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Música e dança marcam início do Festival Psica 2024 em Belém

Evento em Belém exalta cultura pan-amazônica da Região Norte do país

Bruno de Fre­itas Moura* — Envi­a­do Espe­cial
Pub­li­ca­do em 14/12/2024 — 12:55
Belém
Belém (PA) 13/12/2024 - Shows na beira do Rio Guamá no Festival Psica 2024, na Cidade Velha. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Na cidade em que a chu­va dá as caras prati­ca­mente todos os dias às 16h, os inte­grantes do Corte­jo Encan­ta­do mar­caram para as 17h dessa sex­ta-feira (13) a apre­sen­tação de músi­ca e dança que mar­ca o iní­cio do Fes­ti­val Psi­ca, em Belém, cap­i­tal paraense. O even­to é con­sid­er­a­do um dos maiores fes­ti­vais de músi­ca da região Norte.

Rep­re­sen­tantes de man­i­fes­tações cul­tur­ais como o Boi Capri­choso, do tradi­cional boi-bum­bá de Par­intins, inte­ri­or do Ama­zonas, e do Arra­ial do Pavu­lagem, grupo cul­tur­al bele­nense, além de moradores da cidade e tur­is­tas se diver­ti­ram pelas ruas do bair­ro Cidade Vel­ha — cen­tro históri­co da cap­i­tal paraense — até o Píer das 11 Janelas, ban­hado pela Baía do Gua­jará. No tra­je­to, pas­saram por locais como a Cat­e­dral da Sé, cenário de parte da pro­cis­são do Círio de Nazaré, que acon­tece sem­pre em out­ubro.

Belém (PA) 13/12/2024 - Show da cantora de música indígena Dijuena Tikuna no Festival Psica 2024, na Cidade Velha. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Fes­ti­val Psi­ca 2024 con­ta com mais de 50 apre­sen­tações. Foto: Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

O fim do corte­jo é a sen­ha para o iní­cio de shows em cin­co pal­cos espal­ha­dos pela Cidade Vel­ha, cada um com um rit­mo musi­cal. Com cur­tas cam­in­hadas, o públi­co pode se alternar entre as atrações, todas de graça.

Com mais de 50 apre­sen­tações, que ocu­parão tam­bém o Está­dio Olímpi­co do Pará Jor­nal­ista Edgar Proença, ou sim­ples­mente o Mangueirão, o Fes­ti­val Psi­ca de 2024 tem como obje­ti­vo a bus­ca e exal­tação da cul­tura pan-amazôni­ca, enten­di­da como a união de todos os país­es e esta­dos que têm o bio­ma amazôni­co no ter­ritório.

O con­ceito Pan-Amazô­nia envolve os país­es que têm a flo­res­ta amazôni­ca em seu ter­ritório. Colôm­bia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suri­name, além do Brasil. O movi­men­to social se apro­pri­ou desse con­ceito como sendo a luta dess­es povos.

Dourada

O dire­tor do fes­ti­val, Jeft Dias, expli­ca que para dar sim­bolis­mo ao pan-amazôni­co, o even­to neste ano tem como tema Psi­ca Doura­da, em refer­ên­cia à espé­cie de peixe que nasce nos Andes, per­corre rios, incluin­do o Ama­zonas, até chegar à Baía do Mara­jó, no Pará, onde se repro­duz, e vol­ta para a cordil­heira dos Andes, em uma jor­na­da de 11 mil quilômet­ros.

“Esse ciclo é muito rep­re­sen­ta­ti­vo, aca­ba conectan­do vários país­es da Amazô­nia”, ressalta. O dire­tor faz uma analo­gia entre o ciclo de vida da doura­da e a cul­tura pan-amazôni­ca.

Belém (PA) 13/12/2024 - Show da cantora peruana Rossy War no Festival Psica 2024, na Cidade Velha. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Show da can­to­ra peru­a­na Rossy War, na Cidade Vel­ha. Foto — Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

“A gente pode falar de como a cul­tura vai se influ­en­cian­do e se retroal­i­men­tan­do, como a gente recebe, aqui no Pará, a influên­cia da Colôm­bia, do Peru, da Guiana France­sa, com diver­sos rit­mos musi­cais, cúm­bia, zouk, sal­sa, merengue”, exem­pli­fi­ca.

“A gente cria as nos­sas coisas, a gente cria lam­ba­da, gui­tar­ra­da, tec­no­bre­ga, calip­so, todos ess­es rit­mos que envolvem a nos­sa cul­tura aqui e, em algum momen­to, isso sai daqui tam­bém, vol­ta para Iqui­tos, no Peru, vai para a Colôm­bia, Guiana, Suri­name, é a vol­ta da doura­da”, com­ple­ta.

