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Lançamento de obra literária infantojuvenil comemora Dia da Restinga

Repro­dução: © Coral Vivo/Divulgação

Livro ficará disponível para download gratuito no site do ICV e da GNA


Pub­li­ca­do em 28/04/2023 — 07:55 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Para mar­car o Dia da Restin­ga, comem­o­ra­do nes­ta sex­ta-feira (28), a equipe de sus­tentabil­i­dade da empre­sa Gás Nat­ur­al Açu (GNA) e a orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal (ONG) Insti­tu­to Coral Vivo (ICV) lançam a obra literária infan­to­ju­ve­nil A Casa de Todos os Nin­hos. O obje­ti­vo é a con­sci­en­ti­za­ção ambi­en­tal da sociedade brasileira e o estí­mu­lo à preser­vação desse ecos­sis­tema que com­põe o bio­ma da Mata Atlân­ti­ca e abri­ga espé­cies raras e ameaçadas de extinção.

O livro começa com o poe­ma:

Existe uma casa encan­ta­da

Que abri­ga todos os nin­hos,

É fei­ta de sol e ven­to,

Calor, areia e tem­po.

Suas árvores se vestem

De espin­hos, de ervas

Com raízes gigantes

(maiores que ele­fantes),

E flo­res e cac­tos

Que enfrentam

As tem­pes­tades, ondas

E rede­moin­hos”

Escrito pelas autoras pre­mi­adas Bia Het­zel e Roseana Mur­ray, o livro traduz em poe­mas a riqueza das restin­gas nacionais, com ilus­trações de Mar­i­ana Mas­sarani. Pesquisas feitas em diver­sas restin­gas, com destaque para a maior Reser­va Par­tic­u­lar do Patrimônio Nat­ur­al de restin­ga do país, a RPPN Caru­ara, local­iza­da em São João da Bar­ra, no norte flu­mi­nense, embasaram as infor­mações da pub­li­cação. A con­sul­to­ria foi das doutoras em biolo­gia Déb­o­ra Pires, fun­dado­ra do Insti­tu­to Coral Vivo (ICV) e uma das maiores biólo­gas mar­in­has do país; e Lua­na Mauad, da equipe da GNA, espe­cial­ista em botâni­ca de restin­gas.

A Casa de Todos os Nin­hos apre­sen­ta, de for­ma lúdi­ca, a bio­di­ver­si­dade das restin­gas para as cri­anças e jovens de todo o país. O livro ficará disponív­el para down­load gra­tu­ito durante dois anos, no site do ICV e da GNA. Bia Het­zel disse que graças às parce­rias esta­b­ele­ci­das pelo ICV com a Sec­re­taria Munic­i­pal de Edu­cação do Rio de Janeiro e a prefeitu­ra de Saquare­ma, que tam­bém tem área impor­tante de restin­ga, serão dis­tribuí­dos exem­plares do livro em esco­las públi­cas dess­es dois municí­pios, além da rede de ensi­no de São João da Bar­ra, dan­do iní­cio ao pro­je­to Restin­ga em Prosa. O públi­co-alvo é for­ma­do por leitores jovens em proces­so de con­sol­i­dação de alfa­bet­i­za­ção. “Porque a gente quer cri­ar uma prosa com a sociedade”, expli­cou a escrito­ra.

Oeiras

Bia Het­zel rev­el­ou que além dos três municí­pios flu­mi­nens­es con­tem­pla­dos, a cidade de Oeiras, no sertão do Piauí, con­sid­er­a­da mod­e­lo no cam­po da edu­cação e leitu­ra, tam­bém rece­berá exem­plares do livro gra­tuita­mente. Ela acred­i­ta que à medi­da que mais municí­pios queiram aderir ao pro­je­to, haverá pos­si­bil­i­dade de o livro gan­har reim­pressão. Desta­cou que a grande van­tagem de se viv­er hoje uma era dig­i­tal, ali­a­do ao fato de o PDF estar livre para down­load e os aces­sos serem tão rápi­dos, mostra que as neces­si­dades que chegarem tam­bém serão supri­das por esse meio vir­tu­al. “Quan­to mais a sociedade mostrar que está fun­cio­nan­do, maior a chance de suces­so”.

