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Nova técnica do hemocentro de MG reduz transmissão de doenças

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

O método, primeiro do sistema, inibe agentes infecciosos


Pub­li­ca­do em 02/01/2022 — 16:38 Por Cami­la Maciel — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

Uma nova Téc­ni­ca de Ina­ti­vação de Patógenos (TRP) implan­ta­da pelo hemo­cen­tro de Minas Gerais traz mais segu­rança à trans­fusão de sangue no esta­do. O méto­do, o primeiro no sis­tema públi­co, inibe agentes infec­ciosos, bac­térias, entre out­ros ger­mes, antes do pro­ced­i­men­to. De acor­do com a Fun­dação Hemo­m­i­nas, a téc­ni­ca é uma respos­ta a ameaças infec­ciosas, ten­do em vista que pode con­ter até mes­mo microor­gan­is­mos que ten­ham surgi­do recen­te­mente ou descon­heci­dos e para os quais não há testes lab­o­ra­to­ri­ais na triagem do sangue doa­do.

A pres­i­dente da Hemo­m­i­nas, Júnia Ciof­fi, apon­ta que a fun­dação já anal­isa­va a importân­cia do méto­do que é apli­ca­do em diver­sos país­es. “Quan­do começou a pan­demia de covid, quan­do ain­da não se sabia que esse vírus não era trans­mis­sív­el pelo sangue, a gente colo­cou a importân­cia de ter uma metodolo­gia como essa para pre­venir ain­da mais essas doenças infec­ciosas”, expli­ca. Ela lem­bra que a TRP pro­tege as pla­que­tas de vírus, como “dengue, chikun­gun­ya, Zika, gripe H1N1 e qual­quer out­ro”.

O méto­do foi aprova­do para uso em toda a Europa, em 2002; nos Esta­dos Unidos, em 2014, e no Canadá, em 2018. Ele é impor­tante, sobre­tu­do, para pacientes imunos­suprim­i­dos, como pes­soas em trata­men­to quimioterápi­co ou que pas­saram por trans­plante de medu­la óssea, pois ele evi­ta a trans­mis­são de bac­térias que podem ser fatal para esse públi­co. De acor­do com a Fun­dação Hemo­m­i­nas, a reação mais comum à trans­fusão de pla­que­tas é jus­ta­mente a trans­mis­são de bac­térias.

De acor­do com a Hemo­m­i­nas, além de mel­ho­rar a qual­i­dade do proces­so de trans­fusão de hemo­com­po­nentes, a ina­ti­vação de patógenos tam­bém impacta o aproveita­men­to dos esto­ques de pla­que­tas, pois aumen­ta de cin­co para sete dias a vida útil desse pro­du­to. O cus­to total de implan­tação do méto­do foi de cer­ca de R$ 5 mil­hões.

“Ele tem um cus­to alto de implan­tação, mas depois fica muito próx­i­mo dos pro­ced­i­men­tos que a gente já faz de manutenção. A gente faz a mudança de metodolo­gia, têm alguns testes que não vão ser mais necessários de serem feitos por causa da con­t­a­m­i­nação bac­te­ri­ana”, expli­ca a pres­i­dente da Hemo­m­i­nas.

A tec­nolo­gia implan­ta­da altera os áci­dos nucle­icos dos microor­gan­is­mos que podem estar pre­sentes nos com­po­nentes do sangue. Esse pro­ced­i­men­to faz com que os agentes infec­ciosos deix­em de se replicar e deixa o hemo­com­po­nente mais seguro.

A Hemo­m­i­nas apon­ta que o méto­do tradi­cional de testagem pode escapar pela janela imunológ­i­ca, que é o perío­do de con­t­a­m­i­nação de um indi­ví­duo e o aparec­i­men­to do pos­i­ti­vo no teste diag­nós­ti­co, seja sorológi­co ou mol­e­c­u­lar. “A gente tem que con­tin­uar seguin­do a leg­is­lação brasileira, mas o que nos prop­i­cia é aque­les doadores que são ass­in­tomáti­cos, e que pode­ri­am trans­mi­tir, [são cober­tos pela téc­ni­ca], expli­ca a pres­i­dente da fun­dação.

A ina­ti­vação de patógenos já está sendo real­iza­da des­de 1º de dezem­bro. “Nós vamos começar com a região met­ro­pol­i­tana e o Hemo­cen­tro de Belo Hor­i­zonte, que já recebe hemo­com­po­nentes de várias cidades onde nós temos unidades e equiv­ale a aprox­i­mada­mente 50% do que a gente pro­duz”, apon­tou Júnia.

Ela acres­cen­ta que há um pro­je­to para ampli­ar esse proces­so para out­ras unidades, mas que, atual­mente, é pos­sív­el aten­der deman­das especí­fi­cas no esta­do. “Para os pacientes que têm neces­si­dade maior, como ess­es trans­plan­ta­dos e que fazem trata­men­to com quimioter­apia, mes­mo em cidades onde ain­da não está sendo feito esse proces­so, os hos­pi­tais podem rece­ber o hemo­com­po­nente já ina­ti­va­do porque a gente tem uma logís­ti­ca de estoque de trans­porte de hemo­com­po­nente em todo esta­do.”

Doação

Júnia Ciof­fi segue aler­tan­do para a neces­si­dade de recom­posição dos esto­ques de sangue nos hemo­cen­tros de todo o país. “A pan­demia trouxe uma difi­cul­dade para todos os hemo­cen­tros na manutenção dos esto­ques. Isso acon­te­ceu por causa dos pro­to­co­los de dis­tan­ci­a­men­to e neces­si­dade de maior cuida­do na hora de aten­der os doadores. No momen­to, nos­so estoque [em Minas Gerais], não está muito ruim, mas nós con­tin­u­amos pre­cisan­do de doadores dos gru­pos A pos­i­ti­vo, O pos­i­ti­vo e todos os neg­a­tivos”, desta­cou.

A pres­i­dente lem­bra que neste perío­do de Ano-Novo o reforço dos esto­ques é ain­da mais impor­tante.

“Infe­liz­mente, a gente sem­pre vê mais aci­dentes nes­sa época, então a gente aca­ba usan­do mais bol­sas de sangue. Eu aproveito para con­vi­dar as pes­soas a doarem em qual­quer hemo­cen­tro do país, porque todos os esta­dos pre­cisam de doação.”

Edição: Valéria Aguiar

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