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Maior ataque a religiões de matriz africana atingiu 70 templos

Repro­dução: © Laris­sa Fontes/Divulgação

Episódio Quebra de Xangô, em Alagoas, ocorreu há 112 anos


Pub­li­ca­do em 02/02/2024 — 09:00 Por Luiz Cláu­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Instru­men­tos musi­cais, indu­men­tárias, estat­ue­tas, insíg­nias e out­ros obje­tos sacral­iza­dos com­põem um acer­vo raro de 216 peças que foram roubadas em 1912 de ter­reiros em Alagoas, mas não destruí­das, durante o maior ataque na história do Brasil a religiões de matriz africana. Esse con­jun­to de mate­ri­ais res­gata­dos, de val­or históri­co e cul­tur­al imen­su­ráv­el, pode ser final­mente tomba­do neste ano como patrimônio cul­tur­al brasileiro pelo Insti­tu­to do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co Nacional (Iphan)

O ataque ocor­ri­do a par­tir da madru­ga­da do dia 2 de fevereiro de 1912 (há exatos 112 anos), em episó­dio que ficou con­heci­do como “Que­bra de Xangô”, teria atingi­do, ao menos, 70 casas de religiões de matriz africana em Maceió e tam­bém em cidades viz­in­has. De acor­do com pesquisadores, um grupo que se inti­t­ula­va Liga dos Repub­li­canos Com­bat­entes pro­moveu, naque­le dia, ter­ror com invasões, van­dal­is­mo, espan­ca­men­tos e ameaças, além de roubar obje­tos sagra­dos.

Ess­es obje­tos a serem tomba­dos, expos­tos na época pelos agres­sores como sím­bo­lo de vitória, pas­saram a sig­nificar a com­pro­vação do crime. O ataque foi cometi­do pela agremi­ação políti­ca que fazia oposição ao gov­er­nador da época, Euclides Mal­ta, e o ‘acusa­va’ de pro­teção e prox­im­i­dade aos ter­reiros. Por isso, prepararam aque­le que se tornou um ataque sem prece­dentes de intol­erân­cia reli­giosa no país. Hoje, as 216 peças não destruí­das estão sob guar­da do Insti­tu­to Históri­co e Geográ­fi­co de Alagoas (IHGAL).

Intolerância Religiosa - Peças do maior ataque de intolerância religiosa podem ser tombadas em 2024. Episódio em Alagoas, que ficou conhecido como “Quebra de Xangô, ocorreu há exatos 112 anos. Foto: Larissa Fontes/Divulgação
Repro­dução: Peça que restou do ataque de intol­erân­cia reli­giosa em Alagoas, con­heci­do como Que­bra de Xangô, que ocor­reu há exatos 112 anos — Foto Laris­sa Fontes/Divulgação

Segun­do o his­to­ri­ador Clébio Cor­reia, da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Alagoas (Ufal), esse é o úni­co caso reg­istra­do na história brasileira de que­bra de ter­reiros de for­ma cole­ti­va. “A gente tem episó­dios de invasão e que­bra de ter­reiros em todo o Brasil, mas indi­vid­ual­mente. No caso de Alagoas, hou­ve ver­dadeiro lev­ante de uma tur­ba orga­ni­za­da por uma milí­cia chama­da Liga dos Repub­li­canos Com­bat­entes, que era um braço arma­do do políti­co Fer­nan­des Lima, inimi­go do gov­er­nador Euclides Mal­ta, à época”, expli­ca.

O his­to­ri­ador do Iphan Maicon Mar­cante lem­bra que muitos obje­tos sagra­dos foram destruí­dos e queima­dos em praça públi­ca. “Porém, esse con­jun­to de obje­tos sobre­viveu a ess­es ataques e per­maneceu por um perío­do no Museu da Sociedade Per­se­ver­ança até 1950. Depois foram trans­feri­dos para o IHGAL”, afir­mou Mar­cante. Foi por isso que a coleção de obje­tos gan­hou o nome de Per­se­ver­ança. O primeiro inven­tário das peças foi feito em 1985.

