...
quarta-feira ,11 setembro 2024
Home / Cultura / Manuscritos e primeiras edições recontam história de Machado de Assis

Manuscritos e primeiras edições recontam história de Machado de Assis

Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Meta é resgatar o espírito do escritor, diz coordenadora da mostra


Pub­li­ca­do em 18/11/2023 — 10:01 Por Daniel Mel­lo — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

ouvir:

A Ocu­pação Macha­do de Assis, aber­ta à vis­i­tação neste sába­do (18), não tem uma ordem cronológ­i­ca ou cam­in­ho prévio a ser per­cor­ri­do. A ideia de que cada pes­soa naveg­ue livre­mente pelos man­u­scritos orig­i­nais, primeiras edições, fotos e vídeos foi pen­sa­da a par­tir dos próprios livros do escritor.

“A gente quis res­gatar o espíri­to do Macha­do, daque­le sen­ti­men­to que ele provo­ca nos leitores, que as pes­soas, den­tro da sua obra acabam fazen­do as escol­has tam­bém, as com­preen­sões que elas mes­mas têm da nar­ra­ti­va”, expli­ca a coor­de­nado­ra de Curado­rias e Pro­gra­mação Artís­ti­ca do Itau Cul­tur­al, Andreia Schi­nasi. O espaço, local­iza­do na Aveni­da Paulista, região cen­tral da cap­i­tal, recebe a mostra em hom­e­nagem ao escritor.

Nas vit­rines, muitas das primeiras edições de vários livros de um dos mais impor­tantes escritores brasileiros e de lín­gua por­tugue­sa, como Quin­cas Bor­ba, de 1891 e Des­en­can­tos: fan­ta­sia dramáti­ca, de 1861. Ao lado, em muitos casos, os con­tratos com os edi­tores em que ven­dia os dire­itos sobre sua obra. Ness­es orig­i­nais é pos­sív­el desco­brir, entre out­ros detal­h­es, que o romance Esaú e Jacó se chamaria, ini­cial­mente, Últi­mo, entre out­ras rasur­as que nun­ca foram pub­li­cadas.

Há ain­da doc­u­men­tos menos esper­a­dos, como um pare­cer de 1862, a respeito da tradução da comé­dia Os Nos­sos Ínti­mos, do francês Vic­to­rien Sar­dou, do perío­do em que tra­bal­hou como cen­sor teatral.

Vozes negras

O espaço se inspi­ra na dec­o­ração do sécu­lo 19, a par­tir da mobília que Macha­do usa­va em sua casa, no número 18 da Rua Cosme Vel­ho, no Rio de Janeiro. É pos­sív­el sen­tar em cadeiras com o esti­lo da época para assi­s­tir os vídeos em que atrizes negras inter­pre­tam tre­chos das poe­sias, peças e romances do escritor. “A gente está diante tam­bém de um Macha­do que foi embran­que­ci­do. Então, por isso tam­bém que a gente, a par­tir dos doc­u­men­tos, a par­tir de várias anális­es críti­cas que estão dis­tribuí­das aqui tam­bém no audio­vi­su­al, e essa coisa das leituras, tam­bém faz um para­le­lo com a con­tem­po­ranei­dade”, expli­ca Andreia sobre a opção de mar­car a negri­tude de Macha­do, que muitas vezes, foi retrata­do como um homem bran­co.

São Paulo (SP), 17.11.2023 - Vida e obra de Machado de Assis ganham exposição no piso Paulista do Itaú Cultural. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Vida e obra de Macha­do de Assis gan­ham exposição no piso Paulista do Itaú Cul­tur­al. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Entre as vozes que fazem parte desse tra­bal­ho estão Elisa Lucin­da, Aysha Nasci­men­to, Clei­de Queiróz e Juçara Marçal, dirigi­das por Edi Car­doso. Assim como toda a exposição é pen­sa­da a par­tir da aces­si­bil­i­dade, os vídeos têm tradução em libras.

As crôni­cas, tex­tos críti­cos e poe­mas pub­li­ca­dos pelo escritor em jor­nais tam­bém podem ser con­sul­ta­dos em um vol­ume que reuniu esse mate­r­i­al espe­cial­mente para a exposição. Pode ser lido, por exem­p­lo, o sone­to À Ilma Sra. D.P.J.A., pub­li­ca­do em 1854 no Per­iódi­co dos Pobres, con­sid­er­a­do o primeiro poe­ma de Macha­do a chegar aos jor­nais.

Xadrez e grego

Um tab­uleiro de xadrez lem­bra da paixão que o escritor tin­ha pelo jogo. As peças repro­duzem as encon­tradas na casa do autor. Estu­dos de Macha­do em grego com­põe o lado eru­di­to do escritor, enquan­to as fotos de seu enter­ro, com o caixão car­rega­do por escritores famosos e obser­va­do por uma mul­ti­dão, mostram que o escritor tin­ha ape­lo pop­u­lar.

Um globo ter­restre inter­a­ti­vo per­mite que se escutem tre­chos do livro Dom Cas­mur­ro escrito para alguns dos diver­sos idiomas que foi traduzi­do para o japonês, árabe e alemão. A exposição acon­tece em para­le­lo com o lança­men­to, em 26 vol­umes, de todas as pub­li­cações que Macha­do lançou em vida, pela edi­to­ra Todavia.

A mostra vai até 4 de fevereiro de 2024 e é gra­tui­ta.

Edição: Valéria Aguiar

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Falta de chuvas deixa em alerta cidades da região metropolitana do Rio

Repro­dução: © Jef­fer­son Rudy/Agência Sena­do Cedae pede aos consumidores que usem água de forma equilibrada …