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Mudanças climáticas agravam insegurança alimentar, diz pesquisadora

Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Encontro na Uerj termina hoje


Publicado em 13/09/2024 — 07:07 Por Francielly Barbosa* — Rio de Janeiro

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A relação dire­ta entre a fome e as mudanças climáti­cas foi debati­da por pesquisadores que se reuni­ram na Uni­ver­si­dade do Esta­do do Rio de Janeiro (Uerj) nes­ta sem­ana, no 6º Encon­tro Nacional de Pesquisa em Sobera­nia e Segu­rança Ali­men­tar e Nutri­cional, que ter­mi­na nes­ta sex­ta-feira (13). Coor­de­nado­ra do even­to e pro­fes­so­ra do Insti­tu­to de Nutrição Josué de Cas­tro, da UERJ, Rosana Salles da Cos­ta expli­ca que a inse­gu­rança hídri­ca, por exem­p­lo, pode ser uma con­se­quên­cia das mudanças climáti­cas que tam­bém reduz o aces­so à ali­men­tação saudáv­el.

“A segu­rança ali­men­tar se rela­ciona a diver­sas questões. Podemos colo­car como uma delas as mudanças climáti­cas com, por exem­p­lo, o pre­juí­zo no aces­so à água em quan­ti­dade e qual­i­dade”, expli­cou à Agên­cia Brasil. “Esta­mos deba­ten­do no país a questão da segu­rança hídri­ca, que, com as mudanças climáti­cas e as queimadas que estão acon­te­cen­do, aca­ba prej­u­di­can­do várias áreas de plan­tio de ali­men­tos pro­duzi­dos para o con­sumo nacional”.

A pro­fes­so­ra ressalta tam­bém ser impor­tante obser­var o aumen­to do preço dos ali­men­tos, resul­ta­do de uma sequên­cia de acon­tec­i­men­tos que difi­cul­tam o aces­so à ali­men­tação. “Uma vez que você prej­u­di­ca o plan­tio e o cul­ti­vo de ali­men­tos des­ti­na­dos ao con­sumo da nos­sa pop­u­lação, infe­liz­mente, o preço tam­bém é afe­ta­do. A par­tir daí, temos que pen­sar em políti­cas públi­cas e em como revert­er os efeitos das mudanças climáti­cas, porque elas estão pre­sentes e temos que pen­sar ago­ra em como vamos enfrentar as difi­cul­dades rela­cionadas à segu­rança ali­men­tar, artic­u­lan­do com os Gov­er­nos Fed­er­al, Estad­u­ais e Munic­i­pais medi­das de redução da fome e pro­moção da ali­men­tação saudáv­el.”

Real­iza­do pela Rede Brasileira de Pesquisa em Sobera­nia e Segu­rança Ali­men­tar e Nutri­cional (Rede Penssan), o encon­tro trouxe como tema “Pesquisa e políti­cas públi­cas em sobera­nia e segu­rança ali­men­tar e nutri­cional no enfrenta­men­to das desigual­dades, da fome e das mudanças climáti­cas”, reunin­do pesquisadores nacionais e inter­na­cionais, alunos de grad­u­ação e de pós-grad­u­ação para debaterem as influên­cias das mudanças climáti­cas no aces­so à ali­men­tação ade­qua­da pela pop­u­lação.

Segurança alimentar

Rosana Salles da Cos­ta esclarece que segu­rança ali­men­tar se rela­ciona ao aces­so à ali­men­tação ade­qua­da para todas as pes­soas de uma família, refletindo o dire­ito humano à ali­men­tação ade­qua­da. Por out­ro lado, a inse­gu­rança ali­men­tar se faz pre­sente quan­do uma das questões rela­cionadas à ali­men­tação, seja em quan­ti­dade ou qual­i­dade, não é garan­ti­da. No Brasil, a inse­gu­rança ali­men­tar é avali­a­da a par­tir da Escala Brasileira de Inse­gu­rança Ali­men­tar (EBIA). “Os níveis de inse­gu­rança ali­men­tar são três: inse­gu­rança ali­men­tar leve, mod­er­a­da e grave. A inse­gu­rança ali­men­tar grave reflete a fome na nos­sa pop­u­lação, ou seja, famílias que pas­sam o dia todo sem com­er ou que fazem uma úni­ca refeição ao dia”.

No país, con­forme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Con­tínua, ref­er­entes ao últi­mo trimestre de 2023, 10,8% dos lares coman­da­dos por mul­heres con­vivem com a inse­gu­rança ali­men­tar mod­er­a­da ou grave. Con­sideran­do os lares chefi­a­dos por home­ns, essa por­cent­agem pas­sa para 7,8%, rev­e­lando uma difer­ença de três pon­tos per­centu­ais. Com relação à cor ou raça, 74,6% dos domicílios que enfrentam a inse­gu­rança ali­men­tar grave são chefi­a­dos por pes­soas pre­tas e par­das.

“Infe­liz­mente, temos o grupo clas­si­ca­mente mais afe­ta­do que são os lares chefi­a­dos por mul­heres, espe­cial­mente as mul­heres negras”, anal­isa a pro­fes­so­ra. “Esse tam­bém é um tema de debate de alguns dos painéis e de vários tra­bal­hos do 6º EPISSAN. O encon­tro não debate ape­nas resul­ta­dos, mas tam­bém é muito propos­i­ti­vo. Os pesquisadores pre­sentes anal­isam e fazem pro­postas de políti­cas que, prin­ci­pal­mente para os lares chefi­adas por mul­heres negras, são urgentes”, com­ple­men­ta.

Encontro

Além dos debates real­iza­dos, foram apre­sen­ta­dos durante o even­to dados pre­lim­inares sobre pesquisas con­duzi­das no país pela Rede Penssan e com apoio do App VIGISAN, aplica­ti­vo desen­volvi­do pela própria insti­tu­ição para aux­il­iar na abor­dagem aos pesquisa­dos que com­põem, muitas vezes, gru­pos soci­ais vul­ner­a­bi­liza­dos. No encon­tro, tam­bém foi apre­sen­ta­da a platafor­ma FomeS, elab­o­ra­da com finan­cia­men­to do Min­istério da Saúde (MS) e do Con­sel­ho Nacional de Desen­volvi­men­to Cien­tí­fi­co e Tec­nológi­co (CNPq). A fer­ra­men­ta agre­ga dados nacionais sobre mudança climáti­ca, inse­gu­rança ali­men­tar, inse­gu­rança hídri­ca, saúde e esta­do nutri­cional de cri­anças.

O encon­tro con­tou com patrocínio do Min­istério da Saúde (MS), do Min­istério da Ciên­cia, Tec­nolo­gia e Ino­vação (MCTI), do Min­istério do Desen­volvi­men­to e Assistên­cia Social, Família e Com­bate à Fome (MDS) e da Coor­de­nação de Aper­feiçoa­men­to de Pes­soal de Nív­el Supe­ri­or (CAPES).

*Estag­iária sob super­visão de Viní­cius Lis­boa

Edição: Valéria Aguiar

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