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Mais recente membro do G20, União Africana representa 55 países

Continente tem economia de US$ 3 trilhões e 1,4 bilhão de pessoas

Vitor Abdala — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 13/11/2024 — 07:32
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ) 23/07/2024 - Símbolo do G20 na Reunião Ministerial de Desenvolvimento. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

A mais recente reunião de cúpu­la do G20, em setem­bro do ano pas­sa­do, na Índia, ter­mi­nou com algo além da tradi­cional declar­ação de líderes. Pela primeira vez, nos 24 anos de existên­cia do grupo de nações, que rep­re­sen­tam algu­mas das prin­ci­pais econo­mias do mun­do, um novo mem­bro foi adi­ciona­do: a União Africana, orga­ni­za­ção inter­na­cional que rep­re­sen­ta 55 país­es da África, os quais somam um Pro­du­to Inter­no Bru­to (PIB) de US$ 2,86 tril­hões e uma pop­u­lação de 1,4 bil­hão de pes­soas, segun­do o Fun­do Mon­etário Inter­na­cional (FMI).

O G20 foi cri­a­do em 1999, como uma instân­cia de encon­tros e dis­cussões entre min­istros da Fazen­da e pres­i­dentes de ban­cos cen­trais da União Europeia e de 19 país­es: Brasil, Esta­dos Unidos, Chi­na, Reino Unido, Japão, Ale­man­ha, França, Rús­sia, Índia, Itália, Canadá, Indonésia, Cor­eia do Sul, Méx­i­co, Argenti­na, Aus­trália, Arábia Sau­di­ta, África do Sul e Turquia.

A par­tir de 2008, o grupo pas­sou a reunir tam­bém os líderes do Poder Exec­u­ti­vo dess­es país­es (pres­i­dentes, primeiros-min­istros, monar­cas). A pro­pos­ta de inclusão da União Africana foi ofi­cial­iza­da pelos anfitriões da cúpu­la de 2023, os indi­anos, mas o assun­to já vin­ha sendo dis­cu­ti­do ante­ri­or­mente.

Em 2022, durante encon­tro Esta­dos Unidos-Líderes Africanos, o pres­i­dente norte-amer­i­cano, Joe Biden, por exem­p­lo, já tin­ha defen­di­do o ingres­so ofi­cial da União Africana no G20. Des­de 2010, o grupo de nações da África já vin­ha reg­u­lar­mente par­tic­i­pan­do dos encon­tros de cúpu­la, como uma das orga­ni­za­ções inter­na­cionais con­vi­dadas.

Em declar­ação na cúpu­la de 2023, os líderes do G20 anun­cia­ram que acred­i­tavam que a inclusão da União Africana no grupo con­tribuiria de for­ma sig­ni­fica­ti­va para enfrentar os prob­le­mas globais do nos­so tem­po.

“A África desem­pen­ha um papel impor­tante na econo­mia glob­al. Com­pro­m­e­te­mo-nos a reforçar os nos­sos laços e a apoiar a União Africana na con­cretiza­ção das aspi­rações da Agen­da 2063”, infor­mou o doc­u­men­to divul­ga­do pelos líderes, no ano pas­sa­do.

O ingres­so da União Africana rep­re­sen­ta a par­tic­i­pação indi­re­ta de mais 54 nações africanas, uma vez que a África do Sul já tin­ha assen­to no grupo das maiores econo­mias do mun­do.

Assim, o G20 pas­sa a con­tar com a rep­re­sen­ta­tivi­dade, dire­ta ou indi­re­ta, de 97 país­es, ou seja, quase metade das nações sober­anas do plan­e­ta. Isso porque, além dos 19 país­es já rep­re­sen­ta­dos indi­vid­ual­mente e dos out­ros 54 mem­bros da União Africana (além da África do Sul), out­ros 24 são indi­re­ta­mente rep­re­sen­ta­dos pela União Europeia (além de Ale­man­ha, França e Itália).

“A par­tic­i­pação da União Africana no G20, que con­tou com o forte apoio brasileiro, é um mar­co da ampli­ação da rep­re­sen­ta­tivi­dade da com­posição do G20. Ela acon­tece no momen­to em que o mun­do se debruça sobre questões rela­cionadas às mudanças que temos que ado­tar diante da crise climáti­ca e da pro­moção da segu­rança ali­men­tar”, afir­ma o diplo­ma­ta Anto­nio Augus­to Mar­tins Cesar, do Cen­tro Brasileiro de Relações Inter­na­cionais (Cebri).

