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Museu das Favelas reabre com mostras sobre magia e vida em comunidades

Multiplicidade de linguagens caracteriza as quatro exposições no local

Lety­cia Bond – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 07/12/2024 — 10:27
São Paulo
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São Paulo (SP), 06/12/2024 - Equipamento público no largo Páteo do Colégio, que tem novo endereço: saiu do Palácio dos Campos Elíseos e foi para o Patéo do Colégio. O novo espaço é reinaugurado com uma série de exposições: “Favela em Fluxo” exibe obras de 22 artistas brasileiros e ficará até fevereiro de 2024. “Marvel – O Poder é Nosso” apresenta releituras feitas por jovens artistas negros e indígenas. A exposição “Racionais MC’s: O Quinto Elemento” celebra os 35 anos da banda de rap Racionais MC’s com itens históricos dos membros do grupo, “Sobre Vivências” desconstrói estereótipos das favelas com mais de 80 obras. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Antes local­iza­do no bair­ro de Cam­pos Elíseos, o Museu das Fave­las reabriu nes­ta sem­ana, em novo endereço, todas as exposições. O museu ago­ra fica na região do Pateo do Col­le­gio, no cen­tro históri­co de São Paulo.

São Paulo (SP), 06/12/2024 - Equipamento público no largo Páteo do Colégio, que tem novo endereço: saiu do Palácio dos Campos Elíseos e foi para o Patéo do Colégio. O novo espaço é reinaugurado com uma série de exposições: “Favela em Fluxo” exibe obras de 22 artistas brasileiros e ficará até fevereiro de 2024. “Marvel – O Poder é Nosso” apresenta releituras feitas por jovens artistas negros e indígenas. A exposição “Racionais MC’s: O Quinto Elemento” celebra os 35 anos da banda de rap Racionais MC’s com itens históricos dos membros do grupo, “Sobre Vivências” desconstrói estereótipos das favelas com mais de 80 obras. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Museu das Fave­las é rein­au­gu­ra­do em novo endereço no cen­tro históri­co de São Paulo — Paulo Pinto/Agência Brasil

Nes­sa retoma­da, qua­tro exposições ocu­pam os imen­sos salões de um casarão anti­go. A prin­ci­pal mostra é Sobre Vivên­cias, que bus­ca res­gatar as conexões históri­c­as das fave­las e apre­sen­tar aos vis­i­tantes as inúmeras expressões das pes­soas que con­stroem suas vidas nes­sas comu­nidades.

Fazem parte ain­da da pro­gra­mação as exposições Mar­vel – O Poder é Nos­so, que com­par­til­ha com o públi­co a releitu­ra sobre heróis, ago­ra mem­bros de gru­pos minoritários, e a itin­er­ante Favela em Fluxo, que é com­pos­ta por obras de 22 artis­tas dessas comu­nidades e desem­bar­ca em São Paulo após per­cor­rer Recife, Sal­vador e Rio de Janeiro.

São Paulo (SP), 06/12/2024 - Equipamento público no largo Páteo do Colégio, que tem novo endereço: saiu do Palácio dos Campos Elíseos e foi para o Patéo do Colégio. O novo espaço é reinaugurado com uma série de exposições: “Favela em Fluxo” exibe obras de 22 artistas brasileiros e ficará até fevereiro de 2024. “Marvel – O Poder é Nosso” apresenta releituras feitas por jovens artistas negros e indígenas. A exposição “Racionais MC’s: O Quinto Elemento” celebra os 35 anos da banda de rap Racionais MC’s com itens históricos dos membros do grupo, “Sobre Vivências” desconstrói estereótipos das favelas com mais de 80 obras. .Curador Oswaldo Faustino. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Oswal­do Fausti­no, curador da Favela em Fluxo, uma das qua­tro mostras insta­l­adas no museu — Paulo Pinto/Agência Brasil

Para Oswal­do Fausti­no, inte­grante do grupo cura­to­r­i­al da Favela em Fluxo, entre as qual­i­dades que se acen­tu­am na seleção das obras para a exposição, a mais espar­ra­ma­da de todas foi igualar as con­tribuições da curado­ria às de fun­cionários do setor educa­ti­vo.

O setor de pesquisa tam­bém par­ticipou das decisões. Fausti­no expli­ca que foi fun­da­men­tal val­i­dar as per­cepções de quem está sim­boli­ca­mente nos basti­dores, mas, na ver­dade, é a lin­ha de frente, pois atende os vis­i­tantes e os guia pela exposição.

Quan­do se tran­si­ta pelas salas onde estão expostas as obras, nota-se uma mul­ti­pli­ci­dade de lin­gua­gens. Há pin­turas a óleo, cola­gens, arte têx­til e vídeos que uti­lizam inteligên­cia gen­er­a­ti­va. Os tex­tos que ante­ci­pam algu­mas das intenções de que estão impreg­nadas as obras resumem, por vezes, em pou­cas palavras, como encará-las.

