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Material escolar reaproveitado ajuda famílas a economizar nas compras

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Até livros didáticos podem ser reutilizados, ensinam especialistas


Pub­li­ca­do em 22/01/2022 — 18:17 Por Lud­mil­la Souza – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

Mais um ano leti­vo se aprox­i­ma, e os pais têm que dar a atenção aos fil­hos em férias e, ao mes­mo tem­po, cuidar da com­pra do mate­r­i­al esco­lar. Em grande parte das esco­las, a vol­ta às  aulas está pro­gra­ma­da para fevereiro. Com esti­ma­ti­va de alta de até 30% nos preços do mate­r­i­al esco­lar, uma das alter­na­ti­vas é reaproveitar os itens do ano ante­ri­or.

É o que pre­tende faz­er a dona de casa Aman­da Oliveira do Nasci­men­to. Mãe de Ana Luísa, de 6 anos, que vai para a 1ª série do ensi­no fun­da­men­tal em uma esco­la par­tic­u­lar no Rio de Janeiro, Aman­da diz que vai reaproveitar alguns itens, como lápis, bor­racha e apon­ta­dor.

A dona de casa, que já com­prou os demais itens da lista, con­sta­tou aumen­to de preços do mate­r­i­al esco­lar. “Aumen­taram jus­ta­mente quan­do começou a cam­pan­ha da vol­ta às aulas. Por exem­p­lo, um cader­no brochu­ra de 96 fol­has, esta­va por R$ 7,90, no mes­mo dia que colo­quei no car­rin­ho do aplica­ti­vo, aumen­tou para R$ 9,90 antes de eu con­seguir finalizar a com­pra.”

A edu­cado­ra finan­ceira Lore­lay Lopes diz que reuti­lizar o que está con­ser­va­do é uma boa alter­na­ti­va para econ­o­mizar. “Guardan­do o mate­r­i­al do ano ante­ri­or, a pes­soa vai ape­nas repon­do o necessário. Isso vale, por exem­p­lo, para lápis de cor e canet­inhas, pri­or­ize a mar­ca. Assim, você pega aque­la cor que desa­pare­ceu da sobra de anos ante­ri­ores. Bor­rachas de qual­i­dade duram muito. O prin­ci­pal é con­sci­en­ti­zar a cri­ança de que, ao com­prar algo ape­nas para ter uma coisa nova, gera-se lixo desnec­es­sari­a­mente. O resul­ta­do é econo­mia e edu­cação.”

Lore­lay indi­ca o comér­cio eletrôni­co para faz­er a com­para­ção de preços. “Quan­to ao que pre­cisa real­mente ser com­pra­do, a inter­net está aí para que pos­samos com­parar preços. Com muitos sites ofer­e­cen­do frete grátis, com­prar tudo pela inter­net sal­va seu tem­po e seu din­heiro.”

No entan­to, o ambi­ente vir­tu­al tam­bém pode ser um influ­en­ci­ador para cri­anças dese­jarem mate­ri­ais novos e difer­entes, ressalta a edu­cado­ra finan­ceira. “A inter­net está cheia de vídeos com cri­anças expon­do mate­r­i­al esco­lar impor­ta­do. Mas tam­bém tem muito con­teú­do sobre como reaproveitar o mate­r­i­al anti­go. Fique de olho nas influên­cias, no por quê as cri­anças acham tão impor­tante ter tudo novo na vol­ta às aulas. Con­sci­en­tize, explique o impacto das com­pras”, recomen­da Lore­lay.

Já a anal­ista finan­ceira Rosana Archi­la Miche­lin, mãe de Diego, que vai para o 3° ano do ensi­no fun­da­men­tal em uma esco­la públi­ca de São Paulo, não pre­cisa se pre­ocu­par com a com­pra de mate­r­i­al esco­lar. É que o esta­do fornece kits de mate­r­i­al esco­lar para os estu­dantes.

