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Laboratório desenvolve projetos para monitorar mudança climática em PE

Repro­dução: © Divul­gação

Processo criativo do Lab Tempestade será mostrado em maio


Pub­li­ca­do em 22/04/2023 — 08:32 Por Lud­mil­la Souza — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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As chu­vas que atin­gi­ram Recife e São Paulo este ano tem colo­ca­do a vida de mil­hares de pes­soas que vivem em áreas vul­neráveis ain­da mais em risco e acen­di­do o aler­ta da sociedade em bus­ca de soluções pos­síveis. Com isso, a Casa Criatu­ra, de Olin­da (PE) e o Insti­tu­to Pro­co­mum, de San­tos (SP), orga­ni­za­ções de ino­vação social, se uni­ram para conec­tar pes­soas, com difer­entes saberes e exper­iên­cias, para colab­o­rarem e cri­arem soluções para os desafios climáti­cos locais, por meio do pro­je­to Lab Tem­pes­tade.

O Lab Tem­pes­tade Olin­da é um lab­o­ratório de ino­vação cidadã que visa pro­toti­par soluções pau­tadas na temáti­ca das mudanças climáti­cas. No local, pes­soas de difer­entes áreas e con­tex­tos soci­ais tra­bal­ham no desen­volvi­men­to de soluções climáti­cas cria­ti­vas,  uma opor­tu­nidade para dis­cu­tirem sobre os desafios enfrenta­dos com a mudança climáti­ca e colab­o­rarem para um futuro mais sus­ten­táv­el em Per­nam­bu­co. O pro­je­to tem apoio da rede inter­na­cional Glob­al Inno­va­tion Gath­er­ing e con­ta com o apoio da fun­dação alemã Nord-Süd-Brück­en e do Min­istério para Coop­er­ação e Desen­volvi­men­to da Ale­man­ha.

Cada par­tic­i­pante recebe uma bol­sa de R$ 400 e aju­da de cus­to para trans­porte e ali­men­tação em todas as ativi­dades pres­en­ci­ais. As equipes têm acom­pan­hamen­to téc­ni­co e apoio finan­ceiro para com­pra de mate­ri­ais, visan­do o desen­volvi­men­to de seus pro­tóti­pos. A par­tic­i­pação no lab­o­ratório acon­tece em três encon­tros pres­en­ci­ais na Casa Criatu­ra, local­iza­da no sítio históri­co de Olin­da.

Os encon­tros para imer­são e pro­toti­pação já acon­te­ce­r­am no final de sem­ana pas­sa­do. “Esse pro­je­to tem como meta desen­volver cin­co pro­tóti­pos, então não são pro­du­tos finais, são pro­tóti­pos de uma ideia, de um méto­do e de um proces­so que pos­sa ser desen­volvi­do numa escala menor, de for­ma a ates­tar a ideia para ver se tem efe­tivi­dade, se pode ser imple­men­ta­da, se é exe­quív­el”, expli­cou a coor­de­nado­ra do Lab Tem­pes­tade em Olin­da, Rayane Aguiar, con­sul­to­ra e pesquisado­ra que tra­bal­ho com análise de políti­cas públi­cas e con­strução de metodolo­gias para inves­ti­gação e con­strução de soluções para desafios socioam­bi­en­tais com­plex­os.

“Ao final dessas três sem­anas de men­to­ria, os par­tic­i­pantes vão apre­sen­tar ess­es pro­tóti­pos. Temos a expec­ta­ti­va de ren­o­var esse inves­ti­men­to que foi feito pela insti­tu­ição finan­ciado­ra para que a gente dê con­tinuidade ao Lab Tem­pes­tade e imple­men­tar algu­mas ou até todas essas ideias que estão sendo desen­volvi­das”, com­ple­tou Rayane.

Os resul­ta­dos e proces­so cria­ti­vo do Lab Tem­pes­tade serão apre­sen­ta­dos em um encon­tro de encer­ra­men­to no dia 6 de maio. O proces­so cria­ti­vo não é com­pet­i­ti­vo e todos os par­tic­i­pantes terão a opor­tu­nidade de con­tribuir com os resul­ta­dos ger­a­dos para enfrentar os desafios climáti­cos em nív­el local e servir de exem­p­lo para out­ras local­i­dades com ideias e saberes vin­dos da comu­nidade.

