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Maioria do STF vota por proibir tese de “legítima defesa da honra”

Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF
© Mar­cel­lo Casal JrA­gên­cia Bra­sil (Repro­du­ção)

Votos confirmam liminar do ministro Dias Tofolli


Publi­ca­do em 11/03/2021 — 13:05 Por Feli­pe Pon­tes — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

A mai­o­ria dos minis­tros do Supre­mo Tri­bu­nal Fede­ral (STF) votou por proi­bir advo­ga­dos de usa­rem a tese de “legí­ti­ma defe­sa da hon­ra” em casos de femi­ni­cí­dio jul­ga­dos pelo Tri­bu­nal do Júri. 

Os votos con­fir­mam a limi­nar (deci­são pro­vi­só­ria) do minis­tro Dias Tolol­li, na qual ele afir­ma ser incons­ti­tu­ci­o­nal que advo­ga­dos usem como argu­men­to a defe­sa da hon­ra. Para o minis­tro, esse tipo de recur­so argu­men­ta­ti­vo é “odi­o­so, desu­ma­no e cru­el”, pois visa “impu­tar às víti­mas a cau­sa de suas pró­pri­as mor­tes ou lesões”.

O jul­ga­men­to é rea­li­za­do no ple­ná­rio vir­tu­al, ambi­en­te digi­tal em que há um pra­zo para que os votos sejam publi­ca­dos na pági­na da Cor­te. Nes­te caso, o encer­ra­men­to da vota­ção está mar­ca­do para ama­nhã (12), às 23h59.

Até o momen­to, acom­pa­nha­ram Tof­fo­li os minis­tros Ale­xan­dre de Mora­es, Rosa Weber, Gil­mar Men­des, Edson Fachin e Mar­co Auré­lio Mel­lo, o que con­fi­gu­ra ter alcan­ça­do mai­o­ria entre os 11 minis­tros do Supre­mo.

Até o fim do pra­zo, entre­tan­to, a aná­li­se pode ser inter­rom­pi­da por um pedi­do de vis­ta (mais tem­po de aná­li­se) ou de des­ta­que, o que reme­te­ria o caso para jul­ga­men­to em ple­ná­rio físi­co, cujas ses­sões estão sen­do rea­li­za­das por vide­o­con­fe­rên­cia, em decor­rên­cia da pan­de­mia da covid-19.

Votos

A tese da “legí­ti­ma defe­sa da hon­ra” foi ques­ti­o­na­da no Supre­mo pelo PDT, em uma ação de des­cum­pri­men­to de pre­cei­to fun­da­men­tal (ADPF). O par­ti­do fri­sa que tal tese, a que cha­mou de “nefas­ta” e “ana­crô­ni­ca”, não cons­ta no orde­na­men­to jurí­di­co bra­si­lei­ro atu­al. A legen­da ale­ga, con­tu­do, que ela tem sido sus­ci­ta­da por advo­ga­dos em tri­bu­nais do júri, ten­do como escu­do a cha­ma­da ple­ni­tu­de de defe­sa.

Pela Cons­ti­tui­ção, a ple­ni­tu­de de defe­sa é uma prer­ro­ga­ti­va do advo­ga­do peran­te o júri. Tal direi­to é mais abran­gen­te que a ampla defe­sa, e per­mi­te ao defen­sor lan­çar mão de todos os mei­os pos­sí­veis para con­ven­cer os jura­dos pela absol­vi­ção, mes­mo que isso inclua argu­men­tos não jurí­di­cos, entre eles os de natu­re­za moral, por exem­plo.

Para Tof­fo­li, con­tu­do, uma inter­pre­ta­ção sis­te­má­ti­ca da Cons­ti­tui­ção leva à con­clu­são de que a “legí­ti­ma defe­sa da hon­ra” não é uma tese pro­te­gi­da pela ple­ni­tu­de de defe­sa, uma vez que vio­la outros prin­cí­pi­os cons­ti­tu­ci­o­nais, como o da dig­ni­da­de huma­na.

Pelo voto de Tof­fo­li, caso o argu­men­to seja uti­li­za­do pelo advo­ga­do em casos de femi­ni­cí­dio, seja em audi­ên­ci­as com a par­ti­ci­pa­ção do júri ou a qual­quer momen­to, resul­ta em uma nuli­da­de pro­ces­su­al capaz de anu­lar o jul­ga­men­to.

O minis­tro Gil­mar Men­des foi além em seu voto, e propôs expan­dir a proi­bi­ção tam­bém para a acu­sa­ção, a auto­ri­da­de poli­ci­al e o juiz, “sob pena de nuli­da­de do ato e do jul­ga­men­to”.

Ape­sar de con­cor­dar com a proi­bi­ção, Fachin propôs um cami­nho dife­ren­te para apli­cá-la. Ele suge­riu que o Supre­mo afir­me que as ins­tân­ci­as supe­ri­o­res não vio­lam a sobe­ra­nia do júri se anu­la­rem sen­ten­ças que levem em con­si­de­ra­ção a tese de legí­ti­ma defe­sa da hon­ra.

Edi­ção: Fer­nan­do Fra­ga

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