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Líder do Hamas se torna símbolo após assassinato, dizem especialistas

Especialistas acreditam em multiplicação do número de combatentes

Lucas Pordeus León — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 18/10/2024 — 16:46
Brasília
24/10/2023, Rashmi Singh, professora de relações internacionais da PUC Minas, durante entrevista a TV Assembleia MG. Foto: Frame/TV Assembleia MG
Repro­dução: 24/10/2023, Rash­mi Singh diz que a for­ma com que o líder foi encon­tra­do mostra que ele esta­va na lin­ha de frente — Frame/TV Assem­bleia MG

A for­ma como o líder do grupo Hamas e coman­dante do ataque de 7 de out­ubro de 2023 a Israel, Yahya Al-Sin­war, foi assas­si­na­do na Faixa de Gaza reforça a influên­cia do grupo islâmi­co e o tor­na um sím­bo­lo da resistên­cia con­tra a ocu­pação de Israel e da causa Palesti­na.  É o que defen­d­em espe­cial­is­tas entre­vis­ta­dos pela Agên­cia Brasil.

Para ess­es pesquisadores, o assas­si­na­to de Sin­war em meio a uma batal­ha entre o Hamas e mil­itares israe­lens­es trava­da na cidade de Khan Yunes, ao sul da Faixa de Gaza, nes­sa quin­ta-feira (17), aca­ba com a ver­são de Israel de que a lid­er­ança vivia escon­di­da em túneis ou no luxo em algum exílio.

“A for­ma como foi encon­tra­do e mor­to mostrou que ele esta­va a lutar na lin­ha da frente e no cam­po de batal­ha, o que não só o trans­for­mou num már­tir, mas tam­bém numa força de mobi­liza­ção para o Hamas e out­ro gru­pos. Bas­ta ver como a imagem dele de uni­forme e kef­fiyeh [man­to árabe tradi­cional] com o braço machu­ca­do se tornou viral na inter­net – está sendo trans­for­ma­do em um sím­bo­lo”, desta­cou Rash­mi Singh, pro­fes­so­ra de relações inter­na­cionais da Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca (PUC) de Minas Gerais.

As ima­gens divul­gadas por Israel de Al-Sin­war — ain­da vivo — cober­to de poeira den­tro de um pré­dio semi­destruí­do viral­i­zou pelo mun­do (foto em destaque).

O pós-doutor em ciên­cias soci­ais e espe­cial­ista em relações inter­na­cionais Marce­lo Buzet­to avaliou que o impacto, entre os palesti­nos, deve ser o de reforçar o papel de gru­pos arma­dos como o Hamas.

Brasília (DF), 18/10/2024 - Pós-doutor em ciências sociais e especialista em relações internacionais, Marcelo Buzetto. Foto: Marcelo Buzetto/Arquivo Pessoal
Repro­dução: Marce­lo Buzet­to é autor do livro A questão Palesti­na; guer­ra, políti­ca e relações inter­na­cionais — Marce­lo Buzetto/Arquivo Pes­soal

“Será um exem­p­lo porque ess­es com­bat­entes fiz­er­am uma opção políti­ca de não ir para o exílio e de ficar no ter­ritório lutan­do. Essa história vai ser con­ta­da e vai se mul­ti­plicar o número de com­bat­entes anti­colo­nial­is­tas por todo o mun­do árabe, por todo o mun­do islâmi­co. Tem uma sim­bolo­gia muito grande”, comen­tou o autor do livro A questão Palesti­na; guer­ra, políti­ca e relações inter­na­cionais.

Segun­do a Fed­er­ação Árabe Palesti­na do Brasil (Fepal), a família de Yahya Al-Sin­war não era de Gaza, ape­sar de ele ter nasci­do em um cam­po de refu­gia­dos em Khan You­nis, em 1962. Seus pais teri­am sido expul­sos do vilare­jo Maj­dal Asqalan, que virou Ashkelon após a cri­ação de Israel.

“Sin­war será lem­bra­do como már­tir e herói do povo palesti­no, ao lado de fig­uras como Yass­er Arafat e Sheikh Izz El-Din Qas­sam, e de todos que rejeitam viv­er sob o jugo colo­nial”, disse a enti­dade, em nota.

Sin­war chegou a ficar 23 anos pre­sos em Israel, ten­do sido lib­er­ta­do em acor­do de tro­ca de pri­sioneiros. Ele era chefe do escritório políti­co do Hamas, em Gaza, e foi o coman­dante do ataque con­tra Israel em 7 de out­ubro.

A lid­er­ança palesti­na teve um pedi­do de prisão feito pela procu­rado­ria do Tri­bunal Penal Inter­na­cional (TPI) acu­sa­do de crimes de guer­ra pelo 7 de out­ubro, quan­do 1,2 mil pes­soas mor­reram. A procu­rado­ria do TPI tam­bém pediu a prisão do primeiro-min­istro de Israel, Bena­jmin Netanyahu, por acusações de crimes de guer­ra em Gaza.

Consequências

Tan­to o pres­i­dente dos Esta­dos Unidos (EUA), Joe Biden, quan­to a vice-pres­i­dente Kamala Har­ris, can­di­da­ta à sucessão de Biden na eleição do próx­i­mo dia 5 de novem­bro, avaliaram que a morte de Sin­war seria uma opor­tu­nidade para encer­rar a guer­ra.

Netanyahu, por out­ro lado, afir­mou que a guer­ra con­tin­ua, mas que esse seria “o começo do fim” do con­fli­to e que o país seguirá ten­tan­do traz­er de vol­ta os 101 reféns ain­da em poder do grupo palesti­no. O chefe do Esta­do israe­lense diz que a guer­ra só deve acabar quan­do o Hamas entre­gar as armas.

Ao con­fir­mar a morte de Sin­war nes­ta sex­ta-feira (18), o Hamas infor­mou, por meio de nota, que seguirá lutan­do. “Ess­es pri­sioneiros [sequestra­dos no dia 7 de out­ubro] não retornarão, exce­to paran­do a agressão em Gaza, reti­ran­do-se dela e lib­er­tan­do nos­sos hero­icos pri­sioneiros das prisões da ocu­pação”, infor­mou o grupo.

A pro­fes­so­ra Rash­mi Singh, auto­ra do livro O Hamas e o ter­ror­is­mo sui­ci­da: abor­da­gens mul­ti­cau­sais e mult­i­níveis, a morte de Sin­war é uma per­da impor­tante para orga­ni­za­ção, mas não pode ser vis­to como um enfraque­c­i­men­to do grupo.

“O Hamas perdeu muitos dos seus prin­ci­pais mem­bros ao lon­go dos últi­mos 30 anos e, em todas as ocasiões, não só sobre­viveu à per­da como sub­sti­tu­iu rap­i­da­mente o líder por um dos seus mem­bros. A estru­tu­ra do Hamas per­mite-lhe fun­cionar em unidades e célu­las, o que o tor­na capaz de resi­s­tir à pressão de assas­si­natos”, afir­mou.

Para a espe­cial­is­tas, foi a ocu­pação de Israel que pos­si­bil­i­tou o surg­i­men­to do Hamas. “Até que isso mude, o Hamas e out­ros gru­pos de resistên­cia que uti­lizam táti­cas vio­len­tas, incluin­do o ter­ror­is­mo, não desa­pare­cerão”, acres­cen­tou.

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