Grupos

Os gru­pos focais se encon­traram nos dias 14 e 15 de abril para desen­volverem os pro­je­tos.  Durante os encon­tros, os par­tic­i­pantes tra­bal­haram no desen­volvi­men­to de soluções ino­vado­ras para os desafios climáti­cos locais.

O gestor de pro­je­tos Rena­to Zerbina­to, de 46 anos, é um dos par­tic­i­pantes do Grupo 4: Obser­vatório Tem­pes­tade, em que par­tic­i­pam tam­bém Havana Andrade, Tulio Seabra, Estevão Souza, Cleo Nasci­men­to e Flacinete Duarte. Ele expli­ca qual o foco do grupo. “A ati­vação de um obser­vatório ambi­en­tal em Per­nam­bu­co, ini­cian­do por Olin­da, Recife e Região Met­ro­pol­i­tana de Recife vai nos aju­dar a mapear pon­tos críti­cos para o meio ambi­ente em diver­sas regiões, assim como divul­gar boas práti­cas no enfrenta­men­to à crise climáti­ca e ao racis­mo ambi­en­tal [ter­mo uti­liza­do para se referir ao proces­so de dis­crim­i­nação que pop­u­lações per­ifer­izadas ou com­postas de mino­rias étni­cas sofrem através da degradação ambi­en­tal]”.

Rena­to afir­ma que os mapea­men­tos, pesquisas e demais ações ofer­e­ci­das pelo obser­vatório poderão sub­sidiar diver­sas insti­tu­ições ambi­en­tal­is­tas na facil­i­tação de parte de seus obje­tivos.

Dispositivo de proteção

A estu­dante de Serviço Social e ativista socioam­bi­en­tal Dálethe Melis­sa, de 20 anos, que faz parte do Grupo 2: Dis­pos­i­ti­vo para pro­te­ger bens mate­ri­ais durante enchentes, con­ta que a ideia do grupo, com­pos­to ain­da pelo Rafael Rangel, Ciro Sil­va, Dyego Digian­domeni­co, Julia San­tana, Ture e Vera Maria, con­siste na cri­ação de um dis­pos­i­ti­vo imper­me­áv­el para pro­te­ger bens em áreas de inun­dação.

“Alguns dos prin­ci­pais efeitos da crise climáti­ca é a maior fre­quên­cia dos alaga­men­tos e cheias em comu­nidades vul­neráveis, resul­tan­do na inse­gu­rança de vidas e na per­da de bens. Sendo assim, a pro­pos­ta surge a par­tir da neces­si­dade de garan­tir a dig­nidade das pes­soas a par­tir da min­i­miza­ção das per­das mate­ri­ais, que foram con­quis­tadas através de muito esforço por parte das famílias afe­tadas”.

A ativista, que ain­da é gesto­ra de Comu­ni­cação do Fórum Pop­u­lar do Rio Tejip­ió, com­ple­ta que o obje­ti­vo é que o dis­pos­i­ti­vo seja práti­co e aplicáv­el em difer­entes escalas de taman­ho, pos­si­bil­i­tan­do que as pes­soas pos­sam sal­var os seus bens e saírem com segu­rança o mais rápi­do pos­sív­el de suas casas. “Soma­do a isso, a meta é que ele seja de baixo cus­to, opor­tu­nizan­do que as famílias pos­sam con­fec­cionar futu­ra­mente, trans­for­man­do suas casas mais resilientes às inun­dações”.

Cuidado

A ped­a­goga Déb­o­ra Paixão, de 25 anos, está no Grupo 3: Cli­ma de Cuida­do, com os cole­gas Gabi Feitosa, João Paulo Oliveira, Nathália Araújo e Rayana Bur­gos. O foco do grupo é acol­her e pro­por­cionar um momen­to de cuida­do para as pes­soas ativis­tas que estão à frente das soluções climáti­cas no dia a dia, e que por fal­ta de recur­sos e aces­sos, não con­seguem cuidar de si.

“Enten­demos que, as soluções são feitas por pes­soas que estão dire­ta­mente nos ter­ritórios, e que por muitas vezes, por olhar tan­to para os out­ros e para as prob­lemáti­cas, esque­cem de cuidar de si próprio”, expli­cou Déb­o­ra.