O bele­nense Mar­cel­lo Vic­tor Coel­ho acom­pan­hou o corte­jo e con­sid­era que a atração pelas ruas da Cidade Vel­ha rep­re­sen­ta a junção da cul­tura lati­na e “ascen­são da cul­tura nortista como um todo”.

“Eu acred­i­to que o tema desse ano — a doura­da — o peixe que conec­ta todos ess­es país­es lati­nos, tende a cri­ar uma conexão maior com as pes­soas, um cli­ma de tur­is­mo pré-COP30 em Belém”, disse Coel­ho à Agên­cia Brasil, se referindo à 30ª Con­fer­ên­cia das Nações Unidas sobre Mudança do Cli­ma, que será real­iza­da de 10 a 21 de novem­bro de 2025 na cap­i­tal paraense.

Resistência indígena

Enquan­to o ven­to agi­ta­va as águas da Baía do Gua­jará, no pal­co do Píer das 11 Janelas (recebe esse nome por ficar per­to do pré­dio históri­co chama­do Casa das 11 Janelas), a can­to­ra indí­ge­na Djue­na Tiku­na se apre­sen­ta­va acom­pan­ha­da pelo grupo de per­cussão Trio Minari. A músi­ca can­ta­da na lín­gua mãe, o tiku­na, rece­bia a con­tribuição de instru­men­tos sonoros indí­ge­nas e repro­dução do som de pás­saros e da natureza.

Para Djue­na Tiku­na, que é do Ama­zonas, poder can­tar na lín­gua mater­na no fes­ti­val é uma for­ma de resistên­cia.

Belém (PA) 13/12/2024 - Show da cantora de música indígena Dijuena Tikuna no Festival Psica 2024, na Cidade Velha. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Dijue­na Tiku­na, can­to­ra de músi­ca indí­ge­na, no pal­co da Cidade Vel­ha. Foto: Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

“É isso que eu ten­ho feito através da min­ha lín­gua mater­na, a lín­gua que eu can­to, a lín­gua que eu val­ori­zo, a lín­gua que eu falo”, disse a can­to­ra orig­inária, que pediu a união dos povos.

“A gente pre­cisa se unir para poder mostrar a nos­sa real­i­dade para o mun­do, prin­ci­pal­mente aqui onde vai acon­te­cer a COP30. As pes­soas pre­cisam con­hecer a real­i­dade que os povos que vivem aqui sofrem”, afir­mou.

Atração internacional

O Fes­ti­val Psi­ca está na 13ª edição. O even­to, que recebe apoio do Min­istério da Cul­tura e patrocínio da Petro­bras e do Nubank, tem atrações inter­na­cionais pela primeira vez. Uma delas é a can­tor peru­a­na Rossy War, que agi­tou a Praça Felipe Patroni.

Belém (PA) 13/12/2024 - Show da cantora de música indígena Dijuena Tikuna no Festival Psica 2024, na Cidade Velha. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Fes­ti­val Psi­ca 2024, por Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

As canções da artista con­heci­da como “rain­ha da cúm­bia”, esti­lo pare­ci­do com a lam­ba­da brasileira, era acom­pan­ha­da em coro por mil­hares de pes­soas, que se dividi­am entre dançar e fil­mar a apre­sen­tação com os tele­fones celu­lares. Rossy War foi uma das inspi­rações no iní­cio de car­reira da can­to­ra Joel­ma.

Os pal­cos da sex­ta-feira levaram aos bele­nens­es e tur­is­tas out­ras atrações como tec­no­bre­ga – esti­lo nasci­do no Pará que une o bre­ga à músi­ca eletrôni­ca, funk, carim­bó, apar­el­hagem (per­for­mance que jun­ta dançari­nos, músi­ca eletrôni­ca e pirotec­nia) e as estre­las de Par­intins: os bois Capri­choso e Garan­ti­do.

Mangueirão

O Psi­ca 2024 se estende pelo sába­do (14) e domin­go (15), com shows no Está­dio do Mangueirão. Difer­ente­mente da Cidade Vel­ha, há a cobrança de ingres­sos. Entre as atrações estão nomes con­sagra­dos, como Pablo Vit­tar, Liniker, BaianaSys­tem, Ban­da Black Rio & Tony Tor­na­do, e uma das mais famosas paraens­es, Fafá de Belém, entre out­ros.

“Nos­sa pro­pos­ta, des­de o iní­cio, sem­pre foi essa, envolver os rit­mos locais, mas tam­bém ter os grandes artis­tas nacionais”, define o dire­tor do fes­ti­val Jeft Dias, fazen­do questão de lem­bra que o even­to surgiu de comu­nidades per­iféri­c­as da Amazô­nia, inclu­sive com a pre­sença da cul­tura negra.

*Equipe da Agên­cia Brasil via­jou a con­vite da Petro­bras

 

Edição: Maria Clau­dia

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