...
sexta-feira ,29 março 2024
Home / Economia / Mercado da CPR Verde estima operações de até R$ 30 bi em quatro anos

Mercado da CPR Verde estima operações de até R$ 30 bi em quatro anos

Repro­du­ção: © José Cruz/Agência Bra­sil

Cédula de Produto Rural Verde inclui ações que aumentem biodiversidade


Publi­ca­do em 01/10/2021 — 16:39 Por Luci­a­no Nas­ci­men­to – Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

O gover­no fede­ral esti­ma que o mer­ca­do poten­ci­al da Cédu­la de Pro­du­to Rural (CPR) Ver­de pode envol­ver até R$ 30 bilhões em ope­ra­ções em um perío­do de qua­tro anos. A infor­ma­ção foi repas­sa­da hoje (1°) à impren­sa pelo Minis­té­rio da Eco­no­mia, em entre­vis­ta cole­ti­va na qual foi deta­lha­do o fun­ci­o­na­men­to da CPR Ver­de, um ins­tru­men­to vol­ta­do para o paga­men­to por ser­vi­ços ambi­en­tais (PSA).

A CPR Ver­de pode­rá ser usa­da em ope­ra­ções que envol­vam con­ser­va­ção e recu­pe­ra­ção de flo­res­tas nati­vas e de seus bio­mas, com apli­ca­ções pre­vis­tas, por exem­plo, na com­pen­sa­ção volun­tá­ria da emis­são de gases de efei­to estu­fa pelos agen­tes econô­mi­cos inte­res­sa­dos.

Além do “paga­men­to pela flo­res­ta em pé”, pode­rão ser obje­to da CPR Ver­de ações que resul­tem no aumen­to da bio­di­ver­si­da­de, de recur­sos hídri­cos e da con­ser­va­ção do solo. Ou seja, a cédu­la é um títu­lo cujo las­tro é um ati­vo ambi­en­tal.

O decre­to ins­ti­tuin­do a CPR Ver­de foi assi­na­do na manhã des­ta sex­ta-fei­ra pelo pre­si­den­te Jair Bol­so­na­ro. Para o gover­no fede­ral, a ini­ci­a­ti­va abre cami­nho para opor­tu­ni­da­des de inves­ti­men­tos agro­am­bi­en­tais e incen­ti­va a pre­ser­va­ção do meio ambi­en­te e uma eco­no­mia de bai­xo car­bo­no.

Segun­do o secre­tá­rio de Polí­ti­ca Econô­mi­ca do Minis­té­rio da Eco­no­mia, Adol­fo Sach­si­da, a CPR Ver­de aumen­ta o leque de ope­ra­ções do cha­ma­do mer­ca­do ver­de. O secre­tá­rio des­ta­cou ain­da que o gover­no não fará uma pre­ci­fi­ca­ção” dos ati­vos e que a refe­rên­cia para a nego­ci­a­ção será o pre­ço de mer­ca­do.

“É um meca­nis­mo de mer­ca­do. O gover­no está cri­an­do ape­nas o ins­tru­men­to finan­cei­ro, mas o mer­ca­do [será] de tro­cas volun­tá­ri­as. Toda empre­sa que se diz pre­o­cu­pa­da com a pre­ser­va­ção do meio ambi­en­te pode­rá con­tri­buir para essa pre­ser­va­ção”, dis­se Sach­si­da em entre­vis­ta cole­ti­va nes­ta tar­de. “É um mer­ca­do volun­tá­rio e de entes pri­va­dos”, acres­cen­tou.