Mes­mo assim, Rosana diz que reaproveitará mate­r­i­al do ano pas­sa­do porque a entre­ga dos kits é fei­ta em mea­d­os de fevereiro, depois de ini­ci­adas as aulas. “O kit vem com uma quan­ti­dade que dá para aproveitar nos out­ros anos. Então, aproveito os lápis de escr­ev­er, apon­ta­dor, régua, bor­racha e cola bran­ca”. Na rede públi­ca, os livros tam­bém são forneci­dos pelo esta­do.

Livros usados

Repro­dução: Com­pra­dos em sebos ou de out­ros alunos, livros usa­dos aju­dam a reduzir gas­to com mate­r­i­al — José Cruz/Arquivo/Agência Brasil

A empresária Clau­dia de Oliveira Rocha, mãe de Julia, de 14 anos, que vai começar o 1º ano do ensi­no médio em uma esco­la par­tic­u­lar de São Paulo, con­ta que a  úni­ca vez que con­seguiu aproveitar livros usa­dos foi quan­do a fil­ha tro­cou de colé­gio, em mea­d­os de 2019. “Con­segui os livros de uma alu­na que tin­ha muda­do para out­ra esco­la depois de ter com­pra­do os livros. E ain­da dois livros de história da arte que ela usou do 7º até o 9º ano.”

Segun­do Clau­dia, no colé­gio ante­ri­or, exis­tia a Ciran­da de Livros, que são livros de lit­er­atu­ra que os alunos leem ao lon­go do ano. “Estes eu con­seguia emprestar ou pegar empresta­do, às vezes, pois a própria esco­la não repetia. Então, os do Juan [fil­ho mais vel­ho], que já havia pas­sa­do da 5ª série, por exem­p­lo, às vezes, eu con­seguia emprestar para uma ami­ga quan­do o fil­ho dela chega­va à 5ª série.”

Para a edu­cado­ra finan­ceira Lore­lay, é impor­tante essa rede de con­tatos para tro­ca ou ven­da de livros usa­dos. “Use e abuse dos gru­pos de pais e mães do What­sApp. A tro­ca entre os anos faz toda difer­ença nes­sa hora. Ven­da os seus livros nos gru­pos de alunos que ingres­sam no ano esco­lar ante­ri­or ao de seu fil­ho e com­pre dos que estão um ano à frente. Sem ver­gonha de econ­o­mizar e cuidar do plan­e­ta.”

No entan­to, muitos livros didáti­cos das séries ini­ci­ais são inter­a­tivos, ou seja, usam recur­sos didáti­cos como jogos de recor­tar, ade­sivos, desen­hos para col­orir e lacu­nas de preenchi­men­to que invi­a­bi­lizam a reuti­liza­ção. O jeito é ficar de olhos nos descon­tos, como faz Aman­da, do Rio de Janeiro. “Nun­ca com­prei livros didáti­cos usa­dos. Porque a esco­la ofer­ece e dá descon­to pagan­do tudo de uma vez e tam­bém porque é o primeiro ano do ensi­no fun­da­men­tal.”

Eri­ca Car­doso, ger­ente de Mar­ket­ing e Comu­ni­cação da Estante Vir­tu­al, um sebo que vende livros usa­dos pela inter­net, expli­ca que 80% dos livros com­pra­dos no iní­cio do ano são semi­novos e usa­dos. “A procu­ra de para­didáti­cos é para todos os anos do ensi­no fun­da­men­tal ao ensi­no médio. Já os didáti­cos mais bus­ca­dos são os a par­tir do 6º ano.”

No caso dos livros em que os estu­dantes escrevem, muitos são aceitos, mas os didáti­cos têm algu­mas par­tic­u­lar­i­dades, diz Eri­ca. “Primeiro, é o fato de as edições terem tem­po de val­i­dade, que varia de dois a qua­tro anos. Nor­mal­mente, as esco­las pedem uma edição especí­fi­ca, a mais atu­al. Os livros didáti­cos no Brasil não são feitos para durar. Muitas coleções até que­bram o con­teú­do em um cader­no prin­ci­pal e um de exer­cí­cios, o que per­mite a com­pra sep­a­ra­da ape­nas da parte perecív­el, mas este não é um padrão uni­ver­sal.”