Ele expli­ca que o con­ti­nente africano detém as prin­ci­pais reser­vas min­erais para a real­iza­ção da tran­sição energéti­ca de baixo car­bono.

“Além dis­so, quan­do falam­os de segu­rança ali­men­tar, temos que con­tem­plar as várias situ­ações de crises ali­menta­res e de pro­dução agrí­co­la que exis­tem no con­ti­nente. Mas tam­bém o poten­cial, ten­do em con­ta o per­centu­al de ter­ras aráveis exis­tentes no con­ti­nente em relação à total­i­dade mundi­al”, afir­ma o diplo­ma­ta.

Papel estratégico

O pro­fes­sor do Insti­tu­to de Estu­dos Estratégi­cos da Uni­ver­si­dade Fed­er­al Flu­mi­nense (UFF) Adri­ano de Freixo desta­ca que os país­es da União Africana rep­re­sen­tam uma fatia rel­e­vante da econo­mia mundi­al e têm um papel estratégi­co na tran­sição energéti­ca, além de uma grande quan­ti­dade de ter­ras disponíveis para a agri­cul­tura.

“País­es que com­põem a União Africana têm um PIB aprox­i­ma­do de 3 tril­hões de dólares, sem falar na grande quan­ti­dade de reser­vas min­erais. Sua par­tic­i­pação como mem­bro efe­ti­vo do G20 pode aju­dar a resolver uma série de prob­le­mas que a África ain­da tem”, ressalta o pro­fes­sor.

Para ele, para que o poten­cial da África seja ple­na­mente desen­volvi­do é impor­tante que haja esta­bil­i­dade no con­ti­nente.

“Ain­da exis­tem muitos con­fli­tos no con­ti­nente, muitas guer­ras civis que deixaram muitas mar­cas. Algu­mas ain­da são feri­das aber­tas que pre­cisam ser fechadas. Ou seja, é impor­tante procu­rar con­stru­ir a esta­bil­i­dade na região para que todos ess­es recur­sos pos­sam ser aproveita­dos, inclu­sive para mel­ho­rar as condições de vida das pop­u­lações locais e não somente para aten­der os inter­ess­es do oci­dente ou das potên­cias emer­gentes. Nesse aspec­to a par­tic­i­pação do G20 pode ser bas­tante impor­tante”, acres­cen­ta de Freixo.

A União Africana foi cri­a­da em jun­ho de 2002, como suces­so­ra da Orga­ni­za­ção da Unidade Africana, que havia surgi­do em 1963, como uma for­ma de unir os país­es recém inde­pen­dentes do con­ti­nente e se livrar de qual­quer vestí­gio remanes­cente do perío­do colo­nial.

Brasília (DF) 13/11/2024 - G20/União Africana Arte EBC
Repro­dução: Arte EBC

Além dos 54 país­es africanos mem­bros da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU), a União Africana tam­bém inclui a Repúbli­ca Saa­raui (Saara Oci­den­tal), que não tem recon­hec­i­men­to inter­na­cional pleno, uma vez que Mar­ro­cos reivin­di­ca e con­tro­la parte de seu ter­ritório.

Segun­do a própria União Africana, suas ações são guiadas pela visão de “uma África integra­da, próspera e pací­fi­ca, dirigi­da por seus próprios cidadãos e rep­re­sen­tan­do uma força dinâmi­ca na are­na glob­al”.

Em maio de 2013, em comem­o­ração aos 50 anos da cri­ação da Orga­ni­za­ção da Unidade Africana, foi lança­da a Agen­da 2063, que é um plano dire­tor com ações para trans­for­mar a África em uma potên­cia glob­al do futuro.

“A União Africana é uma orga­ni­za­ção muito sofisti­ca­da em vários sen­ti­dos. É das mais sofisti­cadas orga­ni­za­ções de inte­gração exis­tentes. Ela con­ta com uma comis­são, que tem uma presidên­cia e tem um pres­i­dente de turno que é escol­hi­do por rota­tivi­dade region­al e que é pre­si­di­da pelo pres­i­dente de algum país. A comis­são é com­pos­ta por várias unidades que se ocu­pam de temas que vão des­de econo­mia e inte­gração até mes­mo a base de segu­rança. Existe uma arquite­tu­ra de paz e segu­rança na União Africana que é muito sofisti­ca­da”, afir­ma Cesar.

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