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Mobilização no Dia Mundial sem Tabaco alerta sobre riscos do vape

Tema deste ano é Desmascarando a indústria do tabaco

Ana Cristi­na Cam­pos – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 31/05/2025 — 08:36
Rio de Janeiro
Cigarro Eletrônico, Vape. Foto: haiberliu/Pixabay
Repro­dução: © haiberliu/Pixabay

A nova cam­pan­ha de con­sci­en­ti­za­ção do Movi­men­to Vape­OFF da Fun­dação do Câncer faz um aler­ta aos jovens sobre os male­fí­cios do cig­a­r­ro eletrôni­co.Com o slo­gan Boni­to por fora, tóx­i­co por den­tro, a ação tem como obje­ti­vo mostrar que, por trás da aparên­cia mod­er­na e inofen­si­va, os vapes podem escon­der riscos à saúde, como dependên­cia em nicoti­na, doenças res­pi­ratórias e car­dio­vas­cu­lares, câncer, entre out­ros prob­le­mas.

A mobi­liza­ção mar­ca o Dia Mundi­al sem Taba­co neste sába­do (31) e segue o tema da Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) para este ano: Des­mas­caran­do a indús­tria do taba­co.

Cigarro eletrônico, Saúde
Repro­dução: Cig­a­r­ro eletrôni­co, Saúde — Divul­gação Min­istério da Saúde

A cam­pan­ha da Fun­dação é uma parce­ria com o Movi­men­to Todos Jun­tos Con­tra o Câncer (TJCC), ACT Pro­moção da Saúde, Asso­ci­ação Brasileira de Lin­fo­ma e Leucemia (Abrale) e Fed­er­ação Brasileira de Insti­tu­ições Filantrópi­cas de Apoio à Saúde da Mama (Fema­ma) e rece­beu apoio de mais de 50 insti­tu­ições, asso­ci­ações e sociedades de todo o país lig­adas à causa.

Segun­do o dire­tor exec­u­ti­vo da Fun­dação do Câncer, Luiz Augus­to Mal­toni, os cig­a­r­ros eletrôni­cos rep­re­sen­tam uma ameaça cres­cente à saúde públi­ca no Brasil, espe­cial­mente entre os mais jovens, ao con­tribuírem para o aumen­to de fatores de risco mod­i­ficáveis para o câncer.

“Com embal­a­gens chama­ti­vas e sabores atra­tivos, ess­es dis­pos­i­tivos mas­caram seus male­fí­cios e seduzem uma nova ger­ação ao vício da nicoti­na. Dados do Min­istério da Saúde rev­e­lam que 70% dos usuários de cig­a­r­ros eletrôni­cos têm entre 15 e 24 anos”, disse Mal­toni.

O Lev­an­ta­men­to Nacional sobre Álcool e Dro­gas (Lenad), recém divul­ga­do pelo Min­istério da Justiça e Segu­rança Públi­ca, mostra que mais de 77% dos usuários de vape dis­ser­am que o pro­du­to não os aju­dou a parar de fumar cig­a­r­ros con­ven­cionais, o que enfraque­ce o prin­ci­pal argu­men­to da indús­tria do taba­co de que os cig­a­r­ros eletrôni­cos seri­am uma alter­na­ti­va para se parar o tabag­is­mo, diz a Fun­dação do Câncer.

Campanha

Uma das prin­ci­pais ações da cam­pan­ha é Role­ta que dá a real, que será real­iza­da neste sába­do (31), no Pos­to 10 da Pra­ia de Ipane­ma, local de grande cir­cu­lação de ado­les­centes e jovens adul­tos.

Cigarro Eletrônico, Vape. Foto: haiberliu/Pixabay
Repro­dução: Cig­a­r­ro Eletrôni­co, Vape. Foto: haiberliu/Pixabay — haiberliu/Pixabay

A pro­pos­ta é inter­a­ti­va: pro­mo­toras irão abor­dar o públi­co com um con­vite descon­traí­do para girar a role­ta e gan­har um brinde. O brinde virá acom­pan­hado de cards com a ver­dade por trás do dis­cur­so dos fab­ri­cantes.

“O obje­ti­vo é ger­ar impacto de for­ma cria­ti­va, usan­do a mes­ma lin­guagem que atrai o públi­co jovem, mas com o propósi­to de infor­mar e provo­car reflexão”, desta­ca Mal­toni.

Além da ação nas ruas, a cam­pan­ha tam­bém será veic­u­la­da nas redes soci­ais com con­teú­dos a serem uti­liza­dos pelas insti­tu­ições par­ceiras e nos ter­mi­nais de ônibus e BRT do Rio de Janeiro e painel de led da Eco­ponte. A mobi­liza­ção, que tam­bém con­ta com uma car­ta-man­i­festo con­cla­man­do os Poderes Leg­isla­ti­vo e Exec­u­ti­vo a seguirem na proibição e no com­bate aos cig­a­r­ros eletrôni­cos no país, já tem a adesão de 56 orga­ni­za­ções, entre enti­dades médi­cas e cien­tí­fi­cas e orga­ni­za­ções da sociedade civ­il, que assi­nam o doc­u­men­to.

Con­sul­to­ra da área de tabag­is­mo da Fun­dação do Câncer, Mile­na Maciel de Car­val­ho, disse que des­mas­carar o vape é um dev­er cole­ti­vo.

“Pre­cisamos unir esforços para pro­te­ger uma ger­ação que está sendo engana­da por embal­a­gens boni­tas e dis­cur­sos perigosos. Essa cam­pan­ha é um con­vite para olhar além da estéti­ca e enx­er­gar os riscos que estão sendo maquia­dos em nome do lucro”, afir­mou Mile­na.

