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No mês da prevenção do câncer de bexiga, conheça os sinais da doença

Repro­dução:  @ Agên­cia |Brasil / EBC

Sintomas podem ser confundidos com outras enfermidades


Pub­li­ca­do em 17/07/2022 — 10:13 Por Lud­mil­la Souza — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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San­gra­men­to visív­el na uri­na; descon­for­to ao uri­nar, como dor e ardên­cia; aumen­to da fre­quên­cia ou urgên­cia em uri­nar são sin­tomas para acen­der o aler­ta de um pos­sív­el câncer de bex­i­ga, órgão que armazena a uri­na antes de ser elim­i­na­da do cor­po. Durante a micção, os mús­cu­los da bex­i­ga se con­traem e a uri­na é elim­i­na­da através da ure­tra.

“Mes­mo nos está­gios ini­ci­ais, esse tipo de tumor já pode causar alguns sin­tomas. O prin­ci­pal sin­toma da doença é o san­gra­men­to visív­el na uri­na, então é aque­le paciente que vai chegar no con­sultório falan­do que viu sangue na uri­na, que a gente chama de hematúria. Out­ro indica­ti­vo é o descon­for­to a uri­nar. Alter­ações como urgên­cia para uri­nar ou aumen­to da fre­quên­cia urinária tam­bém são sin­tomas que a gente deve inves­ti­gar”, aler­ta o urol­o­gista Rafael Ribeiro Meduna, mem­bro da dire­to­ria da Sociedade Brasileira de Urolo­gia de São Paulo.

Nos casos mais avança­dos da doença, podem ocor­rer sin­tomas como per­da de peso, cansaço, fraque­za, per­da do apetite, dor óssea e inca­paci­dade de uri­nar. Con­tu­do, ess­es sin­tomas tam­bém são comuns em out­ras doenças como infecção urinária, aumen­to benig­no da prós­ta­ta, bex­i­ga hiper­a­ti­va e pedras nos rins e bex­i­ga.

“É impor­tante lem­brar que ess­es sin­tomas não sig­nifi­cam que você está com um tumor de bex­i­ga. Exis­tem out­ras doenças que são até um pouco mais fre­quentes que o câncer de bex­i­ga, que tam­bém causam sin­tomas como o aumen­to da prós­ta­ta benig­no, uma infecção urinária, cál­cu­los na bex­i­ga e até a bex­i­ga hiper­a­ti­va”.

Conscientização

Jul­ho é mar­ca­do pela cam­pan­ha de con­sci­en­ti­za­ção do diag­nós­ti­co pre­coce e do trata­men­to do câncer de bex­i­ga. O mês é ded­i­ca­do à cam­pan­ha para que as pes­soas, com ou sem históri­co da doença na família, passe a bus­car ori­en­tação e acom­pan­hamen­to médi­co, além de realizar exam­es per­iódi­cos.

A que­da no número de diag­nós­ti­cos pre­ocu­pam os espe­cial­is­tas. Isto porque, com a pan­demia, muitos pacientes deixaram de realizar exam­es rotineiros. Para dimen­sion­ar o taman­ho do dano cau­sa­do pela pan­demia no diag­nós­ti­co de novos casos de cânceres, a Sociedade Brasileira de Urolo­gia (seção de São Paulo) real­i­zou lev­an­ta­men­to em parce­ria com insti­tu­ições de saúde no Esta­do de São Paulo, respon­sáveis pelo atendi­men­to de pacientes do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS).

Os resul­ta­dos mostraram que a pan­demia ger­ou uma redução média de 26% no número de novos casos, engloban­do os tumores de rim, prós­ta­ta e bex­i­ga, na com­para­ção com diag­nós­ti­cos feitos nos anos de 2019 e 2020.

O Hos­pi­tal das Clíni­cas da Uni­ver­si­dade Estad­ual de Camp­inas (Uni­camp), por exem­p­lo, obser­vou uma que­da de 52% nos casos de câncer de bex­i­ga e 63% nos de rim. Já o Hos­pi­tal AC Camar­go Câncer Cen­ter, disse que a redução foi de 24% para os tumores da bex­i­ga e 29% para os de rim. Os dados para o câncer de rim do Hos­pi­tal São Paulo da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de São Paulo (Unife­sp) mostraram redução no diag­nós­ti­co de novos casos de 35% –  foram com­puta­dos 40 casos em 2019, con­tra 26 em 2020.

“Com toda a questão da pan­demia, hou­ve um grande medo da pop­u­lação, além da ori­en­tação das insti­tu­ições de saúde para que hou­vesse o dis­tan­ci­a­men­to social. Com isso, teve uma redução impor­tante no número de con­sul­tas médi­cas, avali­ações, exam­es e con­se­quente­mente hou­ve uma diminuição nos diag­nós­ti­cos”, lamen­ta o médi­co.

Segun­do o Insti­tu­to Nacional de Câncer José Alen­car Gomes da Sil­va (Inca), o número de casos novos de câncer de bex­i­ga, esti­ma­dos em 2022 para o Brasil, é de 7.590 casos em home­ns e 3.050 em mul­heres.

