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Mostra no Museu do Amanhã traça percurso da pandemia

Museu do Amanhã reabre na Praça MauáMuseu do Amanhã reabre na Praça Mauá
© Tânia Rego/Agência Bra­sil (Repro­du­ção)

Exposição Coronaceno ficará aberta ao público até 30 de maio


Publi­ca­do em 04/03/2021 — 07:30 Por Ala­na Gan­dra — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Rio de Janei­ro

Em seis ambi­en­tes dis­tin­tos, o Museu do Ama­nhã, loca­li­za­do na Pra­ça Mauá, região cen­tral do Rio de Janei­ro, inau­gu­ra hoje (4) a expo­si­ção tem­po­rá­ria Coro­na­ce­no — Refle­xões em tem­pos de pan­de­mia, que fica­rá aber­ta ao públi­co até 30 de maio pró­xi­mo, com visi­ta­ção esten­di­da em uma hora por dia, das 10h às 18h, de quin­ta-fei­ra a domin­go.

O cura­dor da mos­tra, Leo­nar­do Mene­zes, expli­cou à Agên­cia Bra­sil que a expo­si­ção não é line­ar, ou seja, excluin­do as salas de entra­da e saí­da, deno­mi­na­das “Salas Essen­ci­ais”, os visi­tan­tes podem per­cor­rer a mos­tra na ordem dese­ja­da, “até para faci­li­tar a ques­tão da lota­ção de uma sala para outra e man­ter o dis­tan­ci­a­men­to soci­al”.

A ori­en­ta­ção do flu­xo, suge­ri­da pela cura­do­ria, é que a visi­ta come­ce pela sala de entra­da, onde é fei­ta home­na­gem a dife­ren­tes pro­fis­si­o­nais que nas pri­mei­ras sema­nas da pan­de­mia, enquan­to a mai­or par­te da popu­la­ção ficou iso­la­da em casa, tive­ram que sair da segu­ran­ça de suas resi­dên­ci­as para per­mi­tir que a mai­o­ria ficas­se segu­ra.

Foram sele­ci­o­na­das para a home­na­gem oito pro­fis­sões: pro­fis­si­o­nais de saú­de, pes­qui­sa­do­res, cien­tis­tas, far­ma­cêu­ti­cos, aten­den­tes de super­mer­ca­dos, pro­fis­si­o­nais do trans­por­te públi­co, entre­ga­do­res, pro­fis­si­o­nais de higi­e­ni­za­ção den­tro das ins­ti­tui­ções e pré­di­os e higi­e­ni­za­ção públi­ca. “É só uma par­ce­la. A gen­te enten­de que tem mais pro­fis­sões, mas sele­ci­o­na­mos oito para esta­rem repre­sen­ta­dos. A gen­te mos­tra que essa pan­de­mia abar­cou o mun­do intei­ro”.

São exi­bi­das ima­gens de regiões vazi­as em três con­ti­nen­tes: Copa­ca­ba­na, em mar­ço de 2020; Wuhan, em feve­rei­ro de 2020; e Paris, tam­bém em mar­ço de 2020. “Áre­as mui­to con­cen­tra­das de turis­mo com­ple­ta­men­te vazi­as, mos­tran­do a ampli­dão des­sa pan­de­mia”.

Trajetória do vírus

A pró­xi­ma sala é “Do Vírus à Pan­de­mia”. Retra­ta o novo coro­na­ví­rus, como ele che­gou até nós e o que ele cau­sa de efei­tos na saú­de. A sala é toda ilu­mi­na­da por luz negra e tem mar­cas de mãos e simu­la­ções de espir­ros nas pare­des, con­si­de­ra­das as duas prin­ci­pais for­mas de con­tá­gio. Uma gran­de escul­tu­ra em acrí­li­co tri­di­men­si­o­nal, com 1,5 metro de diâ­me­tro, simu­la a for­ma do vírus, para que o visi­tan­te pos­sa conhe­cê-lo. “É uma inter­pre­ta­ção artís­ti­ca, mas que lem­bra bem o for­ma­to que ele tem”. Há ain­da um vídeo que expli­ca como o coro­na­ví­rus che­gou à huma­ni­da­de e o que isso trou­xe em ter­mos de pres­são nos sis­te­mas de saú­de públi­cos e par­ti­cu­la­res, infor­mou o cura­dor.