Hoje, as peças, segun­do o pesquisador do Iphan, apre­sen­tam des­gaste. O diag­nós­ti­co do Iphan para o tomba­men­to vai ori­en­tar as ações de con­ser­vação e restau­ração. Os teci­dos estão des­gas­ta­dos. Alguns fios de con­ta estão arreben­ta­dos. “Mas, de for­ma ger­al, as peças estão preser­vadas. A gente está falan­do de estat­ue­tas rep­re­sen­ta­ti­vas de orixás, de instru­men­tos musi­cais, indu­men­tárias, obje­tos e insíg­nias. São mais de 40 braceletes e pul­seiras”.

Intolerância Religiosa - Peças do maior ataque de intolerância religiosa podem ser tombadas em 2024. Episódio em Alagoas, que ficou conhecido como “Quebra de Xangô, ocorreu há exatos 112 anos. Foto: Larissa Fontes/Divulgação
Repro­dução: Peça que restou do ataque de intol­erân­cia reli­giosa em Alagoas, con­heci­do como Que­bra de Xangô, que ocor­reu há exatos 112 anos — Foto Laris­sa Fontes/Divulgação

Mais divulgação

Maicon Mar­cante ressalta que, a par­tir do momen­to em que a coleção Per­se­ver­ança for tomba­da pelo Iphan como patrimônio cul­tur­al brasileiro, haverá a respon­s­abil­i­dade do órgão na preser­vação e acaute­la­men­to dess­es bens. Nesse momen­to, ocorre a fase final de instrução de tomba­men­to, que con­ta com a par­tic­i­pação de rep­re­sen­tantes da comu­nidade de reli­giosos no proces­so de atribuição de val­ores e de sig­nifi­cação cul­tur­al das peças.

Ele expli­ca que ao fim da fase de instrução, o proces­so pas­sa por trâmites inter­nos com avali­ações na Câmara Téc­ni­ca e no Con­sel­ho Con­sul­ti­vo, o que pode­ria ocor­rer ain­da no primeiro semes­tre de 2024. Após o tomba­men­to, além das ações de preser­vação, con­ser­vação e estu­do da his­to­ri­ografia, devem ser tomadas out­ras medi­das para maior difusão do episó­dio invis­i­bi­liza­do. “Deve­mos levar o con­hec­i­men­to sobre esse acer­vo, sobre ess­es obje­tos, para um públi­co mais amp­lo, fora de Alagoas, inclu­sive. Podemos pen­sar em exposições vir­tu­ais tam­bém”.

Reverência aos ancestrais

Entre as lid­er­anças que colab­o­raram com o tra­bal­ho do Iphan está a Mãe Nei­de Oyá D´Oxum, de 62 anos. Ela afir­ma que os obje­tos e a memória do episó­dio de 1912 guardam o sím­bo­lo da resistên­cia das religiões de matriz africana. “É a nos­sa história e com a qual podemos rev­er­en­ciar a luta dos nos­sos ances­trais”. Um recon­hec­i­men­to, segun­do ela, veio em 2012, do então gov­er­nador Teotônio Vilela Fil­ho, que ediu des­cul­pas, em nome de Alagoas, pelo episó­dio escan­daloso de vio­lên­cia racista.

Intolerância Religiosa - Peças do maior ataque de intolerância religiosa podem ser tombadas em 2024. Episódio em Alagoas, que ficou conhecido como “Quebra de Xangô, ocorreu há exatos 112 anos. Foto: Larissa Fontes/Divulgação
Repro­dução: Peça que restou do ataque de intol­erân­cia reli­giosa em Alagoas, con­heci­do como Que­bra de Xangô, que ocor­reu há exatos 112 anos — Foto Laris­sa Fontes/Divulgação

Entre ess­es fatos, Mãe Nei­de cita Tia Marceli­na que, con­forme foi doc­u­men­ta­do pelos reli­giosos de Alagoas, foi espan­ca­da na noite do Que­bra de Xangô e acabou mor­ren­do nos dias seguintes. “Enquan­to ela era açoita­da, disse que os agres­sores pode­ri­am que­brar braço e per­na, tirar sangue, mas que não con­seguiri­am tirar o saber dela”.

