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Lula, 77 anos, é eleito para o 3º mandato de presidente da República

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Ex-presidente disputou cargo pela sexta vez


Pub­li­ca­do em 30/10/2022 — 20:00 Por Pedro Rafael Vilela — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

O can­dida­to Luiz Iná­cio Lula da Sil­va (PT), 77 anos, eleito neste domin­go (30), em segun­do turno, para o ter­ceiro manda­to como pres­i­dente da Repúbli­ca, tem uma lon­ga tra­jetória na políti­ca brasileira, que começou ain­da no iní­cio da déca­da de 1970. Na época, o país vivia ain­da sob ditadu­ra mil­i­tar e Lula era dire­tor do Sindi­ca­to dos Met­alúr­gi­cos de São Bernar­do do Cam­po, no ABC Paulista, um dos prin­ci­pais cen­tros indus­tri­ais do país.

Em 1975, Lula é eleito pres­i­dente do sindi­ca­to, que rep­re­sen­ta­va 100 mil tra­bal­hadores. Três anos depois, em 1978, após ser reeleito pres­i­dente da enti­dade, Lula lid­era as primeiras greves operárias em mais de uma déca­da. Naque­le momen­to, o país vivia um proces­so de aber­tu­ra políti­ca lenta e grad­ual. Em março de 1979, mais de 170 mil met­alúr­gi­cos pararam as fábri­c­as no ABC Paulista. No ano seguinte, cer­ca de 200 mil met­alúr­gi­cos cruzaram os braços. A repressão poli­cial ao movi­men­to gre­vista, que chegou a levar Lula à prisão, fez emer­gir a lid­er­ança pop­u­lar de Lula, que cri­aria o Par­tido dos Tra­bal­hadores (PT), em 1980. Alguns anos depois, ele fun­daria tam­bém a Cen­tral Úni­ca dos Tra­bal­hadores (CUT).

Em 1984, Lula foi uma das prin­ci­pais lid­er­anças da cam­pan­ha das Dire­tas Já para a Presidên­cia da Repúbli­ca. Em 1986, foi eleito o dep­uta­do fed­er­al mais vota­do do país, para a Assem­bleia Con­sti­tu­inte, que elaborou a Con­sti­tu­ição Fed­er­al de 1988.

Lid­er­ança nacional con­sol­i­da­da, Lula foi lança­do pelo PT para dis­putar a Presidên­cia da Repúbli­ca em 1989, após 29 anos sem eleição dire­ta para o car­go. Perdeu a dis­pu­ta, no segun­do turno, para Fer­nan­do Col­lor de Mel­lo, por peque­na difer­ença de votos. Dois anos depois, no entan­to, Lula lid­er­ou uma mobi­liza­ção nacional con­tra a cor­rupção que cul­mi­nou no impeach­ment de Col­lor. Em 1994 e 1998, Lula voltou a ser can­dida­to a pres­i­dente, sendo der­ro­ta­do por Fer­nan­do Hen­rique Car­doso nas duas ocasiões.

Em 2002, por meio de uma inédi­ta aliança políti­ca até então, o PT aprovou uma col­i­gação políti­ca que incluía PL, PCdoB, PCB e PMN, lançan­do Lula nova­mente a pres­i­dente, ten­do como vice-pres­i­dente na cha­pa o senador José Alen­car (PL), de Minas Gerais, um dos maiores empresários do país.

Em 27 de out­ubro de 2002, em segun­do turno, aos 57 anos de idade, Lula obtém quase 53 mil­hões de votos e se elege pela primeira vez pres­i­dente da Repúbli­ca. Seu manda­to foi mar­ca­do pela ampli­ação de pro­gra­mas soci­ais e expan­são nas áreas de edu­cação e saúde, além de uma políti­ca de val­oriza­ção do salário mín­i­mo. Uma das prin­ci­pais mar­cas do seu gov­er­no foi a redução da mis­éria no país. Em 2006, Lula e José Alen­car são reeleitos e ter­mi­nam o manda­to, em 2010, com a maior aprovação de um gov­er­no da história do país, supe­ri­or a 80%.

Essa pop­u­lar­i­dade impul­sio­nou a eleição de Dil­ma Rouss­eff (PT), que era a prin­ci­pal min­is­tra de Lula, e foi elei­ta a primeira mul­her pres­i­dente da história do país.

