...
segunda-feira ,10 fevereiro 2025
Home / Mulher / Marcha das Margaridas deve reunir mais de 100 mil mulheres em Brasília

Marcha das Margaridas deve reunir mais de 100 mil mulheres em Brasília

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver é o tema neste ano


Pub­li­ca­do em 15/08/2023 — 07:20 Por Daniel­la Almei­da — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

ouvir:

Mais de 100 mil mul­heres brasileiras do cam­po, da flo­res­ta, das águas e das cidades, além de rep­re­sen­tantes de 33 país­es, são esper­adas nes­ta terça (15) e quar­ta-feira em Brasília, na 7ª Mar­cha das Mar­gari­das. O even­to, coor­de­na­do pela Con­fed­er­ação Nacional dos Tra­bal­hadores na Agri­cul­tura (Con­tag), fed­er­ações e sindi­catos fil­i­a­dos e 16 orga­ni­za­ções par­ceiras, ocorre a cada qua­tro anos e a edição de 2023 tem o lema Pela Rrcon­strução do Brasil e pelo bem viv­er. 

São tra­bal­hado­ras rurais, indí­ge­nas, quilom­bo­las, ribeir­in­has, sem-ter­ra, extra­tivis­tas, da comu­nidade LGBTQIA+ e morado­ras de cen­tros urbanos. Para a Con­tag, a mar­cha é a maior ação políti­ca de mul­heres da Améri­ca Lati­na.

Pautas

As prin­ci­pais deman­das reivin­di­cadas este ano pelas “mar­gari­das” estão divi­di­das em 13 eixos políti­cos que serão debati­dos nos dois dias do even­to:

Democ­ra­cia par­tic­i­pa­ti­va e sobera­nia pop­u­lar;

Poder e par­tic­i­pação políti­ca das mul­heres;

Vida livre de todas as for­mas de vio­lên­cia, sem racis­mo e sem sex­is­mo;

Autono­mia e liber­dade das mul­heres sobre o seu cor­po e a sua sex­u­al­i­dade;

Pro­teção da natureza com justiça ambi­en­tal e climáti­ca;

Autode­ter­mi­nação dos povos, com sobera­nia ali­men­tar, hídri­ca e energéti­ca;

Democ­ra­ti­za­ção do aces­so à ter­ra e garan­tia dos dire­itos ter­ri­to­ri­ais e dos maretórios;

Dire­ito de aces­so e uso da bio­di­ver­si­dade, defe­sa dos bens comuns;

Vida saudáv­el com agroe­colo­gia e segu­rança ali­men­tar e nutri­cional;

Autono­mia econômi­ca, inclusão pro­du­ti­va, tra­bal­ho e ren­da;

Saúde, Pre­v­idên­cia e Assistên­cia Social públi­ca, uni­ver­sal e solidária;

Edu­cação Públi­ca não sex­ista e antir­racista e dire­ito à edu­cação do e no cam­po;

Uni­ver­sal­iza­ção do aces­so à inter­net e inclusão dig­i­tal.

A coor­de­nado­ra-ger­al da Mar­cha das Mar­gari­das e secretária de Mul­heres da Con­tag, a piauiense Mazé Morais, comen­tou, em entre­vista à Agên­cia Brasil, a expec­ta­ti­va para a mar­cha e a pau­ta con­struí­da em diver­sas reuniões real­izadas des­de 2021 pelo país. “Con­struí­mos uma pau­ta e a entreg­amos ao gov­er­no [fed­er­al] em 21 de jun­ho. Um gov­er­no do cam­po pop­u­lar democráti­co. A nos­sa expec­ta­ti­va é que as autori­dades, no ato de encer­ra­men­to da mar­cha, pos­sam, de fato, faz­er anún­cios rel­e­vantes em relação às políti­cas públi­cas, a pro­gra­mas, espaços impor­tantes, que real­mente causem impacto na vida das mul­heres em todos os ter­ritórios do Brasil”.

