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Morre economista Maria da Conceição Tavares, aos 94 anos

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Nascida em Portugal, se dedicou a lutar por uma sociedade mais justa


Publicado em 08/06/2024 — 12:57 Por Felipe Pontes — Repórter da Agência Brasil — Brasília

Refer­ên­cia do pen­sa­men­to econômi­co desen­volvi­men­tista, a econ­o­mista Maria da Con­ceição Tavares mor­reu neste sába­do aos 94 anos, em Nova Fribur­go, onde mora­va com a família. A causa da morte não foi divul­ga­da. Ela deixa dois fil­hos, Lau­ra e Bruno, dois netos, Ivan e Leon, e o bis­ne­to Théo.

A econ­o­mista se nota­bi­li­zou pela defe­sa de uma sociedade mais jus­ta e solidária e for­mou diver­sas ger­ações de econ­o­mis­tas na Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Uni­ver­si­dade de Camp­inas (Uni­camp), incluin­do nomes como a ex-pres­i­dente Dil­ma Rouss­eff e o ex-senador José Ser­ra, entre muitos out­ros.

Nasci­da em 1930 em Ana­dia, no dis­tri­to de Aveiro, em Por­tu­gal, ela migrou para o Brasil em meio à ditadu­ra salazarista, em 1954, esta­b­ele­cen­do-se no Rio de Janeiro. Nat­u­ral­i­zou-se brasileira em 1957 e, em ter­ras brasileiras, desen­volveu uma exten­sa car­reira como econ­o­mista, sendo influ­en­ci­a­da pelo pen­sa­men­to de Cel­so Fur­ta­do, Caio Pra­do Jr. e Igná­cio Rangel.

No X, o pres­i­dente Luis Iná­cio Lula da Sil­va lamen­tou a morte de Maria da Con­ceição Tavares.

“Tive o praz­er e a hon­ra de con­viv­er e con­ver­sar muito com min­ha ami­ga ao lon­go dos anos, deba­ten­do o Brasil e os nos­sos desafios soci­ais e econômi­cos no Insti­tu­to Cidada­nia, em con­ver­sas no Rio de Janeiro ou em via­gens pelo Brasil. Nesse momen­to de des­pe­di­da, meus sen­ti­men­tos aos famil­iares, em espe­cial aos fil­hos, aos muitos ami­gos, alunos e admi­radores de Maria da Con­ceição Tavares”, acres­cen­tou Lula.

Maria da Con­ceição chegou a par­tic­i­par da elab­o­ração do plano de metas do gov­er­no Jusceli­no Kubitschek e se desta­cou nos estu­dos sobre sub­sti­tu­ição das impor­tações, ten­do tra­bal­ha­do na Comis­são Econômi­ca para Améri­ca Lati­na (Cepal).

Pub­li­cou cen­te­nas de arti­gos e dezenas de livros, den­tre os quais tex­tos clás­si­cos e con­sid­er­a­dos obri­gatórios nos cur­sos de econo­mia, como o famoso “Auge e Declínio do Proces­so de Sub­sti­tu­ição de Impor­tações no Brasil — Da Sub­sti­tu­ição de Impor­tações ao Cap­i­tal­is­mo Finan­ceiro”, obra pub­li­ca­da em 1972. Gan­hou o Prêmio Jabu­ti 1998, na cat­e­go­ria econo­mia.

Nos últi­mos anos, gan­hou fama entre jovens nas redes soci­ais, com o com­par­til­hamen­to de vídeos de entre­vis­tas e aulas em que faz dis­cur­sos enér­gi­cos, em seu esti­lo fran­co e despu­do­ra­do, sobre o proces­so de indus­tri­al­iza­ção nacional. Ela crit­i­ca­va, por exem­p­lo, a políti­ca econômi­ca do regime mil­i­tar no Brasil. Chegou a ser pre­sa por agentes da ditadu­ra, por 48 horas, em 1974.

Teve grande influên­cia sobre a elab­o­ração do Plano Cruza­do, no gov­er­no de José Sar­ney, e chegou a se emo­cionar durante entre­vista em rede nacional de TV ao diz­er que o plano foi o primeiro pro­gra­ma anti-infla­cionário a não prej­u­dicar o tra­bal­hador.

Sem­pre bus­cou se posi­cionar, dis­tan­cian­do-se da neu­tral­i­dade. Foi uma das prin­ci­pais con­sel­heiras econômi­cas do PMDB no perío­do pré-rede­moc­ra­ti­za­ção, sob a lid­er­ança de Ulysses Guimarães. Após a morte deste, fil­iou-se ao PT, par­tido pelo qual se elegeu dep­uta­da fed­er­al (1995–1999).

Neste ano, ela foi hom­e­nagea­da pelo Ban­co Nacional do Desen­volvi­men­to Econômi­co e Social (BNDES), onde tra­bal­hou, no con­tex­to do Dia Inter­na­cional da Mul­her. “Ela foi muito impor­tante para min­ha ger­ação, para a luta pela democ­ra­cia, para a dis­cussão de um pro­je­to nacional de desen­volvi­men­to”, disse o pres­i­dente do ban­co públi­co, Aloizio Mer­cadante, na ocasião.

Edição: Maria Clau­dia

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