O obje­ti­vo, com­ple­ta a ped­a­goga, é ofer­e­cer cuida­do para aque­les que estão na lin­ha de frente do com­bate da mudança do cli­ma. “E for­t­ale­cer o sen­so de comu­nidade através da cul­tura do bem viv­er e enco­ra­jar os ativis­tas a con­tin­uarem na luta, para que pos­samos, além de cuidar do cli­ma, atu­ar nas soluções diárias das prob­lemáti­cas que enfrenta­mos em diver­sos ter­ritórios, e assim pro­por que as pes­soas ativis­tas através des­ta vivên­cia, pos­sam se sen­tir acol­hi­das e cuidadas”.

Comunicação

Edu­cado­ra e cien­tista social, Joice Paixão, de 38 anos, está no Grupo 5: Plano de Comu­ni­cação,  Adap­tação e Mit­i­gação das Chu­vas na Região Met­ro­pol­i­tana do Recife, que con­ta ain­da com a par­tic­i­pação de Joyce Arai, Maria Clara Araújo, Esdras Sil­va, Win­ston Spencer e Vito­ria Pas­sos. No plano, Joice expli­ca, tem ações infor­ma­ti­vas, treina­men­tos até a preparação de brigadas para atu­ar em casos de incên­dios ou de desas­tres.

“Den­tro dessas brigadas ter­e­mos a briga­da de saúde físi­ca, de saúde men­tal, de cuida­do com as cri­anças, de gestão de crise, de logís­ti­ca — que é respon­sáv­el rece­ber as doações, triagem e faz­er a entre­ga — e briga­da de social media”.

Segun­do a edu­cado­ra, o grupo está real­izan­do um mapea­men­to geor­ref­er­en­ci­a­do na comu­nidade jun­to com o depar­ta­men­to de geografia da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Per­nam­bu­co. “É um mapea­men­to dos locais mais afe­ta­dos na enchente do ano pas­sa­do,  para cri­ar não só um per­fil socioe­conômi­co, mas tam­bém um per­fil estru­tur­al das famílias atingi­das.”

O obje­ti­vo, ela com­ple­ta, é ‘sal­var vidas’. “Nos­so obje­ti­vo com esse plano é faz­er com que o máx­i­mo de pes­soas este­jam preparadas fisi­ca­mente, estru­tu­ral­mente, emo­cional­mente para lidar com as fortes chu­vas em Recife e com a pos­si­bil­i­dade de alaga­men­tos, enchentes ou desliza­men­to de bar­reiras”.

Casa Guardiã

A real­izado­ra audio­vi­su­al Car­ol Canu­to, de 26 anos, par­tic­i­pante do Grupo 1: Casa Guardiã, em que faz partes ain­da os inte­grantes Kadu Tapuya, Raa­ma San­tana, Daniel Guedes, Gil Acauã e Jhenifer , con­tou que o pro­je­to do grupo abor­da os desafios climáti­cos sob dois eixos: “primeira­mente, visa pro­por uma reparação dire­ta, a cur­to pra­zo para a má ali­men­tação con­se­quente do racis­mo ambi­en­tal, com a utl­iza­ção de uma far­má­cia com ervas, cura espir­i­tu­al e ances­tral e uma hor­ta. E no segun­do tem­po, o pro­je­to atua a lon­go pra­zo, com os desafios climáti­cos, por incor­po­rar uma con­strução de uma arquite­tu­ra sus­ten­táv­el, que poderá ser um exem­p­lo ou inspi­ração para futuras con­struções na Comu­nidade do Coque [em Recife], onde será implan­ta­da”.

Car­ol, que tam­bém é pesquisado­ra de práti­cas de rezas e curas ances­tral e artic­u­lado­ra social, o obje­ti­vo do grupo é faz­er um espaço de con­ser­vação de manutenção de saberes ances­trais, “para sen­si­bi­lizar a comu­nidade, cri­anças e ado­les­centes a apren­der com ess­es saberes locais de mul­heres, já que elas são, em maio­r­ia, indí­ge­nas que com­par­til­ham suas ideias e sua ances­tral­i­dade”.

Edição: Valéria Aguiar

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