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Maestro Marlos Nobre chega aos 85 anos e recebe homenagem na Rádio MEC

Repro­dução: © Maria Luiza Nobre/Divulgação

Ele foi o primeiro a reger Royal Philarmonic Orchestra de Londres


Pub­li­ca­do em 18/02/2024 — 09:50 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O pianista, mae­stro e com­pos­i­tor per­nam­bu­cano Mar­los Nobre com­ple­ta 85 anos de idade neste domin­go (18). No mes­mo dia, a Rádio MEC, que per­tence ao sis­tema de rádios da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação (EBC), começa a divul­gar pro­gra­mas sobre a vida e obra do mae­stro que ini­ciou seus estu­dos musi­cais no Recife, aos 5 anos de idade, no Con­ser­vatório Per­nam­bu­cano de Músi­ca. 

Nobre foi o primeiro brasileiro a reger a Roy­al Phi­lar­mon­ic Orches­tra de Lon­dres, em 1990.

Ele tam­bém foi regente de várias out­ras: Orchestre Phil­har­monique de l’ORTF em Paris; l´Orchestre de la Suisse Romande; l’Orchestre de l’Opéra de Nice, France; Orques­ta Filar­móni­ca del Teatro Colón, em Buenos Aires; Orques­ta Sin­fóni­ca no Méx­i­co; Orques­ta Sin­fóni­ca de Cuba. Foi pro­fes­sor vis­i­tante da Uni­ver­si­dade Yale, da Juil­liard School, da Uni­ver­si­ty of Texas e da Indi­ana Uni­ver­si­ty.

Suas obras são pub­li­cadas pelas edi­toras Max Eschig (Paris), Boosey & Hawkes (Inglater­ra) e Mar­los Nobre Edi­tion (Rio de Janeiro).

Em 1958, com bol­sa de estu­dos do Depar­ta­men­to de Doc­u­men­tação e Cul­tura do Recife, Nobre par­ticipou do I Cur­so Nacional de Músi­ca Sacra, ten­do como pro­fes­sores o Padre Jaime C. Diniz, Camar­go Guarnieri, H. J. Koell­reut­ter, Alber­to Ginastera, Olivi­er Mes­si­aen, Lui­gi Dal­lapic­co­la, Bruno Mader­na e Aaron Cop­land, entre out­ros nomes de peso do cenário musi­cal.

Sua primeira obra para orques­tra foi Con­certi­no para piano e orques­tra de cor­das, em 1959, com a qual rece­beu menção hon­rosa do 1º Con­cur­so de Músi­ca e Músi­cos do Brasil, pro­movi­do pela Rádio MEC, ondel foi dire­tor musi­cal (1971). No ano seguinte, foi pre­mi­a­do no mes­mo con­cur­so, com a obra Trio, op. 4.

Nobre dirigiu o Insti­tu­to Nacional de Músi­ca da Fun­dação Nacional das Artes (Funarte), em 1976. Pre­sid­iu o Con­sel­ho Inter­na­cional de Músi­ca da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco), em Paris, entre 1985 e 1987. Em 1988, pas­sou a diri­gir a Fun­dação Cul­tur­al de Brasília. Ocu­pa a cadeira nº 1 da Acad­e­mia Brasileira de Músi­ca e é dire­tor musi­cal e regente tit­u­lar da Orques­tra Sin­fôni­ca do Recife.

Em 2005, rece­beu por una­n­im­i­dade o Prêmio Tomás Luís de Vic­to­ria da Sociedad de Dere­chos de Autor (SGAE), em Madrid, Espan­ha, con­ce­di­do por una­n­im­i­dade pela primeira vez em sua história. Na entre­ga do prêmio, foi lança­do na Espan­ha o livro Mar­los Nobre: El sonido del real­is­mo mági­co, de Tomás Mar­co, edi­ta­do pela Fun­dación Autor de Madrid.

Lembranças

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, o mae­stro Mar­los Nobre afir­mou ter tido o praz­er de con­viv­er com grandes nomes no exte­ri­or como Alber­to Ginastera, Leonard Bern­stein, Pen­derec­ki, Lutoslaws­ki, Olivi­er Mes­si­aen, Dal­lapic­co­la, entre out­ros. Atual­mente o catál­o­go do mae­stro alcança o total de 460 obras “e não vai parar nis­so”, ele prom­ete. “Estou com­pon­do uma obra, por encomen­da, para grande orques­tra, a “Sin­fo­nia Elek­tron”, rev­el­ou

Nobre referiu-se com car­in­ho à Rádio MEC, da qual está aposen­ta­do.

“Ten­ho um car­in­ho muito grande pela Rádio MEC, onde fui Dire­tor Musi­cal por décadas, for­t­ale­cen­do a Orques­tra Sin­fôni­ca Nacional, tam­bém crian­do pro­gra­mas especí­fi­cos de músi­ca con­tem­porânea como, por exem­p­lo, o Músi­ca Con­tem­porânea por Mar­los Nobre. Pude acom­pan­har o impor­tante desen­volvi­men­to da Rádio MEC através do tra­bal­ho do Thi­a­go Regot­to (ger­ente-exec­u­ti­vo da Rádio MEC)”.

Experiência

Sobre a exper­iên­cia que teve como regente de orques­tras inter­na­cionais, o mae­stro expli­cou que cada uma delas teve seu “momen­to difer­ente, forte e espe­cial”. ele cita algu­mas, como: a Roy­al Phil­har­mon­ic Orches­tra em Lon­dres, a Orchestre de la Suisse Romande em Gene­bra, a Orchestre de l’ORTF em Paris, a Orques­ta do Teatro Colón de Buenos Aires, Orchestre Phil­har­mon­ic de Nice, entre out­ras. “Emoções fortes tive com a ovação que rece­bi no Proms, em Lon­dres, de uma plateia de quase 8.000 espec­ta­dores, e no Carnegie Hall, em Nova Iorque, com­ple­ta­mente lota­do.”

