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Mortes causadas pelo calor podem dobrar e afetar principalmente idosos

Previsão faz parte do projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana

Guil­herme Jerony­mo — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 16/10/2025 — 07:02
São Paulo
Rio de Janeiro (RJ), 17/02/2024 -Transeuntes se protegem do forte calor nas ruas do centro da cidade. Cidade do Rio de Janeiro atinge nível 4 de calor. Marco é caracterizado por temperaturas que podem chegar a 44ºC Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

O calor é respon­sáv­el por cer­ca de 1 em cada 100 mortes na Améri­ca Lati­na atual­mente, e esse número pode chegar a mais do que o dobro em 20 anos, con­sideran­do o rit­mo nor­mal de envel­hec­i­men­to da pop­u­lação e cenários mod­er­a­dos de aque­c­i­men­to glob­al, entre 1º C e 3º C de aumen­to para o perío­do de 2045 a 2054. A con­clusão é de uma análise de cenários fei­ta em 326 cidades da Argenti­na, do Brasil, Chile, da Cos­ta Rica, de El Sal­vador, da Guatemala, do Méx­i­co, Panamá e Peru por uma rede de pesquisadores.

Esti­madas hoje em 0,87% do total, as mortes por calor podem chegar a 2,06% no pior cenário.

“As pes­soas idosas e as mais pobres são as que mais sofrem. Quem vive em áreas per­iféri­c­as, em mora­dias precárias e sem aces­so a ar-condi­ciona­do ou a espaços verdes terá mais difi­cul­dade para enfrentar ondas de calor cada vez mais inten­sas. As mortes são ape­nas a pon­ta do ice­berg. O calor extremo aumen­ta o risco de infar­tos, insu­fi­ciên­cia cardía­ca e out­ras com­pli­cações, espe­cial­mente em pes­soas com doenças crôni­cas”, expli­ca Nel­son Gou­veia, pro­fes­sor do Depar­ta­men­to de Med­i­c­i­na Pre­ven­ti­va da Fac­ul­dade de Med­i­c­i­na da Uni­ver­si­dade de São Paulo (FMUSP), um dos autores do estu­do.

No Brasil, a par­tic­i­pação con­sider­ou dados do Sis­tema de Infor­mações sobre Mor­tal­i­dade (SIM), do Data­SUS e do Cen­so Demográ­fi­co, do Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE). Assim como nos demais país­es da Améri­ca Lati­na anal­isa­dos, as mortes cau­sadas por even­tos climáti­cos envol­ven­do tem­per­at­uras extremas devem aumen­tar con­sid­er­av­el­mente, tan­to para situ­ações envol­ven­do calor quan­to frio. Um fator deci­si­vo é o aumen­to da pop­u­lação aci­ma de 65 anos na déca­da esti­ma­da (2045–2054), que aumen­ta a pop­u­lação mais afe­ta­da por essas doenças.

Os pesquisadores con­cluíram ain­da que é pos­sív­el impedir parte con­sid­eráv­el dessas mortes des­de que se ini­cie a con­strução e apli­cação de políti­cas de adap­tação climáti­ca voltadas para o aumen­to de pop­u­lações vul­neráveis a tem­per­at­uras extremas, como planos de ação para perío­dos de calor inten­so e adap­tações nas cidades para diminuir a exposição a tem­per­at­uras ele­vadas e mit­i­gar seus efeitos na saúde, de for­ma acessív­el aos idosos e a pes­soas com defi­ciên­cias. 

Out­ras medi­das apon­tadas como efi­cazes são a adoção de sis­temas de aler­ta pre­coce, com comu­ni­cação clara e acessív­el à pop­u­lação, a expan­são de áreas verdes e cri­ação de corre­dores de ven­ti­lação urbana para reduzir ilhas de calor, a edu­cação comu­nitária sobre os riscos de altas tem­per­at­uras e for­mas de pro­teção indi­vid­ual e cole­ti­va, além da adoção de pro­to­co­los de saúde públi­ca para atendi­men­to pri­or­itário a pes­soas idosas e com doenças crôni­cas, como já imple­men­ta­do no Rio de Janeiro.

O estu­do faz parte do pro­je­to Mudanças Climáti­cas e Saúde Urbana na Améri­ca Lati­na (Salur­bal-Cli­ma) e reúne pesquisadores de insti­tu­ições de nove país­es lati­no-amer­i­canos e dos Esta­dos Unidos. Com duração de cin­co anos (2023–2028), o Salur­bal bus­ca evidên­cias que rela­cionam as mudanças climáti­cas aos impactos na saúde da região.

O estu­do com­ple­to está disponív­el na revista eletrôni­ca Envi­ron­ment Inter­na­tion­al (clique aqui).

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