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Ministério da Saúde aponta falhas no atendimento aos Yanomami

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Relatório cita estruturas precárias e falta de profissionais e remédio


Pub­li­ca­do em 08/02/2023 — 11:49 Por Pedro Rafael Vilela – envi­a­do espe­cial — Boa Vista

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Estru­turas de atendi­men­to em condições precárias, fal­ta de profis­sion­ais e uma desas­sistên­cia gen­er­al­iza­da. Essas são as prin­ci­pais con­clusões de um relatório do Min­istério da Saúde sobre a situ­ação da saúde na Ter­ra Indí­ge­na (TI) Yanoma­mi, em Roraima.

A pop­u­lação da etnia vive uma crise human­itária grave. Afe­ta­dos pela pre­sença do garim­po ile­gal em suas ter­ras, os indí­ge­nas dessa região con­vivem com destru­ição ambi­en­tal, con­t­a­m­i­nação da água, propa­gação de doenças e vio­lên­cia. A situ­ação é históri­ca, mas se agravou nos últi­mos qua­tro anos.

A equipe da Sec­re­taria Espe­cial de Saúde Indí­ge­na (Sesai), que é vin­cu­la­da ao Min­istério da Saúde, levan­tou as infor­mações do relatório entre os dias 15 e 25 de janeiro deste ano. No dia 20 de janeiro, o pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va decre­tou Emergên­cia em Saúde Públi­ca de Importân­cia Nacional e criou o Cen­tro de Oper­ações de Emergên­cias em Saúde Públi­ca (COE), respon­sáv­el por coor­denar as medi­das para resolver a crise.

A TI Yanoma­mi, a maior do Brasil em exten­são ter­ri­to­r­i­al, tem uma pop­u­lação de 30,5 mil indí­ge­nas, sendo pelo menos 5,6 mil cri­anças menores de 5 anos. Ao todo, há 68 polos base para atendi­men­to primário em saúde, mas a situ­ação dessas unidades é precária.

“De fato, temos uma situ­ação de mui­ta pre­cariedade na nos­sa infraestru­tu­ra e, a par­tir desse plano, estare­mos real­izan­do todas as mel­ho­rias, para além do orça­men­to que a Sesai já tem. Há uma decisão da Presidên­cia da Repúbli­ca, do Min­istério da Saúde, de con­seguir uma dotação orça­men­tária especí­fi­ca para mit­i­gar e para resolver essas situ­ações aqui no ter­ritório Yanoma­mi”, afir­mou o tit­u­lar da Sesai, Ricar­do Weibe Tape­ba, em entre­vista cole­ti­va na tarde de ontem (7). Ele está em Boa Vista acom­pan­han­do as ações de enfrenta­men­to à crise.

A equipe que fez o lev­an­ta­men­to para o relatório começou inves­ti­gan­do a denún­cia de três óbitos de cri­anças, que ocor­reram entre 24 e 27 de dezem­bro do ano pas­sa­do. O doc­u­men­to desta­ca que, na ocasião, chegaram a ser aber­tos 17 chama­dos aeromédi­cos para casos graves que exi­giam trans­porte ime­di­a­to. Já em janeiro, a equipe da mis­são explo­ratória con­sta­tou pelo menos dez remoções por dia, sendo que 23 cri­anças foram res­gatadas de uma só vez em uma delas.

Somente em janeiro, de acor­do com o COE, foram efe­t­u­adas 223 remoções, sendo 111 deslo­ca­men­tos den­tro do ter­ritório e 112 para Boa Vista. Segun­do as equipes locais, os prin­ci­pais agravos de saúde na região são de malária, pneu­mo­nia, desnu­trição e aci­dente com ani­mais peçon­hen­tos.

Hoje à tarde, os min­istros da Defe­sa, José Mucio, e dos Dire­itos Humanos, Sil­vio Almei­da, desem­bar­cam na Base Aérea de Boa Vista. Eles vão cumprir uma série de agen­das no esta­do até aman­hã. Na primeira parte da viagem, eles visi­tam a Base da Oper­ação Acol­hi­da, que recebe os imi­grantes venezue­lanos, incluin­do visi­ta ao pos­to de recepção, ao Cen­tro de Coor­de­nação de Inte­ri­or­iza­ção e aos abri­gos.

Em segui­da, eles farão uma vis­to­ria na Casa de Saúde Indí­ge­na Yanoma­mi (Casai), tam­bém na cap­i­tal. Já na quin­ta-feira (9), ambos embar­cam para uma visi­ta ao polo de Suru­cu­ru, que é um dos cen­tro de refer­ên­cia no ter­ritório. O local fica a cer­ca de uma hora e meia de voo da cap­i­tal do esta­do. Eles retor­nam de lá no mes­mo dia e voltam a Brasília.

Ameaças

Out­ro pon­to desta­ca­do no relatório é a situ­ação de inse­gu­rança den­tro do ter­ritório, por causa da pre­sença de garimpeiros. Há pelo menos qua­tro polos de atendi­men­to fecha­dos na região de Suru­cu­cu e três em out­ras local­i­dades, dev­i­do a graves ameaças. Para se ter uma ideia, um dess­es polos chegou a ser refor­ma­do, mas não pôde ser reaber­to. O gov­er­no fed­er­al estu­da incluir lid­er­anças indí­ge­nas Yanoma­mi no serviço de pro­teção de defen­sores de dire­itos humanos.

Out­ro fator que difi­cul­tou o atendi­men­to às pes­soas na região foi a fal­ta de insumos, em espe­cial, de medica­men­tos. As remoções de urgên­cias neces­si­tam de insumos como car­rin­ho de para­da, oxigênio med­i­c­i­nal em cilin­dro pequeno, des­fib­ri­lador automáti­co exter­no (DEA), suporte de soro, mas nada dis­so esta­va à dis­posição da equipe no momen­to do tra­bal­ho de cam­po.

O secretário espe­cial da saúde indí­ge­na criti­cou ain­da o que chamou de apar­el­hamen­to políti­co no serviço públi­co de assistên­cia à saúde do povo Yanoma­mi. Segun­do ele, uma audi­to­ria real­iza­da pelo próprio Min­istério da Saúde no DSEI Yanoma­mi já iden­ti­fi­cou irreg­u­lar­i­dades em con­tratos da unidade, e a Polí­cia Fed­er­al ain­da inves­ti­ga o envolvi­men­to de agentes políti­cos em con­luio com garimpeiros.

Edição: Denise Griesinger

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