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Matemática é estudo, prática, persistência e sorte, diz medalhista

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Artur Avila ganhou, em 2014, a Medalha Field, o Nobel da Matemática


Publicado em 20/08/2024 — 09:02 Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil  — Rio de Janeiro

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Ser bom em matemáti­ca não é mera­mente uma questão de tal­en­to. Não se nasce com uma propen­são a gostar ou não de números e isso por si só, garante o suces­so na área. É algo que é con­quis­ta­do com muito estu­do, mui­ta práti­ca, per­sistên­cia e, tam­bém, um pouco de sorte.

Artur Avi­la é uma das pes­soas que reuniu essas car­ac­terís­ti­cas, que jun­ta­va uma pil­ha de livros e de exer­cí­cios no quar­to, onde pas­sa­va os dias estu­dan­do. Em 2014, ele se tornou o primeiro a rece­ber a Medal­ha Fields na Améri­ca do Sul – medal­ha con­heci­da como Nobel da Matemáti­ca.

Rio de Janeiro (RJ) 19/08/2024 – O matemático Artur Avila, que há 10 anos recebeu a Medalha Fields, dá palestra aos alunos do IMPA Tech, o primeiro curso de graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro – O matemáti­co Artur Avi­la, que há 10 anos rece­beu a Medal­ha Fields, dá palestra aos alunos do IMPA Tech, o primeiro cur­so de grad­u­ação do Insti­tu­to de Matemáti­ca Pura e Apli­ca­da. Foto:Fernando Frazão/Agência Brasil

Dez anos depois da Fields, nes­sa segun­da-feira (19), ele con­ver­sou com estu­dantes do segun­do semes­tre da grad­u­ação do Impa Tech, o primeiro cur­so de grad­u­ação do Insti­tu­to de Matemáti­ca Pura e Apli­ca­da (Impa), no Rio de Janeiro. Insti­tu­ição onde o próprio Ávi­la fez a pós-grad­u­ação. A palestra mar­cou o iní­cio das aulas do semes­tre.

Matemáti­ca é muitas vezes, na esco­la, o ter­ror de muitos brasileiros. Avali­ações nacionais e inter­na­cionais mostram que o Brasil ain­da pre­cisa avançar muito na área. Segun­do o Pro­gra­ma Inter­na­cional de Avali­ação de Estu­dantes (Pisa), ape­nas um a cada qua­tro alunos brasileiros alcançou (27%) o nív­el 2 de profi­ciên­cia em matemáti­ca, con­sid­er­a­do o pata­mar mín­i­mo de apren­diza­do. A média dos país­es da Orga­ni­za­ção para a Coop­er­ação e Desen­volvi­men­to Econômi­co (OCDE) na dis­ci­plina é 69%.

O Impa Tech pode ser a pro­va de que isso aos poucos está mudan­do. Avi­la reforça aos estu­dantes que não é pre­ciso ter um tal­en­to nato, talvez isso nem exista, mas sim, per­sistên­cia e mui­ta práti­ca. “Matemáti­ca não é tipo assi­s­tir um esporte. Tem que faz­er. Então fazen­do eu vi o que que era”, disse o matemáti­co.

Ele con­tou que sem­pre procurou enten­der o que estu­da­va, mes­mo que isso sig­nifi­cas­se estu­dar menos coisas, mas de fato aprendê-las: “É mais impor­tante você apren­der bem. Mate­r­i­al demais mal apren­di­do não leva a muito. Os con­ceitos que real­mente eu uso, os con­ceitos que são real­mente usa­dos, não são tan­tos assim, mas são muito bem fun­da­men­ta­dos e muito rig­orosa­mente esta­b­ele­ci­dos”.

Nas esco­las e uni­ver­si­dades, por exem­p­lo, isso pode faz­er difer­ença: “Às vezes a pes­soa é pen­sa­da para ensi­nar um pouco de tudo, de uma maneira que tem tan­tas aulas, que você não tem a pos­si­bil­i­dade de o estu­dante apren­der bem. Eu tive sorte, pelo Impa eram seis horas de aula por sem­ana. Então, dava tem­po de ten­tar apren­der e apren­der bem”, reforçou Avi­la.

