...
sábado ,18 janeiro 2025
Home / Meios de comunicação / Morre aos 88 anos o xilogravurista pernambucano J. Borges

Morre aos 88 anos o xilogravurista pernambucano J. Borges

Repro­dução: © Museu do Pontal/Divulgação

Exposição no Museu do Pontal mostra a trajetória do artista


Publicado em 26/07/2024 — 12:01 Por Pedro Peduzzi — Repórter da Agência Brasil — Brasília
Atualizado em 26/07/2024 — 12:33

ouvir:

Fale­ceu nes­ta sex­ta-feira (26) aos 88 anos por causas nat­u­rais o xilo­gravurista, cordelista, poeta e “patrimônio vivo de Per­nam­bu­co” José Fran­cis­co Borges, con­heci­do como J. Borges. O artista plás­ti­co nasceu em 1935 na cidade per­nam­bu­cana de Bez­er­ros, onde sem­pre man­teve seu ateliê.

Ami­go de J.Borges, o ilustrador e quadrin­ista per­nam­bu­cano Jô Oliveira diz que J.Borges é “o mais famoso artista pop­u­lar brasileiro”. “Além de tal­en­toso, sem­pre foi uma pes­soa muito mod­es­ta, que tin­ha mui­ta paciên­cia para mostrar os mate­ri­ais que uti­liza­va, bem como suas téc­ni­cas”, disse o ilustrador cujos tra­bal­hos, a exem­p­lo de J.Borges, têm como base a cul­tura pop­u­lar nordes­ti­na, em espe­cial o cordel.

Brasília (DF), 26.07.2024 - Homenagem de Jô Oliveira ao amigo J. Borges, com o artista pernambucano e a personagem do famoso cordel A Chegada da Prostituta no Céu. Arte/Jô Oliveira/Divulgação
Repro­dução: Hom­e­nagem de Jô Oliveira ao ami­go J. Borges, com o artista per­nam­bu­cano e a per­son­agem do famoso cordel A Chega­da da Pros­ti­tu­ta no Céu. Arte: Jô Oliveira/Divulgação
“Eu o encon­trei pela primeira vez no iní­cio da déca­da de 1980. Mora­va em uma casa bem sim­ples e diri­gia um car­ro que nem painel tin­ha. Ele usa­va, como fer­ra­men­ta, uma faca de mesa com cabo e um pedac­in­ho de lâmi­na pequeno, de 2 ou 3 cen­tímet­ros, para faz­er as gravuras”, lem­bra Jô Oliveira.

Out­ra coisa mar­cante cita­da por Oliveira é o fato de que J.Borges fazia questão de vender suas obras a preços acessíveis. “Isso o tor­na­va ain­da mais pop­u­lar. Ele me dizia que o impor­tante era vender em grande quan­ti­dade. Não à toa, durante a pan­demia, era comum ver entre­vis­ta­dos nas TVs que tin­ham, ao fun­do, obras deles em suas pare­des das residên­cias”

A morte do artista foi comen­ta­da pelo pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va nas redes soci­ais.

“Nos des­ped­i­mos hoje de José Fran­cis­co Borges, o J. Borges, um dos maiores xilo­gravuris­tas do país. Auto­di­da­ta, começou a tra­bal­har muito cedo no agreste per­nam­bu­cano. Fiquei muito feliz de poder levar sua arte até o Papa. Meus sen­ti­men­tos aos famil­iares, ami­gos e admi­radores deste grande artista do nos­so país”, pos­tou o pres­i­dente.

Exposição

Quem quis­er con­hecer o tra­bal­ho de J.Borges pode ir ao Museu do Pon­tal, no Rio de Janeiro. A exposição vai até 25 de março de 2025. O curador e dire­tor-exec­u­ti­vo da exposição, Lucas Van de Beuque, falou, em jun­ho à Agên­cia Brasil, que J. Borges esta­va entre os maiores artis­tas vivos brasileiros, com obras expostas des­de o Museu Lou­vre, de Paris, na França, espal­hadas em museus no Brasil e coleções pri­vadas.

Segun­do o curador, a exposição no Museu do Pon­tal mostra a tra­jetória do artista “des­de os primeiros estu­dos de cordéis que ele fez até as últi­mas obras, como a Sagra­da Família, que foi dada ao Papa Fran­cis­co no ano pas­sa­do pelo pres­i­dente Lula, rep­re­sen­tan­do a arte pop­u­lar do Brasil, e a obra O coração na mão, que ele fez recen­te­mente e é um grande suces­so”, disse Van de Beuque.

Artista

As xilo­gravuras de J. Borges gan­haram admi­radores de peso, como o escritor Ari­ano Suas­suna. O artista tem vários prêmios, como a comen­da da Ordem do Méri­to Cul­tur­al, o prêmio da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco) na cat­e­go­ria Ação Educativa/Cultural e o títu­lo de Patrimônio Vivo de Per­nam­bu­co.

J. Borges fez tam­bém exposições nos Esta­dos Unidos, na França, na Ale­man­ha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba.

Foi tam­bém ilustrador de capas de livros de escritores como Eduar­do Galeano e José Sara­m­a­go. Além dis­so, foi fonte de inspi­ração para doc­u­men­tários e para o des­file da esco­la de sam­ba Acadêmi­cos da Rocin­ha, em 2018.

Quan­do cri­ança, J. Borges tal­ha­va madeira para faz­er col­heres de pau e brin­que­dos arte­sanais, para vendê-los nas feiras de sua região. Foi tam­bém durante a infân­cia que começou a vender livros de cordel – lit­er­atu­ra à qual se dedi­cou com mais inten­si­dade aos 21 anos.

Ele foi con­dec­o­ra­do com a comen­da da Ordem do Méri­to pelo pres­i­dente Fer­nan­do Hen­rique Car­doso. Rece­beu tam­bém o prêmio Unesco na cat­e­go­ria Ação Educativa/Cultural e, em 2002, foi um dos 13 artis­tas que ilus­traram o cal­endário anu­al das Nações Unidas.

Em maio de 2022, o artista par­ticipou do pro­gra­ma Cam­in­hos da Reportagem, da TV Brasil, sobre xilo­gravu­ra. Veja, abaixo, o episó­dio:

Xilogravura: a maestria da madeira

Edição: Maria Clau­dia

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Fies: inscrições para o primeiro semestre começam em 4 de fevereiro

Inscrições gratuitas deve ser feitas exclusivamente pela internet Fabío­la Sin­im­bú – Repórter da Agên­cia Brasil …