Out­ra lem­brança pos­i­ti­va é do Prêmio Tomás Luis de Vic­to­ria. “Esse prêmio foi con­ce­di­do, pela primeira vez, por una­n­im­i­dade e pelo con­jun­to da min­ha obra. tam­bém foi lança­do o livro El sonido del real­is­mo mági­co sobre min­ha vida vida e obra. Foi uma emoção rece­ber o tele­fone­ma do queri­do ami­go José Antônio Abreu, dan­do a feliz notí­cia. Como brasileiro, fico sat­is­feito por ter sido escol­hi­do e con­sid­er­a­do com­pos­i­tor inter­na­cional”.

O mae­stro com­par­til­hou sua exper­iên­cia com jovens com­pos­i­tores, sobre­tu­do quan­do foi vis­it­ing pro­fes­sor em Yale Uni­ver­si­ty, Indi­ana Uni­ver­si­ty e na Juil­liard School, em Nova Iorque.

“No Brasil, rece­bia alunos em casa e orga­ni­za­va os Encon­tros com Mar­los Nobre, na época da efer­vescên­cia do começo dos encon­tros online, via inter­net. Tive o praz­er de con­viv­er com nomes como Alber­to Ginastera — com quem tive amiza­da pes­soal -, Leonard Bern­stein, Yehu­di Menuhin, Hen­ri Dutilleux, Pen­derec­ki, Niki­ta Mag­a­loff e Jessye Nor­man, o grande críti­co do NY Tomes Harold Schoen­berg. Faço parte do Board do Con­cur­so Inter­na­cional de Piano Arthur Rubin­stein, em Israel, e do Con­cur­so Inter­na­cional de Piano Palo­ma O’brien Shea, em San­tander, Espan­ha”.

Na atu­al­i­dade, Mar­los Nobre con­tin­ua a ser req­ui­si­ta­do como jura­do em con­cur­sos de com­posição inter­na­cionais.

Concertos

Na avali­ação do pro­fes­sor Hen­rique Cazes, des­de 2013 à frente do primeiro bachare­la­to de cavaquin­ho do mun­do, na Esco­la de Músi­ca da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio de Janeiro (UFRJ), a músi­ca de con­cer­to de autores brasileiros foi per­den­do espaço ao lon­go dos últi­mos anos. Ele tem na lem­brança a figu­ra de Mar­los Nobre apre­sen­tan­do Con­cer­tos para a Juven­tude, na tele­visão, Con­cer­tos em Primeira Edição, nos anos de 1970 e 1980.

“Hoje em dia, essa músi­ca fica prati­ca­mente restri­ta a even­tos, como a Bien­al de Músi­ca Con­tem­porânea, e gravações na inter­net. Mar­los Nobre foi o últi­mo com­pos­i­tor a ter espaço de divul­gação amp­lo porque logo depois a músi­ca de con­cer­to foi encol­hen­do.”

Para Hen­rique Cazes, Mar­los Nobre e seu con­tem­porâ­neo Edi­no Krieger foram os com­pos­i­tores que mais bril­haram nos anos de 1970, estre­an­do peças com ampla cober­tu­ra e espaço de mídia.

Quan­do mora­va no Méi­er, zona norte do Rio, ain­da jovem, Hen­rique Cazes assis­tia muitos con­cer­tos na Sala Cecília Meire­les, na Lapa.

“Na Esco­la de Músi­ca, no The­atro Munic­i­pal, tin­ha muitos con­cer­tos com entra­da fran­ca. E eu, estu­dante, ia ver a estreia dessas peças. Eram casas lotadas de gente para ver as novi­dades, músi­cas do sécu­lo 20, em que ess­es autores sem­pre est­reavam peças que des­per­tavam a curiosi­dade e mui­ta dis­cussão a respeito das próprias obras que, muitas vezes, como na peça “Rhyth­metron”, mis­tu­ravam per­cussão e instru­men­tos de bate­ria de esco­la de sam­ba”. Hen­rique Cazes afir­mou que tudo isso aju­da­va a traz­er mui­ta curiosi­dade e divul­gação, crian­do inter­esse no públi­co jovem.

Cazes con­sid­era que Mar­los Nobre talvez seja o últi­mo com­pos­i­tor a ter a opor­tu­nidade de mostrar em sua car­reira que era um autor ousa­do, cria­ti­vo e que fazia exper­iên­cias. Emb­o­ra ten­ha dialo­ga­do com as téc­ni­cas de com­posição de van­guar­da, sem­pre teve inter­esse na tradição brasileira. “E casou essas coisas de for­ma muito rica, muito inter­es­sante. Esse é um aspec­to da obra que está pre­sente em muitas peças dele”, assi­nalou o pro­fes­sor da UFRJ.

Cinema

Com­posições de Mar­los Nobre fiz­er­am parte de pre­mi­a­dos filmes brasileiros, como O Dragão da Mal­dade con­tra o San­to Guer­reiro, de Glauber Rocha, de 1969. Nesse caso, foram usadas as peças já prontas do mae­stro Ukrin­makrinkrin e Ryth­metron. Em Os Incon­fi­dentes, de Joaquim Pedro de Andrade, de 1972, está pre­sente a obra orques­tral Mosaico, de Mar­los Nobre.

Entre as cri­ações mais recentes do com­pos­i­tor, cita­mos o con­cer­to para vio­lon­ce­lo e orques­tra, de 2019, exe­cu­ta­do pelo músi­co Antônio Menezes, durante as cel­e­brações pelos 80 anos do mae­stro.

Edição: Maria Clau­dia

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