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Líder zoró recebe ameaças após invasão de garimpeiros a terra indígena

Repro­dução: © APIZ/Associação do Povo Zoró

Alexandre Xiwekalikit Zoró preside a Associação do Povo Indígena Zoró


Pub­li­ca­do em 26/01/2024 — 17:43 Por Agên­cia Brasil — São Paulo

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O líder Alexan­dre Xiweka­lik­it Zoró, que pre­side a Asso­ci­ação do Povo Indí­ge­na Zoró (Apiz), rece­beu graves ameaças de inva­sores do ter­ritório, situ­a­do nos lim­ites do municí­pio de Ron­dolân­dia, em Mato Grosso. Os crim­i­nosos afir­maram que, se sofr­erem repressão por parte de agentes públi­cos que atu­am na região, Alexan­dre Zoró terá que lidar com as con­se­quên­cias.

“Dis­ser­am que, se destruírem os bens deles lá den­tro, já sabem de quem é a cul­pa”, rela­tou Alexan­dre, em uma fala que lem­bra a de líderes indí­ge­nas de out­ros pon­tos do país, tam­bém pre­ocu­pa­dos com retal­i­ações após atu­ação de forças-tare­fas nos ter­ritórios dos povos orig­inários.

Segun­do uma fonte que con­ver­sou com a reportagem da Agên­cia Brasil e que terá a iden­ti­dade preser­va­da, por tam­bém cor­rer risco de vida, os inva­sores dis­ser­am a Alexan­dre que sabem que foi ele quem denun­ciou a pio­ra recente na invasão do ter­ritório e que “se acon­te­cer algo, vai sobrar para ele”.

Não se sabe se as intim­i­dações par­ti­ram de madeireiros, que estão na Ter­ra Indí­ge­na (TI) Zoró há mais tem­po, ou garimpeiros, que chegaram no mês pas­sa­do, como rev­el­ou Alexan­dre Zoró.

De acor­do com o entre­vis­ta­do, as lid­er­anças vêm denun­cian­do o que acon­tece no ter­ritório como resul­ta­do da pre­sença de inva­sores. Mas, ago­ra, pas­saram a ter medo até mes­mo de infor­mar sua exa­ta local­iza­ção, para não se tornarem víti­mas de vio­lên­cia dire­ta. Ele desta­cou que a situ­ação se agravou nos últi­mos dois anos do gov­er­no Jair Bol­sonaro e que tem medo de que o ali­ci­a­men­to de indí­ge­nas da comu­nidade deixe as lid­er­anças ain­da mais vul­neráveis.

“Nun­ca teve uma ameaça dire­ta como teve ago­ra”, acres­cen­tou.

O entre­vis­ta­do defende a insta­lação de, pelo menos, duas bases de vig­ilân­cia per­ma­nente na TI, nos moldes das exis­tentes na Ter­ra Indí­ge­na Sararé, tam­bém situ­a­da no esta­do de Mato Grosso. Uma pro­pos­ta nesse sen­ti­do foi encam­in­ha­da à Fun­dação Nacional dos Povos Indí­ge­nas (Funai) em jul­ho do ano pas­sa­do. Mas, na época, o coor­de­nador do setor foi realo­ca­do e, com isso, os zoró não tiver­am respos­ta sobre o pro­je­to. Diver­sas denún­cias sobre o con­tex­to de ten­são foram feitas à Funai, ao lon­go dos anos.

O prob­le­ma é que as forças de segu­rança “fazem incursões ráp­i­das e os inva­sores já estão acos­tu­ma­dos com essa lóg­i­ca”, segun­do o entre­vis­ta­do. “Eles [os agentes] vão hoje, fazem uma roda­da pelo ter­ritório, e os caras ou fogem, ou eles con­seguem pegar algum, e pas­sam meses, anos sem apare­cer de novo. E, quan­do tem out­ros indí­ge­nas envolvi­dos é muito grave, porque eles mes­mos podem entre­gar a vida dos par­entes.”

Agên­cia Brasil pediu posi­ciona­men­to do Min­istério da Justiça e Segu­rança Públi­ca, do Min­istério dos Povos Indí­ge­nas, da  Funai, do Insti­tu­to Brasileiro do Meio Ambi­ente e dos Recur­sos Nat­u­rais Ren­ováveis (Iba­ma) e do Insti­tu­to Chico Mendes de Con­ser­vação da Bio­di­ver­si­dade (ICM­Bio) e aguar­da retorno.

Edição: Juliana Andrade

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