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Museu do Jardim Botânico destaca papel da ciência ante crise ecológica

Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Publicado em 07/03/2024 — 06:48 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro


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O Jardim Botâni­co do Rio de Janeiro (JBRJ) abre nes­ta sex­ta-feira (8), às 10h, um novo espaço cul­tur­al, com entra­da gra­tui­ta para o públi­co e clas­si­fi­cação livre. Tra­ta-se do Museu do Jardim Botâni­co, que fun­cionará no casarão do iní­cio do sécu­lo 20, com entra­da pela Rua Jardim Botâni­co, 1008, no bair­ro do mes­mo nome, e que rece­beu inves­ti­men­to de R$ 12 mil­hões da Shell para revi­tal­iza­ção.

O Insti­tu­to de Desen­volvi­men­to e Gestão (IDG) será respon­sáv­el pela gestão do museu, que fun­cionará de quin­ta a terça-feira, das 10h às 17h, com a últi­ma entra­da às 16h. Os ingres­sos podem ser reti­ra­dos pelo site Botan­i­cal Gar­den RJ — Tick­ets. O museu con­ta com 14 salas no total, sendo 12 expos­i­ti­vas. 

O pres­i­dente do Jardim Botâni­co, Sér­gio Besser­man, disse nes­ta terça-feira (5) à Agên­cia Brasil que o novo museu mostra a ciên­cia que a insti­tu­ição faz, “a importân­cia da ciên­cia fei­ta no JB para con­ser­vação e restau­ração da natureza do Brasil, das flo­restas prin­ci­pal­mente, de todos os bio­mas; e tam­bém um pouco da história do Jardim”.

Fun­da­do em 13 de jun­ho de 1808, o JB surgiu de decisão do então príncipe regente por­tuguês, D. João de Bra­gança, de insta­lar no local uma fábri­ca de pólvo­ra e um jardim para acli­matação de espé­cies veg­e­tais orig­inárias de out­ras partes do mun­do. Atual­mente é o Insti­tu­to de Pesquisas Jardim Botâni­co do Rio de Janeiro, órgão fed­er­al vin­cu­la­do ao Min­istério do Meio Ambi­ente e con­sid­er­a­do um dos mais impor­tantes cen­tros de pesquisa mundi­ais nas áreas de botâni­ca e con­ser­vação da bio­di­ver­si­dade.

Rio de Janeiro (RJ), 06/03/2024 – Abertura do Museu do Jardim Botânico, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Cheiros da natureza brasileira no Museu do Jardim Botâni­co, na zona sul da cap­i­tal flu­mi­nense — Tomaz Silva/Agência Brasil

Relevância

Besser­man infor­mou que não se mostrará somente o fer­ra­men­tal tec­nológi­co, mas tam­bém a relevân­cia da ciên­cia para enfrentar a crise ecológ­i­ca e apoiar o com­bate à crise de bio­di­ver­si­dade no Brasil. “Há uma par­tic­i­pação muito inten­sa dos cien­tis­tas do JB. Cada peça das exposições per­ma­nentes de cada sala, tudo foi feito com par­tic­i­pação muito dire­ta e inten­sa dos próprios cien­tis­tas do equipa­men­to, jun­to com a muse­olo­gia do IDG”.

Segun­do Bessera­man, o novo museu reforça o lema do Jardim Botâni­co: “Muito mais que um jardim: ciên­cia, ensi­no e história”.

As políti­cas públi­cas e ações asserti­vas desen­volvi­das pelo JB para con­hec­i­men­to e con­ser­vação da flo­ra brasileira ao lon­go de mais de 200 anos de história serão com­par­til­hadas com o públi­co, rev­e­lando detal­h­es das expe­dições de cam­po, do tra­bal­ho dos botâni­cos, da pesquisa cien­tí­fi­ca apli­ca­da à con­ser­vação da bio­di­ver­si­dade e as ativi­dades dos lab­o­ratórios.

“Há salas mostran­do pesquisas avançadas de biolo­gia mol­e­c­u­lar para iden­ti­ficar origem e até local­iza­ção de madeira, o que aju­da a com­bat­er o des­mata­men­to ile­gal”, acres­cen­tou Besser­man. Além das exposições per­ma­nentes, o museu terá con­teú­dos inter­a­tivos e ampla pro­gra­mação educa­ti­va e cul­tur­al.

Logo na entra­da do museu, os vis­i­tantes con­hecerão uma exposição de lon­ga duração, con­ce­bi­da em colab­o­ração com um comitê de fun­cionários e pesquisadores do Jardim Botâni­co, que traz a essên­cia do novo equipa­men­to cul­tur­al e cien­tí­fi­co por meio de mais de dez exper­iên­cias.

