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Menstruação segura ainda é desafio no Brasil, indica Unicef

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal jr/Agência Brasil

Dia Internacional da Dignidade Menstrual é celebrado nesta terça-feira


Publicado em 28/05/2024 — 08:08 Por Douglas Corrêa — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

Uma enquete do Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef), con­cluiu “que o dire­ito de men­stru­ar de maneira digna, segu­ra e com aces­so a itens de higiene ain­da é um desafio para ado­les­centes e jovens, o que inclui meni­nas, mul­heres, home­ns e meni­nos trans e pes­soas não binárias que men­stru­am”.

A pesquisa fei­ta pela platafor­ma U‑Report, em parce­ria com a Viração Educo­mu­ni­cação, indi­cou que dos 2,2 mil par­tic­i­pantes, 19% já enfrentaram a difi­cul­dade de não pos­suir din­heiro para com­prar absorventes e 37% já enfrentaram difi­cul­dades de aces­so a itens de higiene em esco­las e out­ros locais públi­cos.

No Dia Inter­na­cional da Dig­nidade Men­stru­al, cel­e­bra­do nes­ta terça-feira (28), o Unicef mais uma vez aler­ta de que a pobreza men­stru­al ain­da per­siste no Brasil, uma vez que pes­soas que men­stru­am têm neces­si­dades de saúde e higiene men­stru­al neg­li­gen­ci­adas dev­i­do ao aces­so lim­i­ta­do à infor­mação, edu­cação, pro­du­tos, serviços, água, sanea­men­to bási­co, bem como a var­iáveis de desigual­dade racial, social e de ren­da.

A ofi­cial de par­tic­i­pação do Unicef no Brasil, Gabriela Mon­teiro, disse que a Unicef tem como um de seus com­pro­mis­sos garan­tir ess­es dire­itos, como “respos­ta à pobreza men­stru­al, que afe­ta neg­a­ti­va­mente parte das pes­soas que men­stru­am no país e con­tribui para man­ter cic­los trans­gera­cionais de iniq­uidades, prin­ci­pal­mente a de gênero. Uma vez que cri­anças e ado­les­centes não têm seus dire­itos à água, sanea­men­to e higiene garan­ti­dos, tam­bém são vio­la­dos out­ros dire­itos, como o dire­ito à esco­la de qual­i­dade, mora­dia digna e saúde, incluin­do men­stru­al, sex­u­al e repro­du­ti­va”.

O lev­an­ta­men­to tam­bém mostrou que seis entre cada dez pes­soas ouvi­das dis­ser­am que já deixaram de ir à esco­la ou ao tra­bal­ho por causa da men­stru­ação e 86% já abstiver­am de faz­er algu­ma ativi­dade físi­ca pelo mes­mo moti­vo.

Além dis­so, a questão ain­da se man­tém envol­ta em tabus, escassez de dados e desin­for­mação, pois 77% dos ouvi­dos já sen­ti­ram con­strang­i­men­to em esco­las ou lugares públi­cos por men­stru­arem, e quase a metade nun­ca teve aulas, palestras ou rodas de con­ver­sa sobre men­stru­ação na esco­la.

“A fal­ta de infor­mação con­tribui para o estig­ma e gera situ­ações de con­strang­i­men­to. Pre­cisamos desmisti­ficar a men­stru­ação e cri­ar um ambi­ente acol­he­dor para pes­soas que men­stru­am. Os dados da enquete reforçam a neces­si­dade de for­t­ale­cer as práti­cas de edu­cação men­stru­al, sobre­tu­do nas esco­las, e con­stru­ir políti­cas que pro­movam a dig­nidade men­stru­al para com­bat­er desigual­dades e empoder­ar esta e as futuras ger­ações”, avaliou Ramona Azeve­do, anal­ista de comu­ni­cação na Viração Educo­mu­ni­cação.

O Unicef pro­move estraté­gias de garan­tia de aces­so à água, sanea­men­to e higiene, incluin­do a insta­lação de estações de lavagens de mãos em esco­las, apoio a ado­les­centes e jovens no desen­volvi­men­to de com­petên­cias para a vida, no empodera­men­to de meni­nas e na saúde men­stru­al, além da dis­tribuição de kits de higiene, como for­ma de enfrentar os desafios impos­tos pela pobreza.

Sobre a enquete

O U‑Report é um pro­gra­ma glob­al do Unicef que pro­move a par­tic­i­pação cidadã de ado­les­centes e jovens em mais de 90 país­es, imple­men­ta­do em parce­ria com a Viração Educo­mu­ni­cação no Brasil. Não são pesquisas com rig­or metodológi­co, mas de con­sul­tas ráp­i­das por meio de redes soci­ais entre pes­soas, prin­ci­pal­mente de 13 a 24 anos, cadastradas na platafor­ma. Esta enquete apre­sen­ta a opinião de 2,2 mil ado­les­centes e jovens e não pode ser gen­er­al­iza­da para a pop­u­lação brasileira como um todo. Os resul­ta­dos da enquete e infor­mações sobre como par­tic­i­par da platafor­ma estão disponíveis em: https://brasil.ureport.in/opinion/3788/.

Unicef: Rio Grande do Sul

Dev­i­do às fortes chu­vas e inun­dações que atin­gi­ram o Rio Grande do Sul no iní­cio do mês, a pedi­do do gov­er­no fed­er­al, o Unicef vem real­izan­do ações voltadas a assistên­cia téc­ni­ca a órgãos dos gov­er­nos, a cri­ação de espaços seguros para cri­anças e ado­les­centes em abri­gos, em parce­ria com a sociedade civ­il, e a dis­tribuição de kits de higiene.

Entre os kits a serem dis­tribuí­dos há um volta­do à dig­nidade men­stru­al, icom absorventes, cole­tores men­stru­ais, cal­cin­has e itens de higiene pes­soal, lanter­na e api­to de segu­rança, para apoiar pes­soas que men­stru­am, no con­tex­to da emergên­cia. Os kits chegam ao Rio Grande do Sul na próx­i­ma sem­ana, para serem entregues aos abri­gos.

“Olhar para a pobreza men­stru­al sob a per­spec­ti­va de um fenô­meno mul­ti­di­men­sion­al e trans­dis­ci­pli­nar é essen­cial. Por isso, em uma situ­ação emer­gen­cial como essa, que tem expos­to pes­soas a diver­sas vul­ner­a­bil­i­dades, não poderíamos deixar de agir em relação ao dire­ito à dig­nidade men­stru­al. Esse é um dire­ito bási­co que exige estraté­gias de enfrenta­men­to especí­fi­cas”, acres­cen­ta Gabriela Mon­teiro, rep­re­sen­tante do Unicef no Brasil.

Edição: Aécio Ama­do

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