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Maioria dos projetos para idosos é da sociedade civil e do Sudeste

Levantamento mapeou 403 iniciativas em todo o país

Lety­cia Bond — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­da em 01/10/2024 — 14:14
São Paulo
14/06/2023 Brasília (DF) - Lar dos velhinhos - Dia 15/06/2023, Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. Foto Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Repro­dução: © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Brasil con­ta, atual­mente, com 403 pro­je­tos volta­dos a idosos, que com­preen­dem cer­ca de 30 aspec­tos da vida dessa parcela da pop­u­lação. Quase metade (48,1%) ben­e­fi­cia mais de mil pes­soas dire­ta­mente, qua­tro em cada dez ini­cia­ti­vas (39%) são tocadas por orga­ni­za­ções da sociedade civ­il e cer­ca de dois terços deles (62,3%) estão em ativi­dade há cin­co anos ou mais.

O mapea­men­to em que con­stam ess­es dados foi real­iza­do pelo Lab Nova Longev­i­dade, em parce­ria com a Ashoka, rede glob­al de empreende­doris­mo social, o Insti­tu­to Bei­ja, que atua no cam­po da filantropia, e a asso­ci­ação Itaú Viv­er Mais. Nes­ta terça-feira (1º), quan­do é lem­bra­do o Dia do Idoso, o lev­an­ta­men­to fornece infor­mações rel­e­vantes para se localizar quais áreas de cuida­do e regiões do país são mais descon­sid­er­adas, inclu­sive pelo poder públi­co, que é respon­sáv­el por somente 4% dos pro­je­tos em fun­ciona­men­to.

De acor­do com os espe­cial­is­tas que apu­raram e reuni­ram os dados, a Região Sud­este do país é a que tem mais ini­cia­ti­vas (62%), ou, pelo menos, a que teve mais inter­esse em par­tic­i­par do lev­an­ta­men­to. Em segui­da, apare­cem o Nordeste (19%), o Sul (11%) e o Cen­tro-Oeste (5%). Por últi­mo, com ape­nas 3% dos pro­je­tos, está a Região Norte.

Em relação aos esta­dos, São Paulo (42,2%) lid­era a lista, ao lado do Rio de Janeiro (10,2%), de Minas Gerais (9,7%), de Per­nam­bu­co (7,2%), do Rio Grande do Sul (5,2%) e da Bahia (5%). Além do Dis­tri­to Fed­er­al, 24 dos 26 esta­dos brasileiros par­tic­i­param do mapea­men­to com pelo menos uma ini­cia­ti­va. Acre e Rondô­nia não tiver­am nen­hum pro­je­to infor­ma­do ou iden­ti­fi­ca­do.

Além das orga­ni­za­ções da sociedade civ­il, tam­bém se desta­cam por man­ter a roda dos pro­je­tos giran­do o setor pri­va­do (22%), as star­tups (11%) e os pro­du­tores de con­teú­do e mídia (11%).

14/06/2023 Brasília (DF) - Lar dos velhinhos - Dia 15/06/2023, Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. Foto Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Repro­dução: Quase 40% das ini­cia­ti­vas voltadas para idosos são tocadas por orga­ni­za­ções da sociedade civ­il — Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

As pro­postas con­cretizadas por pesquisadores e insti­tu­tos ou gru­pos de pesquisa super­am a par­tic­i­pação do gov­er­no. A acad­e­mia responde por 9% das ini­cia­ti­vas, um per­centu­al maior do que as ações gov­er­na­men­tais (4%). Os pesquisadores são as fig­uras prin­ci­pais (44%) que pux­am as ini­cia­ti­vas como de sua respon­s­abil­i­dade.

Os con­sel­hos de Pes­soas Idosas e as acel­er­ado­ras ou incubado­ras tam­bém têm demon­stra­do com­pro­me­ti­men­to com a causa, emb­o­ra muito menor do que as orga­ni­za­ções com out­ros per­fis. Ao todo, estão por trás de 3% e 1% dos pro­je­tos mapea­d­os, respec­ti­va­mente.