Deno­mi­na­da “Soci­e­da­des Trans­for­ma­das”, a ter­cei­ra sala da mos­tra já olha para os efei­tos soci­ais e econô­mi­cos que a pan­de­mia trou­xe e que muda­ram radi­cal­men­te a for­ma como as pes­so­as estu­dam, tra­ba­lham e como se rela­ci­o­nam. A ceno­gra­fia lem­bra uma cida­de, onde dois víde­os sin­cro­ni­za­dos mos­tram esses dife­ren­tes efei­tos para gru­pos soci­ais de menor e mai­or ren­da.

“Por mais que todos nós tenha­mos sido impac­ta­dos, sen­ti­mos a pan­de­mia de for­mas mui­to dife­ren­tes, depen­den­do da ren­da que a gen­te tem”. Um gran­de pai­nel foto­grá­fi­co de São Pau­lo no entar­de­cer exi­be os apar­ta­men­tos ace­sos, suge­rin­do que den­tro de casa esta­mos segu­ros. “São pro­je­ta­dos ros­tos com más­ca­ras para mos­trar que den­tro de nos­sas casas esta­mos segu­ros e fora de casa a gen­te pre­ci­sa usar más­ca­ras”.

Emoção

A quar­ta sala, cha­ma­da “Memo­ri­al aos Que Par­ti­ram”, é mais emo­ti­va. Ela faz uma home­na­gem às pes­so­as que mor­re­ram de covid-19. Há no local uma ins­ta­la­ção artís­ti­ca, na qual ampu­lhe­tas sus­pen­sas mos­tram o tem­po cor­ren­do. “São mais de 300 ampu­lhe­tas sus­pen­sas. E no cen­tro do espa­ço, a gen­te tem um mon­te gran­de de areia com vári­as ampu­lhe­tas que­bra­das. Ou seja, o tem­po que, infe­liz­men­te, foi inter­rom­pi­do antes do que pre­ci­sa­va ser”.

Nas pare­des, estão escri­tos cer­ca de 100 nomes de víti­mas reais da pan­de­mia, auto­ri­za­dos pelas famí­li­as. Todos os esta­dos do Bra­sil estão ali retra­ta­dos, para mos­trar que todo o país sofreu impac­to. Além dis­so, são home­na­ge­a­das etni­as indí­ge­nas que tive­ram mor­tos, a par­tir de infor­ma­ções pas­sa­das pela Asso­ci­a­ção Bra­si­lei­ra de Povos Indí­ge­nas. A visi­ta é acom­pa­nha­da de nar­ra­ção de um poe­ma de Macha­do de Assis inti­tu­la­do Dois Hori­zon­tes, que fala de sau­da­de, pela atriz Cis­sa Gui­ma­rães, com fun­do musi­cal da Orques­tra Sinfô­ni­ca de Ouro Pre­to.

Na quin­ta sala, “A Ciên­cia é Pro­ta­go­nis­ta”, são apre­sen­ta­dos avan­ços cien­tí­fi­cos e tec­no­ló­gi­cos das ace­le­ra­ções que ocor­re­ram em fun­ção do iso­la­men­to tra­zi­do pela pan­de­mia. É rela­ta­da a bus­ca pela vaci­na, que gerou a pro­du­ção de vári­as vaci­nas no mun­do em tem­po recor­de, mas tam­bém o uso das tec­no­lo­gi­as, como inte­li­gên­cia arti­fi­ci­al, impres­são 3D, reco­nhe­ci­men­to faci­al, tudo que foi neces­sá­rio e ace­le­ra­do, para que a popu­la­ção pudes­se se adap­tar a esses novos tem­pos de iso­la­men­to e dis­tan­ci­a­men­to soci­al, rela­tou Leo­nar­do Mene­zes.

