­forme o despa­cho, o esque­ma de cor­rupção apon­ta­do na Oper­ação Hades, que teve hoje des­do­bra­men­to com a prisão dos denun­ci­a­dos, inten­si­fi­cou-se na cam­pan­ha de Criv­el­la à prefeitu­ra em 2016. Na ocasião, diz a mag­istra­da, o empresário Rafael Alves pediu que Criv­el­la prov­i­den­ci­asse con­tas bancárias pelas quais pudesse rece­ber quan­tias em espé­cie a serem uti­lizadas na cam­pan­ha.

De acor­do com Rosa Hele­na, depois de Marce­lo Criv­el­la ser eleito, Rafael Alves pas­sou a ocu­par uma sala na sede da Rio­tur, empre­sa munic­i­pal de tur­is­mo , mes­mo sem exercer qual­quer car­go públi­co. O doleiro Ser­gio Mizrahy disse que esteve no local diver­sas vezes para entre­gar ao empresário din­heiro em espé­cie, ori­un­do de oper­ações de tro­ca de cheques resul­tantes da cobrança de taxa de serviço.

“Rela­tou ain­da o colab­o­rador Sér­gio Mizrahy que Rafael Alves cobra­va propina para autor­izar o paga­men­to de fat­uras atrasadas a empre­sas cre­do­ras, des­ti­nan­do o per­centu­al de 20%a 30% a Marce­lo Alves, seu irmão, então pres­i­dente da Rio­tur, e out­ro per­centu­al ao prefeito Marce­lo Criv­el­la”, desta­cou a mag­istra­da.

Na denún­cia, o Min­istério Públi­co ressalta que, emb­o­ra Criv­el­la não ten­ha sido reeleito, o que resul­ta na “per­da de foro espe­cial por pre­rrog­a­ti­va de função e ces­sação da com­petên­cia deste primeiro grupo de câmaras crim­i­nais para o jul­ga­men­to da causa, as medi­das caute­lares requeri­das, dada a sua natureza de urgên­cia, devem ser ime­di­ata­mente anal­isadas, sob pena de se ver frustra­dos a sua eficá­cia e os fins por elas col­i­ma­dos”.

De acor­do com o MPRJ, as inves­ti­gações começaram com a instau­ração do inquéri­to poli­cial em decor­rên­cia do acor­do de colab­o­ração fir­ma­do com Sér­gio Mizrahy, pre­so pre­ven­ti­va­mente no âmbito da Oper­ação Câm­bio, Desli­go. Tal oper­ação foi deflagra­da pela força-tare­fa da Lava Jato no Rio no dia 3 de maio de 2018, como des­do­bra­men­to das oper­ações Cali­cute e Efi­ciên­cia, em que foram apu­radas denún­cias de crimes de cor­rupção, lavagem de din­heiro, car­tel e fraudes em lic­i­tações pela orga­ni­za­ção crim­i­nosa lid­er­a­da pelo ex-gov­er­nador Sér­gio Cabral.

O despa­cho mostra ain­da que, ape­sar de não terem vín­cu­lo efe­ti­vo com a estru­tu­ra da prefeitu­ra do Rio, os out­ros denun­ci­a­dos inter­fe­ri­am nas tomadas de decisão, dan­do mais rapi­dez aos paga­men­tos a empre­sas especí­fi­cas e inter­ferindo nos proces­sos de lic­i­tação. A intenção era ben­e­fi­ciar os empresários que con­cor­davam em pagar propina ao grupo, que seria “geren­ci­a­do” por Rafael Alves, con­sid­er­a­do homem de con­fi­ança do prefeito. O empresário, por sua vez, con­ta­va com o doleiro Sér­gio Mizrahy para bran­quear os val­ores rece­bidos.

No dia em que o doleiro foi pre­so, a Polí­cia Fed­er­al arrecadou, na casa dele„ um cheque de R$ 70 mil reais da empre­sa Randy Asses­so­ria, per­ten­cente ao empresário denun­ci­a­do e colab­o­rador de delação João Alber­to Felip­po Bar­reto. Para embasar declar­ações de Mizrahy, o MPRJ jun­tou cópias de men­sagens tro­cadas por What­sApp entre inte­grantes do grupo. Nes­tas, é men­ciona­da a cobrança de rece­bi­men­to de deter­mi­na­da quan­tia em espé­cie a pedi­do do Zero Um, que seria o codi­nome de Criv­el­la.

“Nos ter­mos do acor­do fir­ma­do com o colab­o­rador Sér­gio Mizrahy, ele com­pro­m­e­teu-se a resti­tuir aos cofres públi­cos o val­or de 11 mil­hões e 250 mil reais, o que nos dá a dimen­são do vul­toso mon­tante de din­heiro por ele ‘lava­do’”, desta­ca o despa­cho.

Substituto

Como o vice-prefeito Fer­nan­do Mac Dow­ell mor­reu em maio de 2018, o car­go de prefeito será ocu­pa­do pelo pres­i­dente da Câmara de Vereadores, Jorge Felippe, que, em nota, afir­mou que a cidade não ficará sem coman­do nos últi­mos dias da atu­al gestão. Em sua primeira ação, Felippe mar­cou uma reunião para dar instruções à equipe munic­i­pal de modo que se man­ten­ha a máquina públi­ca “a pleno vapor”.

Ele afir­mou que a equipe tra­bal­hará “com afin­co e ded­i­cação” até o últi­mo dia e que já con­ver­sou com o prefeito eleito Eduar­do Paes. “A tran­sição vai con­tin­uar, e vamos fornecer todas as infor­mações necessárias à nova equipe. O Rio de Janeiro tem prefeito”, afir­mou.

Em seu per­fil no Twit­ter, Paes diz que con­ver­sou com Jorge Felippe para que mobi­lizasse os diri­gentes munic­i­pais a con­tin­uar con­duzin­do suas obri­gações e aten­den­do a pop­u­lação. “Da mes­ma for­ma, man­ter­e­mos o tra­bal­ho de tran­sição que já vin­ha sendo toca­do.”

Paes man­dou ain­da um reca­do aos profis­sion­ais da rede munic­i­pal de Saúde: “Pas­samos por uma pan­demia — além das difi­cul­dades já con­heci­das — e a pop­u­lação pre­cisa do nos­so esforço. Con­ta­mos todos com a força e ded­i­cação de vocês!”

O MPRJ infor­mou que, em entre­vista cole­ti­va de impren­sa, no iní­cio da tarde de hoje, pro­mo­tores, procu­radores de Justiça e inte­grantes da Polí­cia Civ­il prestarão infor­mações sobre as inves­ti­gações que levaram à prisão de Marce­lo Criv­el­la e de inte­grantes do grupo que atu­a­va na prefeitu­ra do Rio.

Edição: Nádia Fran­co

Você pode Gostar de:

Redes da Meta facilitam aplicação de golpes financeiros, aponta estudo

Pesquisa é do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais Léo Rodrigues — Repórter …