O candidato a presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, vota na Escola Estadual João Firmino, em São Bernardo do Campo.
Repro­dução: O pres­i­dente eleito à presidên­cia da Repúbli­ca, Luiz Iná­cio Lula da Sil­va, vota na Esco­la Estad­ual João Firmi­no, em São Bernar­do do Cam­po no primeiro turno. — Rove­na Rosa/Agência Brasil

Lava Jato e prisão

Em 2014, após a defla­gração da Oper­ação Lava Jato, que apu­ra­va cor­rupção na Petro­bras, a crise políti­ca escalou para um pata­mar inédi­to na democ­ra­cia brasileira. Reelei­ta no mes­mo ano, a pres­i­dente Dil­ma e seu gov­er­no acabaram con­sum­i­dos pelo des­gaste das denún­cias, perdeu apoio no Con­gres­so e acabou sofren­do um impeach­ment, em 2016. O afas­ta­men­to de Dil­ma é con­tro­ver­so, já que não teria fica­do demon­stra­da a práti­ca de crime de respon­s­abil­i­dade, como exige a Con­sti­tu­ição Fed­er­al.

Lula pas­sou a ser alvo de proces­sos por supos­ta cor­rupção e foi con­de­na­do pelo então juiz Ser­gio Moro, da 13ª Vara Fed­er­al de Curiti­ba, onde trami­tavam os proces­sos da oper­ação. Após ser con­de­na­do no proces­so do triplex do Guaru­já, o ex-pres­i­dente foi pre­so no dia 7 de abril de 2018, dois dias depois da expe­dição da ordem de prisão con­tra ele. A sen­tença do mag­istra­do havia sido con­fir­ma­da, e a pena fora aumen­ta­da pela 8ª Tur­ma do Tri­bunal Region­al Fed­er­al da 4ª Região, com sede em Por­to Ale­gre. Na época, o Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) havia alter­ado o entendi­men­to de que con­de­na­dos em segun­da instân­cia pode­ri­am ini­ciar o cumpri­men­to da pena.

Lula ficou 580 dias pre­so e foi proibido pela Justiça de dis­putar as eleições pres­i­den­ci­ais de 2018, ven­ci­das por Jair Bol­sonaro. O ex-pres­i­dente foi solto em novem­bro de 2019, após o STF rev­er a tese de cumpri­men­to a par­tir de con­de­nação em segun­da instân­cia, pas­san­do a con­sid­er­ar a pos­si­bil­i­dade ape­nas com o trân­si­to em jul­ga­do do proces­so.

Em 2021, jul­ga­men­tos do STF con­sid­er­aram que o então juiz Ser­gio Moro foi par­cial no jul­ga­men­to de Lula, e foi declar­a­da a sus­peição do mag­istra­do, no caso do triplex, que foi anu­la­do. Além dis­so, os casos do sítio de Ati­ba­ia e de duas ações penais envol­ven­do o Insti­tu­to Lula tam­bém foram anu­ladas porque dev­e­ri­am ter sido jul­gadas pela Justiça Fed­er­al em Brasília e não em Curiti­ba, onde Moro atu­a­va como juiz. Na Justiça Fed­er­al do Dis­tri­to Fed­er­al, os casos foram con­sid­er­a­dos pre­scritos, que é quan­do o esta­do perde o pra­zo para bus­car uma con­de­nação.

Terceiro mandato

Sem pendên­cias com a Justiça, Lula voltou com força à cena políti­ca na cor­ri­da pelo ter­ceiro manda­to de pres­i­dente. Durante a cam­pan­ha, ele bus­cou ressaltar o lega­do das suas gestões ante­ri­ores e prom­e­teu retomar algu­mas de suas políti­cas con­sid­er­adas bem-suce­di­das, como aumen­to real do salário mín­i­mo.

Lula tam­bém afir­mou que vai garan­tir o paga­men­to do Aux­ilio Brasil (ex-Bol­sa Família) no val­or de R$ 600 por família, com paga­men­to extra de R$ 150 por cri­ança até 6 anos de idade.

Ele tam­bém prom­ete ampli­ar o pro­gra­ma Min­ha Casa Min­ha Vida, de habitação pop­u­lar, que foi sub­sti­tuí­do pelo pro­gra­ma Casa Verde Amarela no atu­al gov­er­no.

Out­ras pro­postas incluem a recri­ação do Min­istério da Cul­tura e a cri­ação do Min­istério dos Povos Orig­inários, para cuidar das questões indí­ge­nas e das pop­u­lações tradi­cionais.

Edição: Bruna Saniele/ Juliana Andrade

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