De acor­do com a espe­cial­ista, a cam­pan­ha surge como uma respos­ta urgente à banal­iza­ção dos cig­a­r­ros eletrôni­cos no imag­inário pop­u­lar, sobre­tu­do entre os jovens. “Com o slo­gan Boni­to por fora, tóx­i­co por den­tro, quer­e­mos des­mas­carar a fal­sa imagem de mod­ernidade e segu­rança que a indús­tria criou em torno do vape. A ciên­cia é clara: ess­es dis­pos­i­tivos con­têm nicoti­na alta­mente viciante, metais pesa­dos e out­ras sub­stân­cias tóx­i­cas que causam danos sig­ni­fica­tivos ao sis­tema res­pi­ratório, car­dio­vas­cu­lar e podem levar ao câncer.”

Segun­do o Insti­tu­to Nacional de Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2023/2025, foram esti­ma­dos 32.560 novos casos de câncer de traque­ia, brôn­quio e pul­mão no Brasil.

Proibição

A com­er­cial­iza­ção, impor­tação e pro­pa­gan­da de todos os tipos de dis­pos­i­tivos eletrôni­cos para fumar são proibidas no Brasil des­de 2009 pela Agên­cia Nacional de Vig­ilân­cia San­itária (Anvisa). No ano pas­sa­do, o reg­u­la­men­to ref­er­ente aos vapes foi atu­al­iza­do e foi man­ti­da a proibição. A Res­olução da Dire­to­ria Cole­gia­da RDC n° 855/2024, além de proibir a com­er­cial­iza­ção, impor­tação, o armazena­men­to, o trans­porte e a pro­pa­gan­da dos cig­a­r­ros eletrôni­cos, reforçou a proibição de seu uso em recin­tos cole­tivos fecha­dos, públi­co ou pri­va­do.

O epi­demi­ol­o­gista e pesquisador do Insti­tu­to Nacional de Câncer (Inca), André Szk­lo, expli­ca que quem desre­spei­ta a res­olução da Anvisa comete uma infração san­itária. Se hou­ver esta­b­elec­i­men­tos como tabacaria, lojas e bares, mar­ket­places, redes soci­ais ou mes­mo em lugares públi­cos com ven­da de vapes, a denún­cia pode ser fei­ta à Anvisa. Para ele, existe um prob­le­ma de fis­cal­iza­ção, de impunidade e de aceitação social do pro­du­to con­tra­ban­dea­do, “rel­a­ti­va­mente bem aceito na sociedade brasileira”.

“Qual­quer pro­du­to deriva­do do taba­co é proibido com­er­cializar e faz­er pro­pa­gan­da na inter­net.  As bre­chas que têm de leg­is­lação e fis­cal­iza­ção são por onde a indús­tria do taba­co vai entrar para colo­car toda sua bate­ria de mar­ket­ing, os influ­encers. Não há nada ingên­uo nesse proces­so. Por meio dis­so, con­segue faz­er que o ado­les­cente e o jovem, foco prin­ci­pal da indús­tria da nicoti­na, sejam a nova ger­ação de depen­dentes da sub­stân­cia. Não por aca­so ess­es pro­du­tos são rec­hea­d­os de aro­mas e sabores que vão mas­carar aque­le efeito desagradáv­el do primeiro con­ta­to com pro­du­to deriva­do do taba­co”, diz o pesquisador.

André Szk­lo desta­ca que esse dis­pos­i­ti­vo proibido no Brasil tem con­sumo infini­ta­mente menor no país do que em nações em que é per­mi­ti­da sua com­er­cial­iza­ção.

“A ger­ação brasileira de jovens e ado­les­centes, por mais que ten­ha gente exper­i­men­tan­do e con­sumin­do, é uma pro­porção infini­ta­mente infe­ri­or com­para­da com país­es como Esta­dos Unidos, Aus­trália, Reino Unido, onde a ven­da é per­mi­ti­da. O Brasil está con­seguin­do pro­te­ger a sua ger­ação mais do que ess­es país­es. Se lib­er­ar a com­er­cial­iza­ção do vape, vai ter um aumen­to expo­nen­cial desse con­sumo.”.

Na avali­ação do epi­demi­ol­o­gista, o jovem e o ado­les­cente que têm con­ta­to com esse dis­pos­i­ti­vo, uma vez esta­b­ele­ci­da a dependên­cia da nicoti­na, migram para o cig­a­r­ro con­ven­cional, que é muito mais bara­to.

“O cig­a­r­ro brasileiro é um dos mais baratos do mun­do. Essa estraté­gia da indús­tria do taba­co de intro­duzir ess­es pro­du­tos no mer­ca­do brasileiro poten­cial­iza o prob­le­ma, porque esta­b­ele­ci­da a dependên­cia, o jovem vai para o cig­a­r­ro con­ven­cional”.

No últi­mo dia 28, o Inca lançou o estu­do A Con­ta que a Indús­tria do Taba­co Não Con­ta em que apon­ta que para cada R$ 1 de lucro da indús­tria do taba­co, o gov­er­no fed­er­al gas­ta R$ 5 com doenças cau­sadas pelo fumo.

“O estu­do do Inca mostra a origem dos recur­sos dessas estraté­gias que a indús­tria do taba­co uti­liza. É uma indús­tria que vive de morte, sofri­men­to, adoec­i­men­to e gera um cus­to para a sociedade brasileira. Cada R$ 156 mil que a indús­tria do taba­co uti­liza em estraté­gias de mar­ket­ing e mídias soci­ais para pagar influ­encers, para agir em ações judi­ci­ais, equiv­ale a uma morte. Esse é um recur­so que está carim­ba­do com morte”, com­ple­ta André Szk­lo, um dos autores da pesquisa.

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