Per­gun­ta­do por um dos estu­dantes se acred­i­ta­va na existên­cia de um tal­en­to nato, ele disse que são muitos os fatores que lev­am a bons resul­ta­dos. “A per­sistên­cia con­ta muito. O tal­en­to sem a per­sistên­cia nor­mal­mente não te leva”, disse e acres­cen­tou que muitas vezes é pre­ciso perce­ber o momen­to de tra­bal­har deter­mi­na­da questão, ter a habil­i­dade de olhá-la por uma per­spec­ti­va difer­ente ou mes­mo perce­ber que o con­hec­i­men­to avançou o sufi­ciente para resolver deter­mi­na­dos prob­le­mas. Ele com­parou com o fute­bol: “Bota um Romário, se a bola apare­cer na frente, ele faz o gol. Mas ele talvez não saia cor­ren­do atrás da bola o tem­po todo, deses­per­a­do”.

O Impa Tech é um cur­so de ensi­no supe­ri­or finan­cia­do pelo gov­er­no fed­er­al por meio do Min­istério de Ciên­cia, Tec­nolo­gia e Ino­vação (MCTI) e do Min­istério da Edu­cação (MEC). O bachare­la­do em Matemáti­ca da Tec­nolo­gia e Ino­vação tem qua­tro anos de duração e tem o obje­ti­vo de capac­i­tar os estu­dantes para entrar de for­ma efe­ti­va no mer­ca­do de tec­nolo­gia e ino­vação. O cur­so é for­ma­do por um ciclo bási­co de um ano e meio. Em segui­da, os alunos escol­hem entre qua­tro ênfas­es: matemáti­ca, ciên­cia da com­putação, ciên­cia de dados ou físi­ca.

Rio de Janeiro (RJ) 19/08/2024 – O estudante Tomaz Cavalcante, aluno do IMPA Tech, curso de graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, fala sobre palestra com o matemático Artur Avila. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro  – O estu­dante Tomaz Cav­al­cante, aluno do IMPA Tech, cur­so de grad­u­ação do Insti­tu­to de Matemáti­ca Pura e Apli­ca­da, fala sobre palestra com o matemáti­co Artur Avi­la. Foto: Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Os estu­dantes da primeira tur­ma vêm de diver­sas regiões do país. A seleção leva em con­sid­er­ação o Exame Nacional do Ensi­no Médio (Enem) e tam­bém a par­tic­i­pação em olimpíadas, como a Olimpía­da Brasileira de Matemáti­ca das Esco­las Públi­cas (Obmep).

Um dess­es estu­dantes é Tomaz Cav­al­cante, 18 anos. Ele é do Recife e des­de cedo desco­briu a paixão pelos números. “Eu tin­ha 10 ou 11 anos”, disse. “Eu acho um grande priv­ilé­gio a gente poder ter uma palestra e con­ver­sar com uma pes­soa tão impor­tante. Eu acho que con­tribui bas­tante com as per­spec­ti­vas que temos e reforça o fato de que a gente está estu­dan­do aqui pode servir. Eu sem­pre quis faz­er uma coisa que pudesse impactar e faz­er bem pra sociedade”.

Rio de Janeiro (RJ) 19/08/2024 – A estudante Bianca Morena, aluna do IMPA Tech, curso de graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, fala sobre palestra com o matemático Artur Avila. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro – A estu­dante Bian­ca More­na, alu­na do IMPA Tech, cur­so de grad­u­ação do Insti­tu­to de Matemáti­ca Pura e Apli­ca­da Foto: Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

“Matemáti­ca sem­pre foi min­ha matéria favorita. Des­de quan­do eu era cri­ança, era algo que me deix­a­va muito feliz. Poder desco­brir coisas novas, espe­cial­mente envol­ven­do os números”, com­ple­men­tou Bian­ca More­na, 18 anos, que é de For­t­aleza. Em uma área pre­dom­i­nan­te­mente mas­culi­na, Bian­ca mostra que isso tam­bém está mudan­do. Ela encon­trou na grad­u­ação um ambi­ente acol­he­dor. “Por ser meni­na sem­pre tem um receio do que as out­ras pes­soas vão achar, mas atual­mente tá sendo uma exper­iên­cia muito pos­i­ti­va. Eu con­sidero que as meni­nas daqui são mais unidas do que o nor­mal e os meni­nos tam­bém”.

Edição: Aécio Ama­do

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