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Ministério da Saúde planeja inclusão de inteligência artificial no SUS

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Um dos objetivos é reduzir filas de espera por atendimento


Pub­li­ca­do em 23/05/2023 — 21:47 Por Elaine Patrí­cia Cruz – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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O Min­istério da Saúde quer imple­men­tar novas tec­nolo­gias no Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS). O obje­ti­vo é expandir o aces­so da pop­u­lação a uma saúde públi­ca cada vez mais uni­ver­sal, ágil e de qual­i­dade. Uma das ideias, por exem­p­lo, é incor­po­rar a inteligên­cia arti­fi­cial (IA) nos serviços de atendi­men­to à pop­u­lação. Tudo isso seria feito por meio de um pro­gra­ma que ain­da está em fase de estu­dos, o SUS Dig­i­tal.

“Esta­mos falan­do aqui de um cenário novo. O Min­istério da Saúde está desen­han­do, em uma grande equipe, o SUS Dig­i­tal, que vem a ser a inclusão dig­i­tal em todos os níveis do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) des­de a atenção primária [em Unidades Bási­cas de Saúde, por exem­p­lo] até a atenção ter­ciária [de alta com­plex­i­dade, como Unidades de Ter­apia Inten­si­va]”, disse Cleinal­do de Almei­da Cos­ta, dire­tor do Depar­ta­men­to de Saúde Dig­i­tal e Ino­vação (Desd) da Sec­re­taria de Infor­mação e Saúde Dig­i­tal do Min­istério da Saúde (Sei­di­gi-MS), em entre­vista à Agên­cia Brasil e à TV Brasil nes­ta terça-feira (23).

Segun­do ele, o pro­gra­ma deve “repen­sar o aces­so ao SUS por meio de aplica­tivos ou de uso de inteligên­cia arti­fi­cial ou de big data” e “redesen­har a saúde [no país] para os próx­i­mos 20 anos”.

Durante uma mesa real­iza­da na Feira Hos­pi­ta­lar, em São Paulo, o dire­tor do min­istério afir­mou que o pro­gra­ma pre­tende trans­for­mar o SUS em um “sis­tema mais amigáv­el, aprox­imá-lo mais do cidadão e sim­pli­ficar a vida do usuário e da usuária”.

O obje­ti­vo do min­istério é que, com o SUS Dig­i­tal, os diag­nós­ti­cos pos­sam ser otimiza­dos, o atendi­men­to na saúde públi­ca seja mais ágil e haja mais inclusão. “Em primeiro lugar, [o bene­fí­cio] será a inclusão dig­i­tal no SUS. Incluir de ver­dade, não deixar ninguém para trás. Em segun­do lugar, mel­ho­rar a qual­i­dade de vida da cidadã e do cidadão brasileiro por meio do SUS, de modo que a saúde pos­sa estar incor­po­ra­da no seu dia a dia, no seu celu­lar, no seu tablet, reduzir filas, ou seja, aprox­i­mar o sis­tema de saúde da vida da cidadã e do cidadão”, desta­cou Cos­ta.

Projetos

Alguns pro­je­tos no Brasil já tes­tam a apli­cação da saúde dig­i­tal em unidades de ter­apia inten­si­va (UTI), exper­i­men­tos que tiver­am iní­cio durante a pan­demia do novo coro­n­avírus. E com bons resul­ta­dos, na avali­ação de Car­los Car­val­ho, pro­fes­sor tit­u­lar de pneu­molo­gia da Fac­ul­dade de Med­i­c­i­na da Uni­ver­si­dade de São Paulo (USP) e dire­tor de Saúde Dig­i­tal do Hos­pi­tal das Clíni­cas de São Paulo.

“Esta­mos com um pro­je­to com o Min­istério da Saúde para aten­der ges­tantes de alto risco e puér­peras em ambi­entes de UTI. O min­istério sele­cio­nou alguns hos­pi­tais. Em 11 hos­pi­tais que já esta­mos atuan­do, obser­va­mos redução de 270 [por 100 mil nasci­dos vivos] para 140 de morte mater­na em ape­nas seis meses”, esti­ma Car­val­ho. Esse pro­je­to-pilo­to dev­erá ser ampli­a­do de for­ma que cada esta­do brasileiro ten­ha ao menos um pro­je­to dess­es em desen­volvi­men­to.