Livros já usa­dos ou com gri­fos e ano­tações podem ser ven­di­dos na Estante Vir­tu­al. “Todos os semi­novos e usa­dos disponíveis no site têm descrições detal­hadas dos vende­dores sobre o esta­do de con­ser­vação e condições gerais”, expli­ca Eri­ca, que lamen­ta o fato de edições muito anti­gas e de pub­li­cações com muitos exer­cí­cios feitos não serem atra­ti­vas e perderem val­or. “Já os para­didáti­cos, que são as leituras obri­gatórias e/ou sug­eri­das pelas esco­las, não sofrem tan­to esse efeito.”

Eri­ca ressalta que o cenário econômi­co tem impul­sion­a­do a procu­ra por livros usa­dos. “Esta­mos com aumen­to de vis­i­tas e de ven­das de 40% em relação ao mês de dezem­bro, muito pux­a­do pela bus­ca de livros didáti­cos. A com­pra de livros semi­novos e usa­dos é uma real­i­dade no atu­al cenário de inflação, com preços mais altos em tudo que é essen­cial. Então, vemos o sebo como uma opor­tu­nidade para os pais econ­o­mizarem neste perío­do em que a com­pra de mate­r­i­al didáti­co pesa no orça­men­to.”

Dicas para economizar

Repro­dução: Com­pra­dos em con­jun­to, no ata­ca­do, por gru­pos de pais, itens como lápis de cor ficam mais baratos — Arqui­vo Agên­cia Brasil

O edu­cador finan­ceiro Rober­to de Souza Bar­bosa, da Esco­la de Pais XD, tem dicas para que os pais econ­o­mizem na com­pra do mate­r­i­al esco­lar e recomen­da que estes ensinem edu­cação finan­ceira aos fil­hos:

– Faça uma lista do que é bási­co. “Algu­mas esco­las já ofer­e­cem aos alunos, mas, se este não for o seu caso, faça a própria lista e lem­bre-se de colo­car o que for real­mente bási­co, porque na papelar­ia há muitas coisas que são uma ten­tação aos olhos dos pais e dos fil­hos.”

– Pesquise em pelo menos três sites na inter­net e veja os orça­men­tos. “Com­pare os preços das lojas, olhe em aplica­tivos, que sem­pre têm pro­moções e ven­dem a preços acessíveis, pois, às vezes, mes­mo pagan­do o frete, os pro­du­tos ain­da saem mais baratos.”

– Cuida­do com as exigên­cias dos pequenos. Todos os pais e mães já devem ter pas­sa­do por isso: os fil­hos veem aque­les arti­gos col­ori­dos, com desen­hos, que cus­tam o trip­lo ou qua­tro vezes mais que os out­ros. “Esta­mos viven­do uma época em que toda econo­mia é bem-vin­da, seja a cur­to ou lon­go pra­zo. E esta­mos em um perío­do em que o IPTU e o IPVA vão começar a chegar. Por­tan­to, ten­ham equi­líbrio para agradar a cri­ança, mas não se endi­vi­dar com isso.”

– Com­pre em con­jun­to. “Junte-se a out­ros pais para com­prar o mate­r­i­al em con­jun­to, pois no ata­ca­do sai bem mais bara­to. Por exem­p­lo, ao invés de com­prar cin­co lápis de escr­ev­er, com­pra-se uma caixa fecha­da e divide-se com os demais. Haverá uma quan­ti­dade maior e ain­da sairá mais bara­to para todo mun­do.”

– Com­pre à vista. “Eu sei que talvez este não seja um bom momen­to, porém, se pud­er, pense a respeito, pois à vista é pos­sív­el con­seguir um descon­tin­ho maior, que vai aju­dar bas­tante.”

– Dê pri­or­i­dade ao que for urgente. “Se sua condição na hora da com­pra estiv­er difí­cil, pri­or­ize o que for urgente e com­pre o restante no decor­rer das aulas.”

Edição: Nádia Fran­co

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