Em relação às temáti­cas abor­dadas pelos pro­je­tos, o que pre­dom­i­na é envel­hec­i­men­to saudáv­el (82%), novas nar­ra­ti­vas para longev­i­dade (70%), diver­si­dade e inclusão (66%), interg­era­cional­i­dade (65%) e com­bate ao idadis­mo (61%).

Entre os assun­tos que estão em menos da metade das ini­cia­ti­vas, foram iden­ti­fi­ca­dos edu­cação con­tin­u­a­da (49%), cuida­do famil­iar (46%), inclusão dig­i­tal (43%), aces­so à saúde (39%), aces­si­bil­i­dade (37%), empreende­doris­mo sênior (36%), empre­ga­bil­i­dade (28%), inter­sec­cional­i­dade (27%), edu­cação finan­ceira (24%), requal­i­fi­cação profis­sion­al (21%) e edu­cação midiáti­ca (17%).

Para Marília Duque, lid­er­ança do Lab Nova Longev­i­dade, o setor públi­co tem se aprox­i­ma­do tan­to da ini­cia­ti­va pri­va­da quan­to de empreende­dores soci­ais, com o obje­ti­vo de assim­i­lar con­hec­i­men­tos de pon­ta e tam­bém os rela­ciona­dos à ino­vação. Como exem­p­lo do que vem sendo artic­u­la­do nesse âmbito, ela cita uma ação da Coor­de­nado­ria da Cidada­nia da Cor­rege­do­ria-Ger­al da Justiça do Esta­do do Tocan­tins, que mapeou as redes de atendi­men­to, atenção e pro­teção à pes­soa idosa, dis­tribuí­das nos 139 municí­pios do esta­do.

Hou­ve, ain­da, um esforço para se traçar um panora­ma da vio­lên­cia prat­i­ca­da con­tra a pes­soa idosa na unidade fed­er­a­ti­va. “O mapea­men­to indi­cou um enorme poten­cial de colab­o­ração entre o setor públi­co, orga­ni­za­ções da sociedade civ­il, ini­cia­ti­va pri­va­da e acad­e­mia”, desta­ca ela.

Um dos hábitos que, na con­tem­po­ranei­dade, podem deter­mi­nar o entrosa­men­to ou iso­la­men­to de uma pes­soa idosa em sua comu­nidade é o uso da inter­net, por diver­sos meios.

“No mapea­men­to, a questão da inclusão e letra­men­to dig­i­tais aparece como condi­cio­nante para o apren­diza­do ao lon­go da vida, que está dire­ta­mente rela­ciona­do com a pos­si­bil­i­dade de requal­i­fi­cação profis­sion­al e per­manên­cia na força de tra­bal­ho, além de traz­er bene­fí­cios em ter­mos de saúde, socia­bil­i­dade e propósi­to. Além dis­so, o nív­el das habil­i­dades dig­i­tais dos usuários idosos emerge como gar­ga­lo para a escala de impacto de soluções que fazem uso de tec­nolo­gia”, diz a líder.

“No futuro, ser­e­mos, de fato, todos nativos dig­i­tais”, apon­ta Marília, ao afir­mar que, até lá, é necessário haver “esforços para não deixar a pop­u­lação idosa à deri­va”. “Nesse sen­ti­do, foi apon­ta­da tam­bém a neces­si­dade de se cri­ar ambi­entes de apren­diza­dos pen­sa­dos nas pes­soas idosas.”

Em para­le­lo ao mapea­men­to, foram lis­ta­dos 13 nomes que dom­i­nam o assun­to, em suas difer­entes dimen­sões, e entre­vis­ta­dos 17 espe­cial­is­tas e líderes de difer­entes setores que se desta­cam por sua con­tribuição ao ecos­sis­tema de longev­i­dade no Brasil. A ver­são com­ple­ta do lev­an­ta­men­to pode ser con­feri­da no site www.labnovalongevidade.org.

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