Deusa da Espre­i­ta é como artista Lua Bar­ral chama a pin­tu­ra que fez este ano no Recife. Em uma cab­ine escu­ra, é exibido um vídeo de trav­es­tis que miram no fun­do das lentes da câmera reafir­man­do quem são. Afi­nal, trav­es­ti é um ter­mo usa­do para realçar a cáp­su­la que se tor­na o cor­po de quem é sem­pre oprim­i­do, como é o caso da trav­es­ti. Aer faveliza­da sig­nifi­ca ser dupla­mente forte. E é assim que uma das trav­es­tis comem­o­ra, segu­ran­do um bolo com uma vela de número 2, o aniver­sário de seu proces­so de tran­sição de gênero.

A favela não é uma, são várias, declar­am os artis­tas e servi­dores do museu. Negros, indí­ge­nas e ribeir­in­hos; palafi­tas, casas ver­ti­cal­izadas e, ain­da assim, precárias, isso tudo per­tence ao seu uni­ver­so.

São Paulo (SP), 06/12/2024 - Equipamento público no largo Páteo do Colégio, que tem novo endereço: saiu do Palácio dos Campos Elíseos e foi para o Patéo do Colégio. O novo espaço é reinaugurado com uma série de exposições: “Favela em Fluxo” exibe obras de 22 artistas brasileiros e ficará até fevereiro de 2024. “Marvel – O Poder é Nosso” apresenta releituras feitas por jovens artistas negros e indígenas. A exposição “Racionais MC’s: O Quinto Elemento” celebra os 35 anos da banda de rap Racionais MC’s com itens históricos dos membros do grupo, “Sobre Vivências” desconstrói estereótipos das favelas com mais de 80 obras. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: A exposição Racionais MC’s: O Quin­to Ele­men­to cel­e­bra os 35 anos da ban­da de rap - Paulo Pinto/Agência Brasil

Out­ra obra que chama a atenção tem prati­ca­mente uma segun­da moldu­ra para a colagem no cen­tro, fei­ta com lâmi­nas de bar­bear per­fi­ladas. O sen­ti­do políti­co con­tin­ua quan­do o vis­i­tante para para prestar atenção à músi­ca que deixa, então, de ser somente um fun­do indefinido. É o gar­gan­tear dos funkeiros Péta­la Lopes, MC Mano Feu e Luiza Fazio, no clipe de Lin­guad­in­ha na XXT, que pode ser con­strange­dor para os mais recata­dos ou con­ser­vadores.

Uma das salas abri­ga um beco com fotografias. Fausti­no con­ta que a primeira coisa que lhe ocor­reu, quan­do soube que a exposição teria esse ele­men­to, foi a refer­ên­cia de um lugar sufo­cante. “Aí, uma mul­her trans do nos­so grupo virou e disse: ‘Mas tam­bém pode ser lib­er­ta­dor’. Eu falei: ‘Como lib­er­ta­dor?’ Ela respon­deu: ‘Quan­do eu era peque­na, esta­va na favela tal, com a min­ha tia, eu pula­va da janela do quar­to e caía no beco. Saía do beco e, de repente, encon­tra­va espaço livre. Então, o beco, para mim, era o cam­in­ho da liber­dade’ ”, rela­ta.

“Eu disse: ‘Olha, a gente está olhan­do a favela do lado de fora. E você está me dan­do o olhar de den­tro’. Achei mar­avil­hoso”, emen­da.

A palavra “favela” tem relação com o Mor­ro da Favela, hoje chama­do de Mor­ro da Providên­cia, no Rio de Janeiro, e que fez parte do con­tex­to da Guer­ra de Canudos. A eti­molo­gia, ou seja, origem do ter­mo, é tam­bém lem­bra­da na exposição Sobre Vivên­cias, na for­ma da plan­ta denom­i­na­da faveleira, ago­ra estru­tu­ra­da com madeira e um mate­r­i­al inusi­ta­do em sua copa.

A ideia foi de um cole­ti­vo de artis­tas. “O cole­ti­vo olha e me diz: ‘Vamos faz­er a copa dessa árvore em crochê. Aí, vira uma árvore estiliza­da. No tron­co, foram feitos em pirografia nomes rela­ciona­dos às nos­sas ances­tral­i­dades. Ou seja, não tem espin­hos. E por que não tem espin­hos? Porque nos­sos ances­trais já apararam. Então, hoje, favela, que nasceu como carên­cia, pas­sa a ser potên­cia’ ”.

A entra­da é gra­tui­ta e as exposições no Museu das Fave­las poderão ser vis­i­tadas até fevereiro do ano que vem.

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