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Narrativa golpista levou ao 8 de janeiro e atentado a bomba, diz PF

Difusão de ataques contra a democracia alimentou radicalismo

André Richter — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 26/11/2024 — 21:48
Brasília
Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

A Polí­cia Fed­er­al (PF) con­cluiu que a dis­sem­i­nação de nar­ra­ti­vas golpis­tas durante o gov­er­no do ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro prop­i­ciou o recente aten­ta­do com um homem-bom­ba no Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) e os atos golpis­tas de 8 de janeiro de 2023

A con­clusão está no relatório no qual a PF indi­ciou Bol­sonaro e mais 36 acu­sa­dos por golpe de Esta­do e abolição vio­len­ta do Esta­do Democráti­co de Dire­ito. O sig­i­lo foi der­ruba­do nes­ta terça-feira (26) pelo min­istro do Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) Alexan­dre de Moraes, rela­tor do chama­do inquéri­to do golpe.

Na avali­ação dos inves­ti­gadores respon­sáveis pela con­clusão do inquéri­to, a difusão de “for­ma ráp­i­da e repet­i­ti­va” de nar­ra­ti­vas golpis­tas man­tiver­am o dese­jo de gru­pos extrem­is­tas de con­sumação do golpe que teria sido plane­ja­do pelo ex-pres­i­dente e seus ali­a­dos, mas não foi apli­ca­do pela fal­ta de adesão do Exérci­to e da Aeronáu­ti­ca.

“Esse méto­do de ataques sis­temáti­cos aos val­ores mais caros do Esta­do democráti­co de dire­ito criou o ambi­ente propí­cio para o flo­resci­men­to de um rad­i­cal­is­mo que, con­forme expos­to, cul­mi­nou nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, mas que ain­da se encon­tra em esta­do de latên­cia em parcela da sociedade, exem­pli­fi­ca­do no aten­ta­do bom­ba ocor­ri­do na data de 13 de novem­bro de 2024 na cidade de Brasília”, diz a PF.

Além do aten­ta­do do dia 13 deste mês e os atos de 8 de janeiro, a PF citou a ten­ta­ti­va de invasão da sede da Polí­cia Fed­er­al, ocor­ri­da em Brasília, no dia 12 de dezem­bro de 2022; e a ten­ta­ti­va de explosão de um cam­in­hão-tanque no aero­por­to de Brasília no dia 24 de dezem­bro daque­le ano.

Bolsonaro

No relatório, os inves­ti­gadores afir­mam ain­da que Jair Bol­sonaro atu­ou de “for­ma dire­ta e efe­ti­va” nos atos exe­cutórios para ten­tar um golpe de Esta­do em 2022.

“Os ele­men­tos de pro­va obti­dos ao lon­go da inves­ti­gação demon­stram de for­ma inequívo­ca que o então pres­i­dente da Repúbli­ca, Jair Mes­sias Bol­sonaro, plane­jou, atu­ou e teve o domínio de for­ma dire­ta e efe­ti­va dos atos exe­cutórios real­iza­dos pela orga­ni­za­ção crim­i­nosa que obje­ti­va­va a con­cretiza­ção de um golpe de esta­do e da abolição do esta­do democráti­co de Dire­ito, fato que não se con­sumou em razão de cir­cun­stân­cias alheias à sua von­tade”, diz o relatório.

Segun­do a PF,  Bol­sonaro tin­ha con­hec­i­men­to do chama­do Pun­hal Verde e Amare­lo, plano elab­o­ra­do pelos indi­ci­a­dos com o obje­ti­vo de seque­stro ou homicí­dio do min­istro Alexan­dre de Moraes, do pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va e do vice-pres­i­dente Ger­al­do Alck­min.

Tanques

Con­forme a PF, o almi­rante Almir Gar­nier, então coman­dante da Mar­in­ha, anuiu com a artic­u­lação golpista, colo­can­do as tropas à dis­posição do então pres­i­dente Jair Bol­sonaro.

O plano de golpe de Esta­do não foi con­suma­do por fal­ta de apoio dos coman­dantes do Exérci­to e da Aeronáu­ti­ca.

“Lula não sobe a rampa”

Um doc­u­men­to man­u­scrito apreen­di­do pela Polí­cia Fed­er­al (PF) na sede do Par­tido Lib­er­al (PL) propõe ações para inter­romper o proces­so de tran­sição de gov­er­no, “mobi­liza­ção de juris­tas e for­madores de opinião”.

O doc­u­men­to encer­ra com o tex­to “Lula não sobe a ram­pa. Segun­do a PF, em uma clara alusão ao imped­i­men­to de que o vence­dor das eleições de 2022 assumisse o car­go da presidên­cia.

O mate­r­i­al foi apreen­di­do na mesa do asses­sor do gen­er­al Wal­ter Bra­ga Net­to, coro­nel Pere­gri­no, faz um esboço de ações plane­jadas para a denom­i­na­da “Oper­ação 142”. O nome dado ao doc­u­men­to faz alusão ao arti­go 142 da Con­sti­tu­ição Fed­er­al que tra­ta das Forças Armadas e que, segun­do a PF, era uma pos­si­bil­i­dade aven­ta­da pelos inves­ti­ga­dos como meio de imple­men­tar uma rup­tura insti­tu­cional após a der­ro­ta eleitoral de Bol­sonaro.

PGR

Após a reti­ra­da do sig­i­lo, o inquéri­to do golpe foi envi­a­do para a Procu­rado­ria-Ger­al da Repúbli­ca (PGR). Com o envio do relatório, o procu­rador-ger­al da Repúbli­ca, Paulo Gonet, vai decidir se o ex-pres­i­dente e os demais acu­sa­dos serão denun­ci­a­dos ao Supre­mo pelos crimes imputa­dos pelos inves­ti­gadores da PF.

* Títu­lo alter­ado às 22h24 para ajuste de infor­mação.

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