Fatores de risco

O prin­ci­pal fator de risco para desen­volver a doença é o cig­a­r­ro, respon­sáv­el por cer­ca de 50% dos casos. O risco está dire­ta­mente rela­ciona­do com a duração e inten­si­dade do ato de fumar.

“O cig­a­r­ro tem diver­sas sub­stân­cias quími­cas que são car­cinogêni­cas, ou seja, induzem o aparec­i­men­to de um tumor e no caso especí­fi­co da bex­i­ga, depois que essas sub­stân­cias são inal­adas, elas são absorvi­das pelo pul­mão e vão cair na cor­rente san­guínea e depois serão fil­tradas pelo rim. Vai pro­duzir uma uri­na, como se estivesse con­t­a­m­i­na­da com essas sub­stân­cias quími­cas e depois ela vai ser armazena­da na bex­i­ga, que é um reser­vatório da uri­na. Essas sub­stân­cias quími­cas vão pas­sar horas ali na bex­i­ga, cau­san­do uma agressão à super­fí­cie vesi­cal, que vai prop­i­ciar um ambi­ente para poder desen­volver um tumor no paciente”, expli­ca Meduna.

Mes­mo quem não fuma, mas con­vive com alguém que fuma, o chama­do tabag­is­mo pas­si­vo, tam­bém tem um risco aumen­ta­do de câncer de bex­i­ga. Out­ros fatores asso­ci­a­dos, porém em menor grau, são a exposição ocu­pa­cional pro­lon­ga­da às sub­stân­cias quími­cas chamadas de ami­nas aromáti­cas que podem ser can­cerí­ge­nas (prin­ci­pal­mente em indús­trias que proces­sam tin­tas, corantes e deriva­dos do petróleo) e irri­tações crôni­cas na bex­i­ga, como infecções e cál­cu­los.

A prin­ci­pal pre­venção para o câncer de bex­i­ga é não fumar. Já os tra­bal­hadores, que estão em con­ta­to diário com pro­du­tos quími­cos, devem usar equipa­men­tos de pro­teção indi­vid­ual para maior segu­rança durante o tra­bal­ho. Os hábitos saudáveis de vida, ali­men­tação ade­qua­da, práti­ca de exer­cí­cios físi­cos tam­bém são uma for­ma de pre­venção.

Tratamentos

Além do exame físi­co e análise da história clíni­ca, para realizar um diag­nós­ti­co mais pre­ciso, o médi­co pode solic­i­tar alguns exam­es de imagem (ultra­ssono­grafia, tomo­grafia com­puta­doriza­da ou ressonân­cia mag­néti­ca).

O exame diag­nós­ti­co mais impor­tante para avali­ação do câncer vesi­cal é a cis­to­scopia. Com esse exame, o médi­co con­segue avaliar o inte­ri­or da bex­i­ga do paciente com uma câmera. O trata­men­to do câncer de bex­i­ga é indi­ca­do de acor­do com o grau da doença, pro­fun­di­dade da invasão do tumor na parede da bex­i­ga e se invade out­ros órgãos.

No caso de tumores ini­ci­ais, o trata­men­to real­iza­do é a ressecção transure­tral da bex­i­ga, con­heci­da como “ras­pagem da bex­i­ga”. Em alguns casos, pode-se asso­ciar a esse trata­men­to, a apli­cação de dro­gas como BCG, quimioterápi­cos ou imunoterápicos den­tro da bex­i­ga.

“A onco BCG é uma imunoter­apia que tem como obje­ti­vo cri­ar, com o sis­tema imune, condições para diminuir a recor­rên­cia e a pro­gressão do tumor. É impor­tante lem­brar que esse trata­men­to não está indi­ca­do para todo mun­do, então vai depen­der muito do está­gio da doença. Por isso que é impor­tante, sem­pre que tiv­er esse diag­nós­ti­co, con­sul­tar espe­cial­is­tas para avaliar qual é o mel­hor trata­men­to para cada paciente”, frisa o urol­o­gista.

Em tumores que inva­dem a mus­cu­latu­ra da bex­i­ga, com a cis­tec­to­mia rad­i­cal (reti­ra­da de toda a bex­i­ga) é a for­ma mais ade­qua­da de trata­men­to, poden­do ser pre­ce­di­do pela quimioter­apia em algu­mas situ­ações. Como trata­men­to alter­na­ti­vo à reti­ra­da total da bex­i­ga, pode ser uti­liza­do uma com­bi­nação de ras­pagem da bex­i­ga, quimioter­apia e radioter­apia.

Em ger­al, esse trata­men­to alter­na­ti­vo é des­ti­na­do a pacientes com muitos prob­le­mas de saúde que não tem condições para realizarem a reti­ra­da total da bex­i­ga. No caso de tumores mais avança­dos com pre­sença de metás­tases (invasão de out­ros órgãos), o trata­men­to mais ade­qua­do é a quimioter­apia ou imunoter­apia. “A recomen­dação con­tin­ua val­en­do: o quan­to antes se diag­nos­ticar o prob­le­ma, mais chances de cura o paciente terá”, final­iza o espe­cial­ista.

Edição: Valéria Aguiar

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