Para preencher lacunas

De acor­do com a pro­fes­so­ra Laris­sa Fontes, que pro­duz­iu tese de doutora­do na Uni­ver­si­dade Lumiere Lyon (França) sobre as peças que restaram do ataque em Alagoas, a coleção Per­se­ver­ança é o doc­u­men­to mais impor­tante para a memória reli­giosa no esta­do. “São mais de 200 obje­tos que estão hoje abri­ga­dos no Insti­tu­to Históri­co e Geográ­fi­co de Alagoas em esta­do deploráv­el, pre­cisan­do muito de restau­ro, de um pro­je­to sério de sal­va­guar­da. A gente está nes­sa luta há muitos anos para o tomba­men­to e cam­in­han­do ago­ra conc­re­ta­mente para que isso saia neste ano”.

O livro da pro­fes­so­ra Laris­sa, O museu silen­cioso, foi pub­li­ca­do na França. A obra será tam­bém impres­sa no Brasil. Laris­sa, que é pesquisado­ra e tam­bém reli­giosa, colaborou com o Iphan e infor­ma que o dos­siê a ser entregue para aprovação do tomba­men­to já está prati­ca­mente pron­to. “Na min­ha pesquisa de doutora­do, fui atrás da biografia dess­es obje­tos, bus­can­do a tradição oral das comu­nidades reli­giosas afro-brasileiras de Alagoas, muito afe­tadas pela repressão e por esse silên­cio”. Ela acres­cen­ta que desco­briu na pesquisa sinais e vestí­gios de per­das de mate­ri­ais.

Laris­sa atribuiu essas lacu­nas à difi­cul­dade de aces­so e às pecu­liari­dades da história. “Difer­ente­mente de out­ros episó­dios de repressão que a gente teve no Brasil, que era a polí­cia que inva­dia ter­reiros, que­bravam coisas e bati­am em gente, e guar­da­va os autos dos proces­sos, em Alagoas, curiosa­mente, o Esta­do esta­va ausente da ação”.

A pesquisa atu­al da pro­fes­so­ra é um pro­longa­men­to da tese e pre­tende traz­er de vol­ta a Alagoas con­hec­i­men­tos de per­das litúr­gi­cas por meio de reli­giosos, autori­dades reli­giosas que ain­da detêm con­hec­i­men­to na Bahia. “É muito impor­tante essa ação pat­ri­mo­ni­al de recu­per­ação e de reparação da memória”, afir­ma Laris­sa, docente do Depar­ta­men­to de Ciên­cias Humanas e Soci­ais do Insti­tu­to Supe­ri­or de Eletrôni­ca e Tec­nolo­gia Dig­i­tal, de Brest (França).

Intolerância Religiosa - Peças do maior ataque de intolerância religiosa podem ser tombadas em 2024. Episódio em Alagoas, que ficou conhecido como “Quebra de Xangô, ocorreu há exatos 112 anos. Foto: Larissa Fontes/Divulgação
Repro­dução: Peça que restou do ataque de intol­erân­cia reli­giosa em Alagoas, con­heci­do como Que­bra de Xangô, que ocor­reu há exatos 112 anos — Foto Laris­sa Fontes/Divulgação

Para o his­to­ri­ador Clébio Cor­reia, pro­fes­sor da Ufal, a despeito do Insti­tu­to Históri­co ter cumpri­do papel de sal­va­guar­da desse mate­r­i­al, o entendi­men­to dos “povos de ter­reiros” é que ess­es doc­u­men­tos dev­e­ri­am estar em um museu, um memo­r­i­al afro de Alagoas. “E não em um espaço da elite bran­ca int­elec­tu­al do esta­do. A gente está viven­do, neste momen­to, o proces­so de tomba­men­to legal, muito impor­tante para garan­tir a pro­teção das peças”.

Na sua opinião, a coleção Per­se­ver­ança é o sím­bo­lo maior do ataque e mobi­liza hoje os ter­reiros de Alagoas. “É o que a gente chama de pro­va mate­r­i­al da resistên­cia negra no esta­do. E gera esse ideário dos ter­reiros de ter um espaço próprio da memória em Alagoas”.