Um dos destaques é a obra Sumaú­ma: Copa, Casa, Cos­mos, filme de Estevão Cia­vat­ta, com nar­ração de Regi­na Casé, que pro­move uma imer­são vir­tu­al na sumaú­ma (Cei­ba pen­tan­dra), árvore amazôni­ca pre­sente na coleção viva do insti­tu­to e car­rega­da de sim­bolis­mos. Para muitos povos, a sumaú­ma é o lar de enti­dades div­inas ou mes­mo um por­tal que leva a difer­entes mun­dos.

Rio de Janeiro (RJ), 06/03/2024 – Abertura do Museu do Jardim Botânico, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Obra Sumaú­ma: Copa, Casa, Cos­mos, no Museu do Jardim Botâni­co — Tomaz Silva/Agência Brasil

Indígenas

O espaço apre­sen­ta insta­lações do artista e ativista dos dire­itos indí­ge­nas Denil­son Bani­wa, além da exposição tem­porária Mbae Kaá, o que tem na mata: Bar­bosa Rodrigues entre plan­tas e pajés.

O tra­bal­ho é do ex-pres­i­dente do JBRJ João Bar­bosa Rodrigues e mostra que, enquan­to a ciên­cia oci­den­tal dá nome às plan­tas pelo sis­tema do nat­u­ral­ista sue­co Charles Lin­neo, os indí­ge­nas tupis-guara­nis as denomi­navam por algu­ma car­ac­terís­ti­ca apre­sen­ta­da, como plan­ta com man­cha amarela, plan­ta com espin­ho grande, por exem­p­lo. “É sem­pre algu­ma coisa rel­a­ti­va à plan­ta. Essa exposição ficará por alguns meses no museu e depois será sub­sti­tuí­da por out­ra, tam­bém tem­porária”, infor­mou Besser­man. Segun­do ele, as exposições per­ma­nentes serão atu­al­izadas e mod­i­fi­cadas, mas ficarão sem­pre aber­tas ao públi­co.

Rio de Janeiro (RJ), 06/03/2024 – Abertura do Museu do Jardim Botânico, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Obra de Denil­son Bani­wa no Museu do Jardim Botâni­co -Tomaz Silva/Agência Brasil

Fazem parte ain­da do museu uma sala de leitu­ra, com diver­sos livros e ver­sões dig­i­tais de obras raras do acer­vo da Bib­liote­ca Bar­bosa Rodrigues do Jardim Botâni­co, que poderão ser fol­hea­d­os em telas táteis; uma sala multi­u­so para encon­tros, palestras e even­tos e uma ampla pro­gra­mação educa­ti­va e cul­tur­al.

Na avali­ação de Besser­man, o novo equipa­men­to é uma ini­cia­ti­va boa para o Rio de Janeiro, “para val­orizar a ciên­cia em ger­al, assim como o con­hec­i­men­to dos povos tradi­cionais, e um novo espaço cul­tur­al impor­tante para o país”.

Patrocínio

Há mais de 110 anos no país, a Shell é uma empre­sa de ener­gia integra­da com par­tic­i­pação em upstream (explo­ração e pro­dução de petróleo), no novo mer­ca­do de gás nat­ur­al, pesquisa e desen­volvi­men­to e ener­gias ren­ováveis, entre out­ras áreas. A empre­sa é a patroci­nado­ra mas­ter do Museu do Jardim Botâni­co.

O Insti­tu­to de Desen­volvi­men­to e Gestão é uma orga­ni­za­ção sem fins lucra­tivos espe­cial­iza­da na gestão de cen­tros cul­tur­ais públi­cos e pro­gra­mas ambi­en­tais, que tam­bém pres­ta con­sul­to­ria para empre­sas pri­vadas e atua na exe­cução, desen­volvi­men­to e imple­men­tação de pro­je­tos cul­tur­ais e ambi­en­tais.

Atual­mente o IDG é respon­sáv­el pela gestão dos museus do Aman­hã e do Jardim Botâni­co, no Rio de Janeiro; do Paço do Fre­vo, no Recife; do Museu das Fave­las, em São Paulo; e é gestor opera­cional do Fun­do da Mata Atlân­ti­ca, além de real­izador das ações de con­ser­vação e con­sol­i­dação do sítio arque­ológi­co do Cais do Val­on­go, na região por­tuária do Rio. Tam­bém foi respon­sáv­el pela imple­men­tação da museografia do Memo­r­i­al às Víti­mas do Holo­caus­to, no Rio.

Edição: Nádia Fran­co

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