O resul­ta­do do tra­bal­ho da equipe da GNA era volta­do até então para a real­iza­ção de um relatório inter­no e não ia para pub­li­cação cien­tí­fi­ca, nem chega­va à sociedade com a inten­si­dade necessária para a con­ser­vação da restin­ga. “Eles viram que o ICV fazia livros difer­en­ci­a­dos para cri­anças e jovens, levan­do o con­teú­do cien­tí­fi­co para a sociedade”, disse Bia. Rap­i­da­mente, a parce­ria foi insti­tuí­da. “A GNA esta­va muito pre­ocu­pa­da em faz­er chegar essas infor­mações e essa con­sci­en­ti­za­ção para o municí­pio de São João da Bar­ra, onde atua”.

Bia espera que o pro­je­to pos­sa ser expandi­do. Para ela, toda empre­sa tem que faz­er ações para mit­i­gar seus impactos, “mas é impor­tante que busquem ONGs como o ICV para levar con­hec­i­men­to à pop­u­lação”.

Restinga

A biólo­ga Déb­o­ra Pires, fun­dado­ra do Insti­tu­to Coral Vivo, chamou a atenção para a importân­cia da restin­ga. “As restin­gas são ambi­entes que per­tencem ao bio­ma Mata Atlân­ti­ca e ficam entre a ter­ra e o mar. Elas ocu­pam uma faixa muito cobiça­da pelo homem, pela explo­ração imo­bil­iária, com muitas ocu­pações nas orlas”, afir­mou.

Segun­do a espe­cial­ista, a restin­ga talvez seja um dos grandes ambi­entes mar­in­hos mais prej­u­di­ca­dos com a expan­são das cidades, que têm trans­for­ma­do matas em áreas urbanas. Por causa da ocu­pação des­or­de­na­da, várias espé­cies da fau­na e da flo­ra estão em extinção. “Por isso, é impor­tante que se recu­pere, porque ain­da exis­tem alguns frag­men­tos de restin­ga”.

Déb­o­ra Pires expli­cou que a restin­ga tem veg­e­tação rasteira, que for­ma redes que segu­ram e sed­i­men­tam toda a faixa de areia. E isso pro­tege a cos­ta de erosão. “No Brasil, a gente vê vários exem­p­los de erosão costeira, o mar invadin­do casas, espaços e erodin­do a cos­ta, porque o homem retirou a restin­ga”. Lem­brou que isso é muito comum em pra­ias urbanas, como na Bar­ra da Tiju­ca, zona oeste do Rio, onde vários pedaços estão degrada­dos porque as restin­gas que fazem a pro­teção nat­ur­al foram reti­radas.

Espécies

Quan­do preser­va­da, a restin­ga é um ambi­ente que abri­ga muitas espé­cies, como aves migratórias e tar­taru­gas mar­in­has que vão des­o­var pro­te­gi­dos das ondas pela veg­e­tação. O ambi­ente tem uma série de fatores impor­tantes, além de veg­e­tações comestíveis que servem de ali­men­to para out­ros ani­mais. “Ela aju­da nesse equi­líbrio da Mata Atlân­ti­ca”,

Na RPPN Caru­ara, con­sid­er­a­da a maior unidade de con­ser­vação pri­va­da de restin­ga do país, com cer­ca de 4 mil hectares, são encon­tradas espé­cies da fau­na e flo­ra ameaçadas em difer­entes níveis, entre elas o lagar­to-de-cau­da-verde, a preguiça-de-coleira-do-sud­este, o rat­in­ho-goy­tacá, entre out­ras.

De acor­do com o ICV, mes­mo em locais de solo arenoso, cas­ti­ga­dos pelos ven­tos, pelas ressacas, pela mare­sia e pelo calor, a restin­ga flo­resce e verde­ja o litoral. Nas pra­ias e per­to delas, são encon­tradas plan­tas rasteiras, como a sal­sa-da-pra­ia. Avançan­do mais para a ter­ra firme, há cac­tos, bromélias e plan­tas baix­in­has. Depois, vêm os arbus­tos, como as pitangueiras, até as matas com árvores maiores, como a clúsia e o breu-bran­co.

Edição: Graça Adju­to

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