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Motivação da morte de Marielle envolve questão fundiária e milícia

Repro­dução:  © José Cruz/ Agên­cia Brasil

Ministro da Justiça destacou disputa política na Câmara Municipal


Publicado em 24/03/2024 — 17:05 Por Pedro Rafael Vilela — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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A prin­ci­pal moti­vação do assas­si­na­to da vereado­ra Marielle Fran­co, rev­e­la­da neste domin­go (24), envolve a dis­pu­ta em torno da reg­u­lar­iza­ção de ter­ritórios no Rio de Janeiro.

Em cole­ti­va de impren­sa para apre­sen­tar os resul­ta­dos da inves­ti­gação, o min­istro da Justiça e Segu­rança Públi­ca, Ricar­do Lewandows­ki, leu tre­chos do relatório da Polí­cia Fed­er­al (PF), de mais de 470 pági­nas, citan­do a divergên­cia entre Marielle Fran­co e o grupo políti­co do então vereador Chiquin­ho Brazão em torno do Pro­je­to de Lei (PL) 174/2016, que bus­ca­va for­malizar um con­domínio na Zona Oeste da cap­i­tal flu­mi­nense.

Citan­do uma “reação descon­tro­la­da” de Chiquin­ho Brazão pelo resul­ta­do aper­ta­do da votação do PL no plenário da Câmara Munic­i­pal, segun­do relatório da PF, o min­istro afir­mou que o crime começou a ser prepara­do ain­da no segun­do semes­tre de 2017.

“Me parece que todo esse volu­moso con­jun­to de doc­u­men­tos que recebe­mos, esse é um tre­cho extrema­mente sig­ni­fica­ti­vo, que mostra, pelo menos, a moti­vação bási­ca do assas­si­na­to da vereado­ra Marielle Fran­co, que se opun­ha, jus­ta­mente, a esse grupo, que, na Câmara Munic­i­pal do Rio de Janeiro, que­ria reg­u­larizar ter­ras, para usá-las com fins com­er­ci­ais, enquan­to o grupo da vereado­ra que­ria usar essas ter­ras para fins soci­ais, de mora­dia pop­u­lar”, afir­mou Lewandows­ki.

Segun­do ele, a PF apon­tou que Domin­gos Brazão, um dos envolvi­dos, tem lon­ga relação com gri­lagem de ter­ras e ação de milí­cias.

Na mes­ma lin­ha, o dire­tor-ger­al da PF, Andrei Rodrigues, men­cio­nou os ele­men­tos apu­ra­dos na inves­ti­gação. “Moti­vação tem que ser anal­isa­da no con­tex­to. O que há são várias situ­ações que envolvem a vereado­ra Marielle Fran­co, que levaram a esse grupo de oposição, que envolve tam­bém a questão lig­a­da a milí­cias, dis­pu­ta de ter­ritórios, reg­u­lar­iza­ção de empreendi­men­tos. Há seis anos, havia um cenário e cul­mi­nou nes­sa dis­pu­ta”, afir­mou o del­e­ga­do.

Brasília- DF 24-03-2024. Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski e o diretor Geral da PF, Andrei Passos, durante coletiva sobre os mandantes do assassinato de Marielle Franco. Foto José Cruz/ Agência Brasil.
Repro­dução: O dire­tor ger­al da PF, Andrei Rodrigues, durante cole­ti­va sobre os man­dantes do assas­si­na­to de Marielle Fran­co. Foto José Cruz/ Agên­cia Brasil.

A inves­ti­gação da Polí­cia Fed­er­al con­cluiu que os irmãos Domin­gos e Chiquin­ho Brazão con­trataram o ex-poli­cial mil­i­tar Ron­nie Lessa para exe­cu­tar a vereado­ra Marielle Fran­co, em 2018. Na ocasião, o motorista dela, Ander­son Gomes, tam­bém foi mor­to. Fer­nan­da Chaves, asses­so­ra da vereado­ra, sobre­viveu ao aten­ta­do.

A con­clusão está no relatório final da inves­ti­gação, divul­ga­do após o min­istro Alexan­dre de Moraes, do Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF), reti­rar o sig­i­lo do inquéri­to.

Domin­gos Brazão, con­sel­heiro do Tri­bunal de Con­tas do Rio de Janeiro, e Chiquin­ho Brazão, dep­uta­do fed­er­al, foram pre­sos na man­hã de hoje por deter­mi­nação de Moraes.

Segun­do o min­istro da Justiça, o crime é rel­e­vador do “modus operan­di” da milí­cia e do crime orga­ni­za­do no Rio de Janeiro.

“A par­tir desse caso, nós podemos talvez desven­dar out­ros casos, ou seguir o fio da mea­da cuja dimen­são não temos clara. Essa inves­ti­gação é uma espé­cie de radi­ografia de como opera a milí­cia e o crime orga­ni­za­do no Rio de Janeiro”.

Delegado envolvido

No doc­u­men­to da PF, os inves­ti­gadores mostram que o plano para exe­cu­tar Marielle con­tou com a par­tic­i­pação de Rival­do Bar­bosa, ex-chefe da Poli­cia Civ­il do Rio. Segun­do a PF, Rival­do “plane­jou metic­u­losa­mente” o crime. Bar­bosa tam­bém foi pre­so na oper­ação des­ta man­hã.

“O que pode ser dito é que, antes do crime, havia uma relação inde­v­i­da desse [Rival­do], que era então chefe da Del­e­ga­cia de Homicí­dios, depois, chefe de Polí­cia, para desviar o foco da inves­ti­gação daque­les que são os ver­dadeiros man­dantes do crime”, obser­vou o dire­tor-ger­al da PF.

Edição: Lílian Beral­do

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