Nes­sa sala, há repre­sen­ta­ção da mesa de um pes­qui­sa­dor sobre a qual estão ins­tru­men­tos cien­tí­fi­cos reais usa­dos no diag­nós­ti­co de covid-19. “A gen­te tam­bém traz o con­cei­to da sin­de­mia, que é quan­do você tem a pan­de­mia pegan­do caro­na na desi­gual­da­de soci­al, por­que apro­vei­ta as bai­xas con­di­ções de higi­e­ne, espe­ci­al­men­te de comu­ni­da­des caren­tes, e aca­ba inten­si­fi­can­do a desi­gual­da­de soci­al. Em cer­to pon­to, essa desi­gual­da­de ali­men­ta a pan­de­mia”, expli­cou o cura­dor. A sin­de­mia carac­te­ri­za a inte­ra­ção agra­van­te entre pro­ble­mas de saú­de em popu­la­ções em seu con­tex­to soci­al e econô­mi­co.

Resiliência

A sex­ta e últi­ma sala se deno­mi­na “A Cul­tu­ra é o Cami­nho” e dei­xa cla­ro como a indús­tria cul­tu­ral foi impac­ta­da pela pan­de­mia des­de o pri­mei­ro momen­to, com o fecha­men­to dos cine­mas, tea­tros, casas de espe­tá­cu­lo. Em um pal­co com cor­ti­nas ver­me­lhas, que simu­la um tea­tro, é exi­bi­do um vídeo que reve­la não só o impac­to pro­vo­ca­do pela covid-19, mas tam­bém como a cri­a­ti­vi­da­de e a cul­tu­ra são resi­li­en­tes.

“A gen­te mos­tra as adap­ta­ções que foram fei­tas pela área cul­tu­ral para poder ofe­re­cer um bem estar men­tal, por­que sabe­mos que a saú­de men­tal está sen­do mui­to afe­ta­da pela pan­de­mia, e a cul­tu­ra e o aces­so à cul­tu­ra são for­mas de man­ter mais a nos­sa saú­de men­tal, no sen­ti­do de cone­xão e de inter­pre­ta­ção des­ses momen­tos que esta­mos viven­do”.

A sala mos­tra que o adven­to do dri­ve-in (cine­ma ao ar livre), das apre­sen­ta­ções musi­cais vir­tu­ais, das peças de tea­tro onli­ne, as can­to­ri­as nas jane­las repre­sen­ta­ram, ao lon­go do últi­mo ano, alí­vio para as pes­so­as e um sinal de resi­li­ên­cia. “Por­que mes­mo nos momen­tos mais tris­tes da his­tó­ria da huma­ni­da­de, sem­pre hou­ve pro­du­ção artís­ti­ca inter­pre­tan­do esses tem­pos e ago­ra não é dife­ren­te”, lem­brou Mene­zes. Ele acres­cen­tou que é um pou­co esse o per­cur­so que o museu tra­ça, des­de o iní­cio da doen­ça até um cami­nho de espe­ran­ça, repre­sen­ta­do pelas vaci­nas e pela resi­li­ên­cia da cul­tu­ra.

Leo­nar­do Mene­zes afir­mou que o Museu do Ama­nhã, como ins­ti­tui­ção cul­tu­ral e cien­tí­fi­ca, rea­briu suas por­tas em setem­bro de 2020, com toda segu­ran­ça, seguin­do os pro­to­co­los sani­tá­ri­os e ado­tan­do pro­gra­ma­ção vir­tu­al, deba­tes pela inter­net, expo­si­ções vir­tu­ais. “A gen­te não teve um caso entre os fun­ci­o­ná­ri­os e os visi­tan­tes que esta­mos moni­to­ran­do des­de a rea­ber­tu­ra. É uma visi­ta segu­ra”. O museu está com limi­ta­ção no espa­ço. São admi­ti­das 360 pes­so­as por hora, para que todos pos­sam visi­tar com segu­ran­ça, con­for­to e dis­tan­ci­a­men­to soci­al. Todos os ingres­sos são adqui­ri­dos onli­ne, no ende­re­ço https://www.ingressorapido.com.br.

Edi­ção: Gra­ça Adju­to

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