Como funciona

A cédu­la é um con­tra­to entre entres pri­va­dos, o que sig­ni­fi­ca que não terá par­ti­ci­pa­ção do gover­no em sua ope­ra­ção. Na prá­ti­ca, a CPR Ver­de fun­ci­o­na da seguin­te for­ma: um pro­du­tor rural que tenha um pro­je­to de con­ser­va­ção da mata nati­va, por exem­plo, pode­rá trans­for­mar essa ini­ci­a­ti­va em um ati­vo que a ser nego­ci­a­do com uma empre­sa ou ins­ti­tui­ção que quei­ra fazer uma com­pen­sa­ção de car­bo­no ou pro­te­ger deter­mi­na­da área de inte­res­se da bio­di­ver­si­da­de.

Para ser nego­ci­a­do, esse títu­lo terá que rece­ber uma cer­ti­fi­ca­ção de um ente inde­pen­den­te. Tal cer­ti­fi­ca­ção ates­ta­rá, por exem­plo, a quan­ti­da­de de car­bo­no que pode­rá ser obje­to da CPR Ver­de. De pos­se da cer­ti­fi­ca­ção, as duas par­tes defi­ni­rão as cláu­su­las refe­ren­tes ao ati­vo ambi­en­tal, incluin­do, entre outros pon­tos, as for­mas de paga­men­to, que pode­rá ser fei­to tam­bém por uma con­ta garan­tia.

Além do decre­to, as defi­ni­ções da CPR Ver­de cons­tam de algu­mas legis­la­ções, a exem­plo da Lei nº 13.986/2020 (Lei do Agro), que pos­si­bi­li­tou a emis­são da cédu­la em ati­vi­da­des rela­ci­o­na­das à con­ser­va­ção de flo­res­tas nati­vas e dos res­pec­ti­vos bio­mas; da Lei 8.929/1994, que cri­ou a CPR, e da Lei nº 12.651/2012, que ins­ti­tuiu o Códi­go Flo­res­tal. Tais legis­la­ções deter­mi­nam quem pode­rá expe­dir a cédu­la e tam­bém o que pode ser con­si­de­ra­do como ati­vo.

A legis­la­ção deter­mi­na ain­da que as CPRs Ver­des emi­ti­das com valor aci­ma de R$ 250 mil terão que ter regis­tro e que tal obri­ga­to­ri­e­da­de pas­sa­rá a valer para todas as cédu­las emi­ti­das a par­tir de 2024.

Para o che­fe do Depar­ta­men­to de Regu­la­ção, Super­vi­são e Con­tro­le das Ope­ra­ções de Cré­di­to Rural e do Pro­a­gro do Ban­co Cen­tral, Cláu­dio Fil­guei­ras, a medi­da dará mais segu­ran­ça jurí­di­ca para o ins­tru­men­to e favo­re­ce­rá o cres­ci­men­to do mer­ca­do.

“O deta­lhe do regis­tro da CPR Ver­de na bol­sa [de valo­res] traz segu­ran­ça, mais visi­bi­li­da­de e tor­na o con­tro­le mais fácil, tan­to por par­te dos regu­la­do­res de mer­ca­do como da pró­pria soci­e­da­de, pois difi­cil­men­te um titu­lo vai ter dupla emis­são, como já tive­mos no pas­sa­do”, dis­se Fil­guei­ras.

Duran­te a cole­ti­va, o secre­tá­rio adjun­to de Cli­ma e Rela­ções Inter­na­ci­o­nais do Minis­té­rio do Meio Ambi­en­te, Mar­ce­lo Frei­re, afir­mou que a ini­ci­a­ti­va é um mar­co para o finan­ci­a­men­to do desen­vol­vi­men­to sus­ten­tá­vel. “Na nos­sa visão essa é uma gran­de fer­ra­men­ta de ope­ra­ci­o­na­li­za­ção ime­di­a­ta e em lar­ga esca­la de paga­men­to por ser­vi­ços ambi­en­tais”, dis­se Frei­re.

Edi­ção: Nádia Fran­co

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Consumidor ficou em média 10,4 horas sem energia em 2023, mostra Aneel

Repro­du­ção: © Rove­na Rosa/Agência Bra­sil Resultado indica melhora em relação ao ano anterior Publicado em …