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Metroviários dizem que privatizar serviços pode encarecer tarifas

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Também são reivindicadas melhores condições de trabalho


Pub­li­ca­do em 03/10/2023 — 08:30 Por Lety­cia Bond — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Os fun­cionários da Com­pan­hia do Met­ro­pol­i­tano de São Paulo (Metrô), da Com­pan­hia Paulista de Trens Met­ro­pol­i­tanos (CPTM) e da Com­pan­hia de Sanea­men­to Bási­co do Esta­do de São Paulo (Sabe­sp) real­izam hoje (2) greve unifi­ca­da para reivin­dicar mel­hores condições de tra­bal­ho e con­tes­tar a pri­va­ti­za­ção dos serviços. Eles denun­ci­am que trans­ferir o con­t­role do poder públi­co para a ini­cia­ti­va pri­va­da deve encar­e­cer tar­i­fas e pio­rar a qual­i­dade dos serviços.  

Na estação Bar­ra Fun­da, onde é pos­sív­el embar­car em lin­has de trem, ônibus e metrô, lid­er­anças de movi­men­tos que apoiam a greve se orga­ni­zaram para traduzir à pop­u­lação da cap­i­tal paulista o que sig­nifi­ca a pri­va­ti­za­ção e infor­mar os motivos da greve. Somente pelo metrô da Bar­ra Fun­da tran­si­tam, em média, cer­ca de 60 mil pas­sageiros por hora, em momen­tos de pico.

“Não existe greve ile­gal. Não é só por dire­itos, é por mel­ho­ria de serviços. Rico não tra­bal­ha, pobre tra­bal­ha. A pobreza enriquece o país e não tem o dire­ito de cir­cu­lar no país”, dis­cur­sou uma lid­er­ança pop­u­lar ao micro­fone, em meio a alguns protestos de transe­untes que demon­straram irri­tação e incom­preen­são quan­to à greve.

Contra a privatização

Raquel Brito, que inte­gra o diretório da Unidade Pop­u­lar na cap­i­tal, afir­mou à Agên­cia Brasil que a mobi­liza­ção no local e em out­ros endereços, jun­to à pop­u­lação, tem por obje­ti­vo esclare­cer que todos per­dem com a pri­va­ti­za­ção e que todos estão do mes­mo lado da história. “As empre­sas públi­cas são patrimônio. Pri­va­ti­zar é muito ruim, inclu­sive para os usuários. A empre­sa pri­va­da tem como meta o lucro e isso faz com que o serviço piore e a tar­i­fa aumente. A greve é um instru­men­to históri­co de luta e tudo que se con­seguiu de dire­itos foi por meio dela”, argu­men­tou.

A oper­ado­ra de máquinas fixas Genil­da Matos, empre­ga­da em uma fábri­ca de pro­dução e manutenção de equipa­men­tos cirúr­gi­cos, sabia que have­ria par­al­isação do trans­porte nes­ta terça-feira e que parte das lin­has estaria fun­cio­nan­do nor­mal­mente, mas não que a lin­ha que pega todos os dias estaria indisponív­el. Ela mora zona norte e tra­bal­ha em Vila Pru­dente, uti­lizan­do sem­pre três lin­has de ônibus e uma de trem para se deslo­car de casa ao tra­bal­ho. “Não ten­ho como tra­bal­har de casa e tam­bém não sei chegar de ônibus ao tra­bal­ho. Mas meu patrão entende a situ­ação”, expli­cou.

Ques­tion­a­da sobre sua posição quan­to à pri­va­ti­za­ção, Genil­da demon­stra sur­pre­sa. “O que é pri­va­ti­za­ção? Sobre isso, não sei nem o que respon­der.” Quan­do a reportagem expli­ca o pos­sív­el efeito da deses­ta­ti­za­ção, ela faz sua avali­ação rap­i­da­mente: “É isso não é bom mes­mo.”

Linha vermelha paralisada

A téc­ni­ca em far­má­cia Denise da Sil­va faz o per­cur­so de casa, no municí­pio de Barueri, até o tra­bal­ho, no bair­ro da Pen­ha, na cap­i­tal, através da lin­ha ver­mel­ha do metrô, hoje par­al­isa­da, levan­do duas horas para com­ple­tar o tra­je­to. “Sei que os tra­bal­hadores pre­cisam ter mel­hores salários e mel­hor serviço, mas a greve prej­u­di­ca a gente tam­bém. Acho que, se hou­vessem out­ras alter­na­ti­vas para se faz­er isso [a reivin­di­cação], seria bom”, disse ela, que acres­cen­ta que con­hece pes­soas que depen­dem das lin­has de trans­porte já pri­va­ti­zadas, como a 8 e a 9 do trem, e relatam ter prob­le­mas diários como a lentidão. Além dis­so, ela recon­hece que há chances de a pri­va­ti­za­ção aumen­tar a tar­i­fa dos serviços.

A téc­ni­ca de enfer­magem Eni Duarte reside em Itape­vi e vai tam­bém, todos os dias, até a Pen­ha, de trans­porte públi­co. O tem­po médio que gas­ta fazen­do o tra­je­to é de uma hora, entre uma lin­ha de trem e out­ra de metrô. Ela se diz a favor da greve e con­tra pri­va­ti­za­ção.

“Porque você pri­va­ti­zan­do, a tar­i­fa aca­ba aumen­tan­do. Por exem­p­lo, a ener­gia elétri­ca. Com a pri­va­ti­za­ção, aca­ba sain­do do nos­so con­t­role. Não dos empresários, mas da gente, sim”, obser­vou.

“A greve é uma for­ma de luta, e a pop­u­lação não entende. As pes­soas não procu­ram saber a causa da greve. Claro que, quan­do subir a tar­i­fa, vão procu­rar saber. Aí, já é tarde. O brasileiro não procu­ra se mobi­lizar cole­ti­va­mente”, final­i­zou.

Edição: Kle­ber Sam­paio

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