Conquistas

“Essa é a mar­cha da esper­ança, porque esta­mos muito con­fi­antes quan­to à retoma­da dos pro­gra­mas, das políti­cas, con­quis­tas, que ao lon­go do cam­in­har de mui­ta luta, nós, as mar­gari­das, con­quis­ta­mos. Infe­liz­mente, muitas delas foram reti­radas, extin­tas. Então, há uma expec­ta­ti­va muito grande de que vai ser uma grandiosa mar­cha, com a rep­re­sen­ta­tivi­dade lin­da da diver­si­dade que somos todas nós”.

A min­is­tra das Mul­heres, Cida Gonçalves, disse que nos últi­mos meses a pas­ta tra­bal­hou em parce­ria com out­ros min­istérios para garan­tir respostas às diver­sas reivin­di­cações das mar­gari­das. “Des­de ações de enfrenta­men­to à vio­lên­cia con­tra as mul­heres e garan­tia da autono­mia econômi­ca, à pro­teção dos bio­mas e justiça climáti­ca, por exem­p­lo”.

“Hoje, temos um gov­er­no que respei­ta as mul­heres do cam­po, da flo­res­ta e das águas e que tem a par­tic­i­pação social como eixo fun­da­men­tal na con­strução e imple­men­tação de políti­cas públi­cas. Então, a Mar­cha das Mar­gari­das é essa força que move estru­turas e que impul­siona o Brasil rumo ao desen­volvi­men­to sus­ten­táv­el, ao bem viv­er”.

Inspiração

Des­de 2000, o nome da mar­cha é uma hom­e­nagem a Mar­gari­da Maria Alves, ex-pres­i­dente do Sindi­ca­to dos Tra­bal­hadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraí­ba. Ela foi assas­si­na­da em 12 de agos­to de 1983, dev­i­do à luta pelos dire­itos da cat­e­go­ria. Des­de então, a lid­er­ança se tornou sím­bo­lo da resistên­cia de mil­hares de home­ns e mul­heres que bus­cam justiça e dig­nidade. Lat­i­fundiários da região são sus­peitos do homicí­dio. Mas, até hoje, o crime segue sem solução e os man­dantes não foram con­de­na­dos.

O caso de Mar­gari­da Maria Alves chegou à Comis­são Inter­amer­i­cana de Dire­itos Humanos da Orga­ni­za­ção dos Esta­dos Amer­i­canos (OEA), onde, de acor­do com o Min­istério dos Dire­itos Humanos e da Cidada­nia, se tornou um mar­co na denún­cia das vio­lações sis­temáti­cas dos dire­itos fun­da­men­tais. Em abril de 2020, a comis­são pub­li­cou o Relatório de Méri­to 31/20 sobre o caso. O doc­u­men­to con­cluiu que o Esta­do brasileiro é respon­sáv­el pela vio­lação dos dire­itos à vida, inte­gri­dade pes­soal, pro­teção e garan­tias judi­ci­ais de Mar­gari­da Alves e as pes­soas indi­cadas no relatório inter­na­cional. O relatório ain­da faz recomen­dações ao Esta­do brasileiro sobre como reparar inte­gral­mente os famil­iares da víti­ma; a inves­ti­gação efe­ti­va para esclare­cer os fatos; o for­t­alec­i­men­to do Pro­gra­ma de Pro­teção a Defen­sores de Dire­itos Humanos, con­cen­tran­do-se na pre­venção de atos de vio­lên­cia.

Qua­tro décadas após o assas­si­na­to da paraibana, a secretária Mazé Morais defende a memória da sindi­cal­ista que lutou pelos tra­bal­hadores do cam­po. “Mar­gari­da será sem­pre a nos­sa inspi­rado­ra e é por isso que a gente segue em mar­cha”.

Edição: Graça Adju­to

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Hoje é Dia: vôlei e 100 anos de Heleno de Freitas são destaques

Confira as principais efemérides da semana na seção Hoje é Dia Edgard Mat­su­ki — Repórter …