“Imprensa preconceituosa”

Em bus­ca tam­bém de com­preen­der o vio­len­to episó­dio, cer­ca­do de apaga­men­tos, o pro­fes­sor de antropolo­gia Uliss­es Neves Rafael, da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Sergipe (UFS), assi­nou a tese Xangô Reza­do Baixo, que faz refer­ên­cia à proibição, pos­te­ri­or à repressão do dia 2, do uso de atabaques nos ter­reiros, o “reza­do baixo”.

Ele desco­briu o episó­dio por aca­so, durante o mestra­do, e se sur­preen­deu que prati­ca­mente não havia pesquisa sobre o ataque. Assim bus­cou garim­par o que­bra-cabeças em veícu­los, com pub­li­cações des­de o iní­cio do sécu­lo 20 até os episó­dios de 1912. “O Jor­nal de Alagoas (veícu­lo de oposição ao gov­er­nador e o prin­ci­pal obje­to de análise) pub­li­cou uma série de oito reporta­gens”.

Para esclare­cer as lacu­nas da vio­lên­cia, desco­briu que a impren­sa teve um tom pre­con­ceitu­oso con­tra os ter­reiros. “A impren­sa foi instru­men­to dessa repressão. Os tex­tos tin­ham uma lin­guagem muito pre­con­ceitu­osa e racista. Na ver­dade, eles tiver­am papel fun­da­men­tal na con­strução dessa imagem neg­a­ti­va dos ter­reiros”, expli­ca o pro­fes­sor, que desen­volveu a pesquisa na Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio de Janeiro (UFRJ) a par­tir do ano 2000.

Segun­do a jor­nal­ista Valde­ci Gomes da Sil­va, da Comis­são Nacional de Jor­nal­is­tas pela Igual­dade Racial, a impren­sa em Alagoas con­tribuiu, ao lon­go da história, com a repro­dução do racis­mo. “Não foi difer­ente no Que­bra de Xangô. Como naque­les dias, até hoje há quem se refi­ra aos rit­u­ais das religiões de matriz africana como magia negra. Isso é um ter­mo muito racista e que a gente não pode admi­tir”. A pesquisado­ra avalia que os jor­nais demon­straram ser coniventes com a elite finan­ceira.

O pro­fes­sor Uliss­es Rafael, da UFS, acres­cen­ta que as notí­cias do Jor­nal de Alagoas (veícu­lo de oposição ao gov­er­nador e o prin­ci­pal obje­to de análise) tornaram os gru­pos ain­da mais vul­neráveis e foram capazes de mobi­lizar pes­soas além da Liga dos Repub­li­canos com­bat­entes. “A cam­pan­ha rece­beu grande adesão da pop­u­lação, da sociedade civ­il. Falou-se em cen­te­nas de pes­soas nas ruas”.

Os jor­nais infor­maram que os episó­dios ocor­reram na madru­ga­da, mas que, na ver­dade, já havia antes um cli­ma de perseguição e de ataque. O próprio gov­er­nador teria sido obri­ga­do a fugir do Palá­cio pelos fun­dos e ido para o Recife. “Nesse inter­va­lo, em que ele se encon­tra afas­ta­do, as casas são ata­cadas. As invasões acon­te­cem em Maceió, em ter­renos mais afas­ta­dos e tam­bém em cidades viz­in­has”. O pro­fes­sor não cra­va o número de casas atingi­das porque não foi divul­ga­do um quadro com­ple­to de ter­reiros com nomes das pes­soas ou local­iza­ção.

Essa adesão de dezenas pes­soas ao ataque con­tra ter­reiros é com­preen­di­da pela pro­fes­so­ra de antropolo­gia Rachel Rocha de Almei­da Bar­ros, da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Alagoas, como sin­toma de uma sociedade ain­da escrav­agista, majori­tari­a­mente católi­ca, provin­ciana e anal­fa­be­ta.   “Imag­ine 100 pes­soas cor­ren­do por Maceió em 1912, que­bran­do tudo”.