Out­ro pro­je­to foi o de TeleU­TI para covid-19, que fun­cio­nou por meio de um pos­to de telemed­i­c­i­na insta­l­a­do no Insti­tu­to do Coração (Incor). A ini­cia­ti­va apoia­va, capac­i­ta­va e treina­va profis­sion­ais de saúde que tra­bal­ham em UTIs. “Na TeleU­TI que fize­mos aqui, jun­to à Sec­re­taria Estad­ual da Saúde de São Paulo, até dezem­bro de 2021, aten­demos quase 2 mil pacientes e fize­mos mais de 11 mil atendi­men­tos. E à medi­da que ampli­amos os atendi­men­tos, foi-se reduzin­do a letal­i­dade dess­es pacientes nes­sas unidades em que está­va­mos aten­den­do”.

Atraso

À reportagem, Car­val­ho afir­mou que, durante a pan­demia, o atra­so tec­nológi­co brasileiro na área da saúde dig­i­tal ficou evi­dente. “Os esta­dos e o gov­er­no fed­er­al con­seguiram rap­i­da­mente aumen­tar o número de leitos e de equipa­men­tos [para o trata­men­to da covid-19]. Mas o que foi feito pelos gov­er­nos, de for­ma ger­al, foi con­stru­ir as estradas e colo­car os car­ros. O prob­le­ma, no entan­to, foram os pilo­tos. Quem vai diri­gir ess­es car­ros? O que ficou evi­dente é que não tin­ham profis­sion­ais capac­i­ta­dos para tocar essas UTIs [que foram cri­adas durante a pan­demia]”.

Com as novas tec­nolo­gias, essa defasagem de profis­sion­ais pode­ria ter sido supri­da e ter aju­da­do a sal­var mais vidas, desta­cou Car­val­ho “A tele­saúde vem para capac­i­tar essas pes­soas, faz­er con­sul­tas e tele­con­sul­tas. Os estu­dos ini­ci­ais que fize­mos con­seguiram demon­strar a redução da letal­i­dade [dos pacientes], des­de que você ten­ha uma equipe capac­i­ta­da em uma pon­ta e out­ra equipe min­i­ma­mente capac­i­ta­da na out­ra”.

Desafios

Para que o SUS Dig­i­tal seja ple­na­mente implan­ta­do no país, o Brasil pre­cis­ará mel­ho­rar sua infraestru­tu­ra de rede. “O que pre­cisamos é tra­bal­har muito forte­mente a conec­tivi­dade no nos­so país. Existe mui­ta assime­tria ain­da em conec­tivi­dade e esse é um esforço que este gov­er­no se propõe a faz­er”, ressaltou Cleinal­do de Almei­da Cos­ta, dire­tor de Saúde Dig­i­tal e Ino­vação do Min­istério da Saúde.

Out­ro desafio será garan­tir a segu­rança dos dados dos usuários que uti­lizam esse sis­tema. “Esta­mos tra­bal­han­do den­tro do Sis­tema Úni­co de Saúde em uma real­i­dade nova chama­da Lei Ger­al de Pro­teção de Dados. E é den­tro desse cenário éti­co que o sis­tema de saúde vem tra­bal­han­do no sen­ti­do de for­t­ale­cer a exper­iên­cia dig­i­tal da usuária e do usuário e aprox­i­mar a saúde no dia a dia da cidadã e do cidadão brasileiro.”

E não são ape­nas estes os desafios que estarão envolvi­dos no uso dessas tec­nolo­gias na área da saúde. Na sem­ana pas­sa­da, por exem­p­lo, a Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) soltou um comu­ni­ca­do em que disse estar entu­si­as­ma­da com o tema, mas pedin­do cautela no uso de inteligên­cia arti­fi­cial “para pro­te­ger e pro­mover o bem-estar, a segu­rança e a autono­mia humanas e preser­var a saúde públi­ca”. Para a orga­ni­za­ção, é pre­ciso avaliar cuida­dosa­mente os riscos desse tipo de fer­ra­men­tas na área da saúde.

“A adoção pre­cip­i­ta­da de sis­temas não tes­ta­dos pode levar a erros por parte dos profis­sion­ais de saúde, causar danos aos pacientes, minar a con­fi­ança na IA e, assim, minar (ou atrasar) os poten­ci­ais bene­fí­cios e usos de lon­go pra­zo de tais tec­nolo­gias em todo o mun­do”, aler­tou a OMS, no comu­ni­ca­do.

A Feira

Feira Hos­pi­ta­lar, que começou nes­ta terça e prossegue até a próx­i­ma sex­ta-feira (26) na São Paulo Expo, na cap­i­tal paulista, é con­sid­er­a­da o maior even­to de saúde da Améri­ca Lati­na e um dos três maiores even­tos da área no mun­do. Neste ano, a feira dis­cute o poder das platafor­mas e o impacto delas no setor de saúde.

Edição: Marce­lo Brandão

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