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“Nem no recreio”: pesquisadores da educação criticam celular na escola

Educadores debateram tema durante evento no Recife sobre tecnologia

Luiz Clau­dio Fer­reira * — Envi­a­do Espe­cial
Pub­li­ca­do em 07/11/2024 — 18:50
Recife
Ver­são em áudio
como vídeos e comentários postados na internet podem influenciar os interesses e comportamentos individuais
Repro­dução: © Arquivo/EBC

O uso por cri­anças e ado­les­centes do tele­fone celu­lar nas esco­las deve ser evi­ta­do porque gera riscos e pre­juí­zos, tan­to de apren­diza­gem como emo­cionais. Essa é uma opinião divi­di­da por espe­cial­is­tas na edu­cação, como os pro­fes­sores Clau­dia Cos­tim (ex-dire­to­ra de edu­cação do Ban­co Mundi­al), Luciano Meira (espe­cial­ista em gamefi­cação) e Rossan­dro Klin­jey (psicól­o­go e que faz palestras sobre edu­cação emo­cional). Eles foram ouvi­dos sobre o assun­to pela reportagem da Agên­cia Brasil.

Os três pesquisadores estão em difer­entes ativi­dades no REC’n’Play, even­to de tec­nolo­gia no Recife. O tema da proibição dos celu­lares em sala de aula encon­tra-se em trami­tação no Con­gres­so Nacional. Inclu­sive, o pro­je­to de lei que tra­ta sobre o tema foi aprova­do na Comis­são de Edu­cação da Câmara dos Dep­uta­dos na sem­ana pas­sa­da

“É preciso brincar”

A pro­fes­so­ra Clau­dia Cos­tim argu­men­ta que cri­anças e ado­les­centes não têm ain­da o cór­tex pré-frontal maduro para ter autor­reg­u­lação sobre o dis­pos­i­ti­vo eletrôni­co.

“Espe­cial­mente no ensi­no fun­da­men­tal, eu enten­do que não se dev­e­ria usar celu­lar na esco­la. Nem no recreio. Porque tam­bém faz parte da apren­diza­gem da cri­ança e do ado­les­cente viv­er em sociedade, brin­car ao ar livre”, defend­eu.

A ex-dire­to­ra de edu­cação do Ban­co Mundi­al pon­der­ou que seria prefer­ív­el que fos­sem uti­lizadas out­ras fer­ra­men­tas que não são portáteis, como o note­book ou o tablet para usar em final­i­dades pedagóg­i­cas. “Além dis­so, é impor­tante que os pais reg­ulem o celu­lar em casa para não atra­pal­har tan­to o sono de cri­anças e ado­les­centes”.

“Muitos pro­fes­sores estão se queixan­do que as cri­anças chegam exaus­tas em sala de aula e não inter­agem com seus cole­gas. Eu sou a favor da proibição e uso só como fer­ra­men­ta assis­ti­va no caso de cri­anças com defi­ciên­cia para deter­mi­nadas final­i­dades”, disse Clau­dia Cos­tim.

Não adianta só proibir

O pro­fes­sor Luciano Meira, que tam­bém é psicól­o­go e atua na Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Per­nam­bu­co nas áreas de edu­cação, ino­vação e empreende­doris­mo, apon­ta que, no ger­al, é pos­i­ti­vo o pro­je­to de proibir o celu­lar em sala de aula. “Mas não há uma estraté­gia pedagóg­i­ca ade­qua­da”. Ele avalia que não exis­tem recur­sos nem uma políti­ca de for­mação docente para usar de for­ma pedagóg­i­ca os dis­pos­i­tivos móveis.

O pesquisador con­sid­era que a proibição é uma for­ma inclu­sive de se apoiar as famílias que estari­am per­di­das diante da invasão do celu­lar no dia a dia dos fil­hos.

“Mas, ao mes­mo tem­po, você con­corre para o aumen­to da desigual­dade. Às vezes, a esco­la é o úni­co lugar onde muitas cri­anças teri­am aces­so a tec­nolo­gias dig­i­tais sofisti­cadas. E, com a proibição, isso as afas­ta das redes de ensi­no e da pos­si­bil­i­dade de cap­turar artefatos dig­i­tais. Não adi­anta só proibir”.

No enten­der do pesquisador, a proibição pode ser inter­es­sante se o uso pedagógi­co for apoia­do por políti­cas públi­cas que façam sen­ti­do.

Controle do tempo

Para o pro­fes­sor e psicól­o­go Rossan­dro Klin­jey, não há mais dúvi­das de que o celu­lar em sala de aula traz impactos neg­a­tivos.

“A gente não pre­cisa demo­nizar, mas con­tro­lar o uso e o tem­po dis­so fora da sala de aula. Isso é fun­da­men­tal. Tan­to que enten­do que já existe um con­sen­so sobre isso”.

Se o celu­lar não deve ser uti­liza­do, a edu­cado­ra Clau­dia Cos­tim entende que as tec­nolo­gias de inteligên­cia arti­fi­cial devem ser trazi­das para a sala de aula com o obje­ti­vo de começar a ensi­nar o uso de uma maneira mais pedagóg­i­ca. “É o momen­to de ensi­nar a nave­g­ar com segu­rança nas redes soci­ais. Então, há algum uso que pode acon­te­cer no ensi­no fun­da­men­tal e na edu­cação infan­til”, diz a pro­fes­so­ra.

Formação de professores

Para ela, a inteligên­cia arti­fi­cial apre­sen­ta ameaças e opor­tu­nidades. “Ameaças de extinção acel­er­a­da de muitos pos­tos de tra­bal­ho e de usos não éti­cos dos dados e das ima­gens. Por isso, reg­u­lação é muito impor­tante”.

Por out­ro lado, a edu­cado­ra entende que pode ser uma fer­ra­men­ta muito poderosa para aju­dar a estru­tu­rar o pen­sa­men­to. “É fun­da­men­tal for­mar os pro­fes­sores para o uso da inteligên­cia arti­fi­cial e depois eles poderem tra­bal­har com usos inter­es­santes com seus alunos”, afir­mou.

* O repórter via­jou a con­vite do Por­to Dig­i­tal

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