Teria havi­do, na opinião da antropólo­ga, um plane­ja­men­to prévio. Ao mes­mo tem­po em que exis­ti­am inte­grantes sem qual­quer con­sciên­cia, a Liga dos Repub­li­canos Com­bat­entes era civ­il, com car­ac­terís­ti­ca para­mil­i­tar, e con­sti­tuí­da tam­bém por ex-inte­grantes da Guer­ra do Paraguai. Nes­sa mis­tu­ra, essas pes­soas, segun­do expli­ca, estari­am vesti­das de foliões car­navale­scos quan­do chegaram aos ter­reiros. O Brasil vivia uma lóg­i­ca racional­ista, ain­da escrav­agista e as man­i­fes­tações reli­giosas de pes­soas pre­tas eram desuman­izadas. “A abolição não tin­ha com­ple­ta­do ain­da três décadas”.

Quem tam­bém entende o papel “estratégi­co” dos agres­sores é o Pai Célio Rodrigues dos San­tos, que é his­to­ri­ador. “Essa milí­cia procurou estu­dar qual era a data e os horários mais propí­cios de invasão aos ter­reiros (em vista dos momen­tos de hom­e­na­gens e ofer­en­das dos cul­tos). Eles chegaram trasvesti­dos de um blo­co car­navale­sco. Tocavam, bati­am e gri­tavam. Chamavam de macum­beiros, que­bravam tudo, agredi­ram e ameaçaram”. Como efeito, segun­do o Pai Célio, líderes reli­giosos cor­reram, fecharam suas casas e saíram. “Mas resis­ti­mos. Hoje, Alagoas tem um grande número de ter­reiros, prin­ci­pal­mente na per­ife­ria. E aí são ess­es ter­reiros que dizem não à intol­erân­cia reli­giosa”, avalia. Ele acred­i­ta que exis­tam ao menos 3 mil ter­reiros no esta­do.

Exis­tem ain­da out­ros efeitos, de acor­do com o pro­fes­sor Clébio Cor­reio, para a iden­ti­dade local.  “Quan­do lemos as notí­cias de 1910, vemos que Maceió era vista na época como uma refer­ên­cia para os negros de out­ros esta­dos. Vin­ham pes­soas con­hecer as religiões afro. Depois do que­bra, pas­sou a se vender para o resto do país como uma cidade de coqueiro, de sol e pra­ia”, lamen­ta. O resul­ta­do dis­so foi um esvazi­a­men­to do car­naval de Alagoas porque as man­i­fes­tações cul­tur­ais foram silen­ci­adas.

A pro­fes­so­ra Rachel acred­i­ta que o maior inter­esse por essa temáti­ca, após os anos 2000, tem relação com a maior democ­ra­ti­za­ção do espaço acadêmi­co, coin­cide com a políti­ca de cotas e cria, com isso, reflex­os nas temáti­cos soci­ais abor­dadas. “É muito impor­tante ver que esse episó­dio revis­i­ta­do ger­ou livro, dis­cussões con­tem­porâneas e tam­bém filme”.

O tra­bal­ho a que ela se ref­ere é do pro­fes­sor Siloé Amor­im, de antropolo­gia da Ufal. O doc­u­men­tário 1912: o que­bra de Xangô (con­fi­ra aqui o roteiro).

O filme, pro­duzi­do em mais de três anos, tem 52 min­u­tos de duração e foi moti­va­do prin­ci­pal­mente pelo silên­cio sobre o ataque e o descon­hec­i­men­to da pop­u­lação, inclu­sive dos ter­reiros. “Pou­cas pes­soas tin­ham con­hec­i­men­to do caso. Maceió tem muitos ter­reiros e isso era muito pouco divul­ga­do. Me sur­preen­deu muito o pre­con­ceito vela­do sobre as reli­giosi­dades de matrizes africanas aqui no esta­do”. Ele expli­ca que a opção pelo filme tem relação com a neces­si­dade de garan­tir vis­i­bil­i­dade para um públi­co maior a fim de denun­ciar o que ficou tan­to tem­po em silên­cio.

Veja gale­ria de fotos:

Edição: Graça Adju­to

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