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Morre Iara Deodoro, bailarina e referência da dança afro-gaúcha

Artista fundou há 50 anos projeto que promove a cultura negra no RS

Juliana Cézar Nunes
Pub­li­ca­da em 28/09/2024 — 13:01
Brasília
Ver­são em áudio
Brasília (DF), 28/09/2024 - Cantora Iara Deodoro. Foto: iaradeodoro/Instagram
© iaradeodoro/Instagram

A comu­nidade negra gaúcha está de luto. Mor­reu nes­sa sex­ta-feira (28) a baila­r­i­na, coreó­grafa e ativista Iara Deodoro, 68 anos, refer­ên­cia da dança afro-gaúcha e afro­brasileira.

Iara fale­ceu em decor­rên­cia das seque­las de uma para­da cardía­ca ocor­ri­da em maio, em meio às enchentes no Rio Grande do Sul. A coreó­grafa será sepul­ta­da neste sába­do (28), após velório no cemitério João XXIII.

Ao lon­go de 50 anos, Iara dirigiu e core­ografou mais de 30 espetácu­los, além de atu­ar no car­naval como por­ta-ban­deira. Ao lado do mari­do, o can­tor e instru­men­tista Paulo Romeu Deodoro, ela esteve à frente do Insti­tu­to Socio­cul­tur­al Afro-Sul Odomodê.

A orga­ni­za­ção desen­volve pro­je­tos edu­ca­cionais e cul­tur­ais em dança, músi­ca, moda e gas­trono­mia com base na cul­tura e na história africana e afro-brasileira.

O Afro-Sul tam­bém pro­move ações cole­ti­vas cul­tur­ais e educa­ti­vas, espe­cial­mente para cri­anças, ado­les­centes e idosos. Durante as enchentes no Rio Grande do Sul, o insti­tu­to atu­ou para arrecadar doações e prestar assistên­cia a comu­nidades negras e quilom­bo­las.

A arquite­ta e servi­do­ra públi­ca Lua­na Paré, que fez parte do grupo de dança do Afro-Sul, fala sobre a importân­cia do tra­bal­ho da fun­dado­ra do insti­tu­to.

“Iara Deodoro, ou tia Iara, vó Iara, é uma potên­cia de amor, ded­i­cação e excelên­cia para ger­ações de mul­heres, home­ns e cri­anças negras. Digo “é” porque ela deixou um pouco de si em cada pes­soa que ela tocou com seu acol­hi­men­to, sua risa­da, suas palavras enér­gi­cas e obje­ti­vas, com essa mater­nidade negra ances­tral que ancorou e dire­cio­nou para o bem muitas cri­anças como eu e min­ha fil­ha. Iara foi mãe, tia e avó de muitos, e sou pro­fun­da­mente gra­ta por ter sido abençoa­da pela pre­sença dela em nos­sas vidas”, diz Lua­na.

A dep­uta­da fed­er­al Reginete Bis­po (PT-RS) tam­bém prestou sol­i­dariedade à família e desta­cou a tra­jetória inspi­rado­ra de Iara Deodoro. “Ela rep­re­sen­ta uma ger­ação de mul­heres e pes­soas negras que enfrentaram o racis­mo para impor o recon­hec­i­men­to da arte e da cul­tura afro-gaúcha e do recon­hec­i­men­to ao povo negro. O Brasil perde uma grande mul­her, a arte e a cul­tura per­dem uma defen­so­ra incan­sáv­el”, lamen­tou Reginete.

A filó­so­fa Katiúscia Ribeiro fez uma hom­e­nagem à Iara Deodoro em um post nas redes soci­ais: “Tia Iara, nos­sa eter­na refer­ên­cia! Min­ha mãe tam­bém tem sido uma base sól­i­da em min­ha jor­na­da. Que os ances­trais te acol­ham com muito amor. Olorun Kosi Purê… Àṣẹ.”

Em nota, o Min­istério da Cul­tura man­i­festou pesar pela pas­sagem de Iara e desta­cou seu tra­bal­ho à frente do Afro-Sul: “Iara Deodoro deixa um lega­do de val­oriza­ção da cul­tura negra e da arte como instru­men­to de trans­for­mação social. Seguirá como grande inspi­ração, prin­ci­pal­mente às pes­soas que fazem parte do Afro-Sul Odomodê.”

Nas redes soci­ais, a Funarte tam­bém cele­brou a coreó­grafa e toda a sua con­tribuição para as artes e a cul­tura brasileira.

Des­de 2023, o Insti­tu­to Afro-Sul desen­volve o pro­je­to Bib­liote­ca Dig­i­tal de Movi­men­tos Iara Deodoro, ded­i­ca­do ao reg­istro e dig­i­tal­iza­ção de movi­men­tos da dança afro. O pro­je­to é fomen­ta­do pelo Pro­gra­ma Funarte Retoma­da 2023 — Dança e tem a real­iza­ção da Funarte e do Min­istério da Cul­tura.

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