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Mais de 70% de espécies ameaçadas buscam Áreas Marinhas Protegidas

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Relatório da Unesco mapeia situação dos oceanos


Publicado em 04/06/2024 — 08:54 Por Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

O Relatório sobre o Esta­do do Oceano (StOR, na sigla em inglês), divul­ga­do nes­ta segun­da-feira (3) pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco), apon­ta que 72% das 1.473 espé­cies ameaçadas de extinção encon­tram abri­go em Áreas Mar­in­has Pro­te­gi­das (AMPs). A existên­cia destas unidades de con­ser­vação é fun­da­men­tal para preser­vação de bio­di­ver­si­dade, para o apoio à segu­rança ali­men­tar e para a saúde ger­al dos oceanos, mostra o doc­u­men­to.

As AMPs são delim­i­tadas com o obje­ti­vo de con­ser­vação de espé­cies e de recur­sos nat­u­rais. Nes­sas áreas, são impostas medi­das para garan­tir o desen­volvi­men­to sus­ten­táv­el, o tur­is­mo ecológi­co e a pesca orde­na­da e não pre­datória.

A maior parte das áreas pro­te­gi­das encon­tra-se em mar ter­ri­to­r­i­al, isto é, a faixa marí­ti­ma costeira que está sob juris­dição dos seus respec­tivos país­es. No Brasil, as unidades de con­ser­vação abrangem 27% do mar ter­ri­to­r­i­al.

O relatório traz uma série de infor­mações cien­tí­fi­cas sobre o esta­do atu­al dos oceanos e sobre os impactos asso­ci­a­dos ao aque­c­i­men­to glob­al do plan­e­ta, resul­ta­do do exces­so de emis­são de gás car­bôni­co e de out­ros gas­es de efeito est­u­fa provo­ca­do pelo homem. O doc­u­men­to apon­ta um avança­do proces­so de ele­vação da tem­per­atu­ra das águas, além da acid­i­fi­cação, que­da das taxas de oxigênio em ambi­entes mar­in­hos e da ele­vação do nív­el dos mares.

A pub­li­cação, que teve sua primeira edição divul­ga­da em 2022, reúne infor­mações impor­tantes que podem servir de sub­sí­dios para decisões políti­cas e admin­is­tra­ti­vas, bem como estim­u­lar novas inves­ti­gações. Sua elab­o­ração tam­bém inte­gra os esforços da Unesco para chamar atenção para os com­pro­mis­sos da Agen­da 2030, esta­b­ele­ci­dos na Cúpu­la das Nações Unidas sobre o Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el ocor­ri­da em 2015. Através dela, foram fix­a­dos 17 Obje­tivos de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el (ODS). O 14º deles envolve a con­ser­vação e uti­liza­ção sus­ten­táv­el dos oceanos, mares e recur­sos mar­in­hos.

A nova edição, que con­tou com a par­tic­i­pação de 98 autores de 25 país­es, faz uma série de apon­ta­men­tos envol­ven­do pre­ocu­pações com a bio­di­ver­si­dade. Eles desta­cam que o orde­na­men­to do espaço mar­in­ho é um impor­tante mecan­is­mo políti­co para aju­dar a reduzir as pressões sobre os ecos­sis­temas.

“Em 2023, 126 país­es e ter­ritórios [aumen­to de 20% na com­para­ção com 2022] aplicaram políti­cas baseadas em áreas para gerir de for­ma sus­ten­táv­el as ativi­dades no oceano. A con­tin­u­ação des­ta tendên­cia pos­i­ti­va será uma con­tribuição impor­tante para a ação no âmbito do ODS 14”.

Os pesquisadores chamam a atenção para a absorção de gás car­bôni­co pelos oceanos. Ao mes­mo tem­po, esti­ma-se que, des­de a déca­da de 1960, os oceanos perder­am 2% do seu oxigênio. Cen­te­nas de “zonas mor­tas” podem ser mapeadas nas costas de difer­entes país­es dev­i­do à fal­ta de oxigênio cau­sa­do pela poluição.

Capazes de absorv­er cin­co vezes mais car­bono que as flo­restas ter­restres, ecos­sis­temas costeiros como manguezais e pân­tanos de maré são apon­ta­dos como um refú­gio. São locais que reduzem o estresse ger­a­do por um oceano mais quente e áci­do e que retém menos oxigênio.

“Con­tin­u­am a ser uma impor­tante reser­va de car­bono; no entan­to, a pro­teção não é garan­ti­da e de 20% a 35% foram per­di­dos des­de a déca­da de 1970.”

Out­ra pre­ocu­pação man­i­fes­ta­da por pesquisadores envolvi­dos no relatório é sobre a eutrofiza­ção, isto é, o exces­so de nutri­entes nos oceanos. Isso ocorre em con­se­quên­cia do despe­jo de esgo­to e água não trata­da. “É necessário quan­tificar mel­hor as fontes dom­i­nantes de azo­to (N) e fós­foro ℗ em todos os grandes ecos­sis­temas mar­in­hos para desen­volver estraté­gias e políti­cas para a sua redução”, reg­is­tra o relatório.

Tan­to a eutrofiza­ção como a acid­i­fi­cação afe­tam as pop­u­lações de algas. Ao mes­mo tem­po em que prej­u­dicam espé­cies impor­tantes para o equi­líbrio ecológi­co, favore­cem a pro­lif­er­ação noci­va de out­ras. “Entre as aprox­i­mada­mente 10 mil espé­cies de fito­plânc­ton mar­in­ho pre­sentes hoje nos oceanos do mun­do, cer­ca de 200 táx­ons pro­duzem tox­i­nas”, apon­ta o doc­u­men­to.

Alimentos

Há tam­bém pre­ocu­pações com a quan­ti­dades plás­ti­cos no oceano, que aumen­tam em um rit­mo cada vez mais inten­so des­de a déca­da de 1990. Diver­sos estu­dos têm iden­ti­fi­ca­do o con­sumo de microplás­ti­cos por peix­es, o que pode traz­er riscos à saúde. “Mecan­is­mos globais para ras­trear a exten­são e dis­tribuição da poluição por nutri­entes e plás­ti­cos nos nos­sos oceanos são urgen­te­mente necessários para apoiar estraté­gias de mit­i­gação e adap­tação”.

A pub­li­cação lem­bra ain­da que o cresci­men­to pop­u­la­cional mundi­al dos próx­i­mos 25 anos, esti­man­do em 2 bil­hões de pes­soas, aumen­tará a pressão sobre a pro­dução de ali­men­tos. Nesse con­tex­to, a sus­tentabil­i­dade da vida mar­in­ha é cru­cial, ten­do em vista que ani­mais aquáti­cos e algas são impor­tantes fontes de ali­men­tação.

“A pro­dução da pesca e da aqui­cul­tura con­tin­ua a crescer, atingin­do um recorde de 218 mil­hões de toneladas em 2021. Uma apre­ci­ação e com­preen­são mais pro­fun­das do papel que os ali­men­tos aquáti­cos podem desem­pen­har são essen­ci­ais para aproveitar a sua capaci­dade úni­ca de enfrentar os desafios nutri­cionais, soci­ais e ambi­en­tais do sis­tema ali­men­tar no futuro”, con­clui o relatório.

Edição: Denise Griesinger

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