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Menor tamanduá do mundo simboliza preservação de manguezal nordestino

Repro­dução: © Insti­tu­to Taman­duá /Fundação Grupo  Boticário

Mais de 30 tamanduaís foram identificados no Delta do Parnaíba


Publicado em 21/08/2024 — 09:28 Por Agência Brasil — Rio de Janeiro

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O taman­d­u­aí (Cyclopes didacty­lus), a menor espé­cie de taman­duá do mun­do, virou sím­bo­lo de con­ser­vação do manguezal no litoral nordes­ti­no. O pro­gra­ma do Insti­tu­to Taman­duá iden­ti­fi­cou mais de 30 ani­mais do tipo no Delta do Par­naí­ba. Estu­dos e ações de preser­vação têm avança­do des­de a cri­ação de uma base de pesquisa na região há qua­tro anos, com lab­o­ratório de cam­po com­ple­to. Reflo­resta­men­to, con­ser­vação de áreas e tur­is­mo de base comu­nitária são estraté­gias ado­tadas para pro­te­ger a bio­di­ver­si­dade local.

“Esse esforço para a con­ser­vação do taman­d­u­aí é emblemáti­co. Demon­stra a importân­cia de ampli­ar­mos os esforços para a pro­moção do con­hec­i­men­to cien­tí­fi­co para a pro­teção da bio­di­ver­si­dade e, tam­bém, a neces­si­dade de ampli­ação das unidades de con­ser­vação para que espé­cies como essa ten­ham áreas seguras e exten­sas des­ti­nadas ao seu desen­volvi­men­to”, diz a biólo­ga e ger­ente de Ciên­cia e Con­ser­vação da Fun­dação Grupo Boticário, Mar­i­on Sil­va.

O taman­d­u­aí mede cer­ca de 30 cen­tímet­ros e pesa até 400 gra­mas. Ele é solitário, de hábitos noturnos e pas­sa a maior parte do tem­po no alto das árvores. Na clas­si­fi­cação da Inter­na­tion­al Union Con­ser­va­tion of Nature (IUCN), o ani­mal aparece com o sta­tus “dados defi­cientes”, por ain­da se con­hecer pouco sobre a espé­cie. As pesquisas ini­ci­adas em 2008 têm mel­ho­ra­do a com­preen­são sobre a ocor­rên­cia do taman­d­u­aí nas Améri­c­as Cen­tral e do Sul. Exis­tem sete espé­cies do ani­mal.

“Acred­i­ta­va-se, até recen­te­mente, que ess­es pequenos taman­duás só ocor­ri­am na flo­res­ta amazôni­ca. Estu­dos genéti­cos indicam que os indi­ví­du­os do Delta do Par­naí­ba estão sep­a­ra­dos há 2 mil­hões de anos daque­les que vivem na Amazô­nia. Des­de estão, evoluem sep­a­ra­dos pela for­mação do delta e da Caatin­ga, que sep­a­rou a Mata Atlân­ti­ca da Amazô­nia há mil­hões de anos”, expli­ca a médi­ca vet­er­inária Flávia Miran­da, coor­de­nado­ra do Insti­tu­to Taman­duá e mem­bro da Rede de Espe­cial­is­tas em Con­ser­vação da Natureza (RECN).

O Delta do Par­naí­ba tem mais de 80 ilhas em uma área de quase 3 mil quilômet­ros quadra­dos. A área de manguezais é con­sid­er­a­da berçário da vida mar­in­ha e habi­tat para diver­sas espé­cies, como o peixe-boi, o guará e out­ros peix­es de val­or com­er­cial. Ape­sar de ain­da pouco con­heci­da, a região já é con­sid­er­a­da vul­neráv­el.

Os prin­ci­pais prob­le­mas são o tur­is­mo pre­datório, a pre­sença de ani­mais domés­ti­cos em áreas de manguezal e o inter­esse das usi­nas eóli­cas.

“Como toda região de conexão mar­in­ha, os manguezais enfrentam os desafios globais do oceano, como o aque­c­i­men­to das águas, a acid­i­fi­cação, o exces­so de plás­ti­co, entre out­ras ameaças”, afir­ma Miran­da.

Os pesquisadores têm procu­ra­do cri­ar soluções em con­jun­to com a pop­u­lação local.

“Con­seguimos cer­car algu­mas áreas de manguezal para evi­tar a entra­da de ani­mais domés­ti­cos, facil­i­tan­do a regen­er­ação nat­ur­al do ecos­sis­tema, e já restau­ramos quase 2 hectares com veg­e­tação nati­va. Pode não pare­cer uma área tão sig­ni­fica­ti­va para o taman­ho do Delta do Par­naí­ba, mas o reflo­resta­men­to de manguezais é uma tare­fa bas­tante desafi­ado­ra. Tam­bém esta­mos bus­can­do alter­na­ti­vas econômi­cas e sus­ten­táveis para a pop­u­lação local, como o desen­volvi­men­to do tur­is­mo de base comu­nitária”, diz Miran­da.

“Tam­bém real­izamos, pela primeira, vez a cole­ta de sêmen dessa espé­cie”, desta­ca a médi­ca vet­er­inária. “Ago­ra, temos a pos­si­bil­i­dade de faz­er pesquisa repro­du­ti­va mon­i­tora­da, con­tribuin­do para evi­tar a extinção e, se necessário, pro­mover a rein­tro­dução dos ani­mais no habi­tat nat­ur­al”, acres­cen­ta.. Out­ra ação impor­tante para a pro­teção do taman­d­u­aí foi o iní­cio do proces­so de cri­ação de uma unidade de con­ser­vação da Resex Casa Vel­ha do Saquin­ho, no lim­ite ter­ri­to­r­i­al da Resex Mar­in­ha do Delta do Par­naí­ba.

Edição: Graça Adju­to

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