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Mãe de Marielle convida ao aquilombamento nos seis anos do assassinato

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Vereadora e motorista foram mortos em 14 de março de 2018


Pub­li­ca­do em 02/03/2024 — 15:35 Por Bruno de Fre­itas Moura — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O com­bate ao racis­mo, a luta con­tra desigual­dades raci­ais, a bus­ca por tit­u­lação de ter­ritórios quilom­bo­las e o clam­or por justiça são opor­tu­nidades para aquilom­ba­men­to. A avali­ação é da advo­ga­da Marinete da Sil­va, mãe da vereado­ra car­i­o­ca Marielle Fran­co, assas­si­na­da há quase seis anos, no Rio de Janeiro, ao lado do motorista Ander­son Gomes.

Marinete par­ticipou, na sex­ta-feira (1º), de um encon­tro de rep­re­sen­tantes de comu­nidades quilom­bo­las, pro­movi­do pela Defen­so­ria Públi­ca do Rio de Janeiro.

Para uma plateia de cen­te­nas de ativis­tas, de várias ger­ações – alguns ten­do per­cor­ri­do cen­te­nas de quilômet­ros para par­tic­i­par do even­to – a mãe da vereado­ra con­vo­cou as pes­soas para se unirem, ao lon­go do mês de março, em uma série de ativi­dades que vão hom­e­nagear a memória de Marielle e Ander­son e pedir, mais uma vez, justiça.

“A gente está ini­cian­do o ‘Março com Marielle e Ander­son’ com várias ativi­dades no Brasil todo, nas cap­i­tais e no inte­ri­or. [O mar­co de] seis anos do assas­si­na­to é bem doloroso, mas um encon­tro para a gente se aquilom­bar cada vez mais”, disse.

A resistên­cia de comu­nidades quilom­bo­las faz parte do con­jun­to de ações antir­racis­tas que per­me­a­va a ação políti­ca da vereado­ra, nasci­da no com­plexo de fave­las da Maré. De acor­do com o Cen­so 2022, o Brasil tem cer­ca de 1,33 mil­hão de quilom­bo­las. Desse uni­ver­so, 87% (1,07 mil­hão) vivem fora de ter­ritórios ofi­cial­mente recon­heci­dos.

Em con­ver­sa com a Agên­cia Brasil, Marinete da Sil­va expli­cou como sofri­men­tos viven­ci­a­dos pela pop­u­lação negra agem como com­bustív­el para o que chama de aquilom­ba­men­to.

“Eu acho que esse aquilom­ba­men­to é o que temos vivi­do hoje, enquan­to insti­tu­to [Insti­tu­to Marielle Fran­co], enquan­to mul­heres negras se aquilom­ban­do cada vez mais, se rein­ven­tan­do nesse esta­do que a gente vive, de racis­mo, fal­ta de estru­tu­ra, de fal­ta de incen­ti­vo para a mul­her, prin­ci­pal­mente para a comu­nidade quilom­bo­la, de modo ger­al”, comen­tou.

“Esse aquilom­ba­men­to é jun­tar, unir, agre­gar. É isso que a gente tem feito por esse Brasil afo­ra, tan­to nas ações do insti­tu­to como do Min­istério [da Igual­dade Racial]. A gente vive no Rio de Janeiro com tan­tos quilom­bos não sendo recon­heci­dos, e essas mul­heres estão aqui, são as mul­heres que estão na pon­ta”, com­ple­tou, citan­do o min­istério coman­da­do pela fil­ha Anielle Fran­co.

Março por justiça

O Insti­tu­to Marielle orga­ni­za e divul­ga diver­sas ações (inclu­sive orga­ni­zadas por ter­ceiros) pre­vis­tas para março para mar­car os seis anos do crime. No dia 14, data do assas­si­na­to, já está con­fir­ma­da uma mis­sa às 10h na Igre­ja Nos­sa Sen­ho­ra do Par­to, no cen­tro do Rio de Janeiro.

A região é emblemáti­ca para a tra­jetória políti­ca de Marielle, uma vez que fica a poucos met­ros do Bura­co do Lume, uma praça públi­ca em que ela cos­tu­ma­va faz­er dis­cur­sos aber­tos à pop­u­lação. Hoje, o cen­tro do Lume dá espaço para uma está­tua da vereado­ra, com o braço ergui­do.

“Inde­pen­den­te­mente de qual­quer coisa, Marielle esta­va lá toda sex­ta-feira, com um tur­bante”, lem­bra a mãe.

Às 17h começará o Fes­ti­val Justiça Por Marielle & Ander­son, na Praça Mauá, tam­bém no cen­tro do Rio. A atração será de graça e con­tará com apre­sen­tações artís­ti­cas e exposições com obras em hom­e­nagem à Marielle.

O crime

Marielle Fran­co e Ander­son Gomes foram mor­tos em uma noite de terça-feira. Ela tin­ha saí­do de um encon­tro no Insti­tu­to Casa das Pre­tas, no cen­tro do Rio. O car­ro dela foi persegui­do pelos crim­i­nosos até o bair­ro do Está­cio, que faz lig­ação com a zona norte car­i­o­ca. Inves­ti­gações e uma delação pre­mi­a­da apon­tam o ex-poli­cial mil­i­tar (PM) Ron­nie Lessa como autor dos dis­paros.

Lessa está pre­so, inclu­sive ten­do já sido con­de­na­do por con­tra­ban­do de peças e acessórios de armas de fogo. O autor da delação pre­mi­a­da é o tam­bém ex-PM Élcio Queiroz, que diri­gia o Cobalt usa­do no crime.

Out­ro sus­peito de envolvi­men­to pre­so é o ex-bombeiro Maxwell Simões Cor­reia, con­heci­do como Suel. Seria dele a respon­s­abil­i­dade de entre­gar o Cobalt usa­do por Lessa para des­man­che. Segun­do inves­ti­gações, todos têm envolvi­men­to com milí­cias.

Des­de 2023, a Polí­cia Fed­er­al está à frente do caso.

Edição: Juliana Andrade

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