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Luta ambiental não é só nossa, diz diretor indígena do Somos Guardiões

Repro­dução: © Guardiões/Divulgação

Longa estreia domingo (28) na Netflix para a América Latina


Pub­li­ca­do em 27/01/2024 — 12:04 Por Luiz Clau­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Com o anún­cio da pan­demia da covid-19, no iní­cio de 2020, Edi­van Gua­ja­jara se viu diante do maior desafio da vida. Ele colab­o­ra­va com dois dire­tores estadunidens­es (Chelsea Greene e Rob Grob­man) em um doc­u­men­tário sobre defen­sores da flo­res­ta fazia 3 meses. Edi­van havia sido chama­do primeiro para aju­dar na logís­ti­ca e na tradução para o tupi durante as entre­vis­tas. Como era inter­es­sa­do pelas ima­gens, virou câmera. A pan­demia fez com que os estrangeiros pre­cisas­sem voltar aos Esta­dos Unidos. A pedi­do deles, Edi­van con­tin­u­ou com as fil­ma­gens e foi nomea­do dire­tor. Criou até o nome Somos Guardiões. O lon­ga de 1 hora e 20 min­u­tos de duração estreia neste domin­go (28), na Net­flix, para toda a Améri­ca Lati­na. “Estou emo­ciona­do. Quer­e­mos mostrar que a luta não é só nos­sa”, diz Edi­van, hoje com 36 anos de idade.

A história de Edi­van com a imagem foi de encan­ta­men­to prin­ci­pal­mente des­de 2015. Ele se viu encan­ta­do pelas ima­gens que apren­deu a reg­is­trar com o celu­lar. Quan­do, em 2017, fazia parte do Cole­ti­vo Mídia Índia, teve o son­ho, jun­to a out­ros comu­ni­cadores indí­ge­nas, de dar mais vis­i­bil­i­dade à luta do seu povo. Ele, que é da aldeia Zuti­wa, na Ter­ra Araribóia, no Maran­hão, já pen­sa­va em garan­tir luz à luta pela pro­teção ter­ri­to­r­i­al e na defe­sa ambi­en­tal.

Ele expli­ca que o doc­u­men­tário desta­ca as histórias dos guardiões indí­ge­nas e líderes que lutam pela pro­teção da Amazô­nia, e tam­bém a relação com madeireiros e agricul­tores da região. Edi­van con­sid­era que os pro­tag­o­nistas são a líder indí­ge­na Puyr Tem­bé e o guardião flo­re­stal Marçal Gua­ja­jara na luta para pro­te­ger seus ter­ritórios do des­mata­men­to.

“Trata­mos de mudanças climáti­cas, a invasão dos ter­ritórios, políti­cas públi­cas e tam­bém das empre­sas mul­ti­m­il­ionárias que fornecem e apoiam grandes destru­ições. Então, é um filme que fala de muitas coisas muito impor­tantes”.

O filme, que gan­hou a adesão de nomes como Leonar­do di Caprio como pro­du­tor exec­u­ti­vo, já foi o vence­dor em três fes­ti­vais inter­na­cionais de cin­e­ma como mel­hor doc­u­men­tário.

“Os dire­tores amer­i­canos decidi­ram me nomear como dire­tor porque o pra­zo esta­va aca­ban­do. Foi uma respon­s­abil­i­dade muito grande naque­le momen­to, porque o filme não podia parar”, recor­da.

É o primeiro filme profis­sion­al de Edi­van, que se encer­rou no ano pas­sa­do. Os dire­tores estrangeiros retornaram próx­i­mo ao final da mon­tagem. “O filme retra­ta a vida dos povos indí­ge­nas como os primeiros pro­te­tores dos seus ter­ritórios. Só que a pro­teção dos ter­ritórios que os indí­ge­nas fazem não é só para eles. É uma pro­teção que serve para toda a humanidade. O sen­ti­do do filme é que todos nós deve­mos ser guardiões”, diz.

As gravações prin­ci­pal­mente ocor­reram em dois ter­ritórios, no Arari­boia, no Maran­hão, e no Alto do Rio Guamá, no Pará. Há out­ras ima­gens real­izadas em out­ros lugares, mas que foram man­ti­das em sig­i­lo para não cri­ar risco aos per­son­agens. “A humanidade é cul­pa­da por cer­tas coisas estarem acon­te­cen­do hoje em dia, como o aque­c­i­men­to glob­al, o des­mata­men­to e essas queimadas descon­tro­ladas”.

Protagonistas

Cena do Filme Somos Guardiões. Foto: Guardiões/Divulgação
Repro­dução: Cena do Filme Somos Guardiões — Foto: Guardiões/Divulgação

Ele entende que o filme pode ser impor­tante para con­sci­en­ti­za­ção e edu­cação. Ficou orgul­hoso de con­tar a história, por exem­p­lo, de Marçal Gua­ja­jara, guardião da flo­res­ta do ter­ritório indí­ge­na Arari­boia. “Ele é um pro­te­tor do ter­ritório que faz mon­i­tora­men­to e fis­cal­iza­ção para ten­tar, de algu­ma for­ma, expul­sar os inva­sores e os caçadores. Ele é um guardião da flo­res­ta”.

Em relação à ativista Puyr Tem­bé, o cineas­ta desta­ca que ela saiu do seu ter­ritório para defend­er os povos indí­ge­nas na cidade. “Ela ficou nos dois espaços, que é na cidade e na aldeia, fazen­do essa defe­sa. Nós acom­pan­hamos eles por muito tem­po”.

A câmera fica­va lig­a­da o tem­po inteiro. O dire­tor pedia que as pes­soas esque­cessem que havia fil­magem. “A gente acom­pan­ha­va o dia a dia deles nor­mal­mente. Nada de ficção. Foi tudo acon­te­cen­do”, rev­ela.

Ele tem dúvi­das para elen­car qual a cena que mais o impactou, mas entende que a parte final do filme é muito emo­cio­nante. “A gente espera que as pes­soas se sin­tam sen­si­bi­lizadas para as causas indí­ge­nas e que podemos lutar jun­tos. A gente está fazen­do nos­so tra­bal­ho”, avalia.

Edi­van Gua­ja­jara está feliz com o lança­men­to do primeiro filme, e já pen­sa no próx­i­mo. “Sou o primeiro indí­ge­na que tem um filme na Net­flix e essa vis­i­bil­i­dade é impor­tante. O meu povo está muito feliz de estar mostran­do o tra­bal­ho mun­do afo­ra. Não há preço nen­hum que pos­sa pagar por essa feli­ci­dade que a gente está sentin­do ago­ra”.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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