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Nova variante do vírus Sars-CoV‑2 é identificada em três estados

Linhagem XEC foi identificada no RJ, em SP e SC

Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 13/10/2024 — 12:15
Rio de Janeiro
O Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (LACEN) está realizando exames para identificação do novo coronavírus (COVID-19)
Repro­dução: © Rob­son Valverde / SES-SC

Uma lin­hagem do vírus Sars-CoV­‑2 que vem se espal­han­do pelo mun­do foi detec­ta­da no Brasil. A lin­hagem, chama­da de XEC, que per­tence à vari­ante Omi­cron, foi iden­ti­fi­ca­da no Rio de Janeiro, em São Paulo e em San­ta Cata­ri­na. O primeiro acha­do foi real­iza­do pelo Insti­tu­to Oswal­do Cruz (IOC/Fiocruz) em amostras ref­er­entes a dois pacientes res­i­dentes na cap­i­tal flu­mi­nense, diag­nos­ti­ca­dos com covid-19 em setem­bro. A iden­ti­fi­cação foi real­iza­da pelo Lab­o­ratório de Vírus Res­pi­ratórios, Exan­temáti­cos, Enterovírus e Emergên­cias Virais do IOC, que atua como refer­ên­cia para Sars-CoV­‑2 jun­to ao Min­istério da Saúde e à Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS).

O Min­istério da Saúde e as sec­re­tarias Estad­ual e Munic­i­pal de Saúde do Rio de Janeiro foram rap­i­da­mente infor­ma­dos sobre o acha­do. As sequên­cias genéti­cas decod­i­fi­cadas foram deposi­tadas na platafor­ma online Gisaid nos dias 26 de setem­bro e 7 de out­ubro. Depois das sequên­cias do Rio de Janeiro, tam­bém foram deposi­ta­dos, por out­ros gru­pos de pesquisadores, geno­mas da lin­hagem XEC decod­i­fi­ca­dos em São Paulo, a par­tir de amostras cole­tadas em agos­to, e em San­ta Cata­ri­na, de duas amostras cole­tadas em setem­bro.

Monitoramento

A XEC foi clas­si­fi­ca­da pela OMS no dia 24 de setem­bro como uma vari­ante sob mon­i­tora­men­to. Isso ocorre quan­do uma lin­hagem apre­sen­ta mutações no geno­ma que são sus­peitas de afe­tar o com­por­ta­men­to do vírus e obser­vam-se os primeiros sinais de “van­tagem de cresci­men­to” em relação a out­ras vari­antes em cir­cu­lação. Esta vari­ante começou a chamar atenção em jun­ho e jul­ho de 2024, dev­i­do ao aumen­to de detecções na Ale­man­ha. Rap­i­da­mente, espal­hou-se pela Europa, pelas Améri­c­as, pela Ásia e Ocea­nia. Pelo menos 35 país­es iden­ti­ficaram a cepa, que soma mais de 2,4 mil sequên­cias genéti­cas deposi­tadas na platafor­ma Gisaid até o dia 10 de out­ubro deste ano.

De acor­do com a pesquisado­ra do Lab­o­ratório de Vírus Res­pi­ratórios, Exan­temáti­cos, Enterovírus e Emergên­cias Virais do IOC Pao­la Resende, dados do exte­ri­or indicam que a XEC pode ser mais trans­mis­sív­el do que out­ras lin­hagens, porém será necessário avaliar o seu com­por­ta­men­to no Brasil. “Em out­ros país­es, essa vari­ante tem apre­sen­ta­do sinais de maior trans­mis­si­bil­i­dade, aumen­tan­do a cir­cu­lação do vírus. É impor­tante obser­var o que vai acon­te­cer no Brasil.  O impacto da chega­da dessa vari­ante pode não ser o mes­mo aqui porque a memória imunológ­i­ca da pop­u­lação é difer­ente em cada país, dev­i­do às lin­hagens que já cir­cu­laram no pas­sa­do”, expli­ca Pao­la, que tam­bém atua na Rede Genômi­ca Fiocruz.

A detecção da XEC no Brasil foi real­iza­da a par­tir de uma estraté­gia de vig­ilân­cia que ampliou o sequen­ci­a­men­to de geno­mas do Sars-CoV­‑2 na cap­i­tal flu­mi­nense em agos­to e setem­bro. Esta ação con­tou com a parce­ria da Sec­re­taria Munic­i­pal de Saúde do Rio de Janeiro. Durante três sem­anas, foi real­iza­da a cole­ta de amostra de swab nasal para envio ao Lab­o­ratório de Refer­ên­cia do IOC/Fiocruz em casos pos­i­tivos para Sars-CoV­‑2 diag­nos­ti­ca­dos por testes rápi­dos em unidades bási­cas de saúde. Emb­o­ra ten­ha apon­ta­do a pre­sença da XEC, o mon­i­tora­men­to con­fir­mou o pre­domínio da lin­hagem JN.1, que é majoritária no Brasil des­de o final do ano pas­sa­do.

“Real­izamos essa ação para com­preen­der em tem­po real o que esta­va ocor­ren­do no Rio, uma vez que havia um leve aumen­to nos diag­nós­ti­cos de covid-19 na cidade. Isso foi muito impor­tante para detec­tar a vari­ante XEC, que pre­cis­ará ser acom­pan­ha­da de ago­ra em diante”, detal­hou a virol­o­gista.

Dados atu­ais da Sec­re­taria Munic­i­pal de Saúde do Rio de Janeiro e do Info­gripe, da Fiocruz, não indicam alta nos casos de covid-19 na cidade. A virol­o­gista aler­ta para o enfraque­c­i­men­to da vig­ilân­cia genômi­ca do SARS-CoV­‑2 no Brasil e reforça a neces­si­dade de man­ter o mon­i­tora­men­to em todo o ter­ritório nacional.

“Atual­mente, esta­mos sem dados genômi­cos de diver­sos esta­dos porque não têm ocor­ri­do cole­ta e envio de amostras para sequen­ci­a­men­to genéti­co. É muito impor­tante que esse mon­i­tora­men­to seja man­ti­do de for­ma homogênea no país para acom­pan­har o impacto da chega­da da vari­ante XEC e detec­tar out­ras vari­antes que podem alter­ar o cenário da covid-19”, desta­cou Pao­la.

A virol­o­gista reforçou ain­da que os dados sobre os geno­mas do Sars-CoV­‑2 em cir­cu­lação são rel­e­vantes para ajus­tar a com­posição das vaci­nas da covid-19. A OMS con­ta com um grupo con­sul­ti­vo téc­ni­co sobre o tema, que se reúne duas vezes ao ano. Em abril, o comitê recomen­dou for­mu­lação de imu­nizantes basea­d­os na lin­hagem JN.1. A próx­i­ma reunião está mar­ca­da para dezem­bro.

Origem

Anális­es indicam que a XEC surgiu pela recom­bi­nação genéti­ca entre cepas que cir­culavam ante­ri­or­mente. O fenô­meno ocorre quan­do um indi­ví­duo é infec­ta­do por duas lin­hagens virais difer­entes simul­tane­a­mente. Nes­sa situ­ação, pode ocor­rer a mis­tu­ra dos geno­mas dos dois patógenos durante o proces­so de repli­cação viral. O geno­ma da XEC apre­sen­ta tre­chos dos geno­mas das lin­hagens KS.1.1 e KP.3.3. Além dis­so, a lin­hagem apre­sen­ta mutações adi­cionais que podem con­ferir van­ta­gens para a sua dis­sem­i­nação.

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