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Novo Ensino Médio não agrada maioria dos estudantes e professores

Repro­dução: © Arquivo/Agência Brasil

Dados prévios são de pesquisa da Unesco; estudo final sai em 2024


Pub­li­ca­do em 18/12/2023 — 17:06 Por Mar­i­ana Tokar­nia – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A maio­r­ia dos estu­dantes, pro­fes­sores e gestores de esco­las que começaram a imple­men­tar o Novo Ensi­no Médio disse estar insat­is­fei­ta com o novo mod­e­lo. Os jovens tam­bém recla­mam que o ofer­ta­do pelas redes de ensi­no não tem cor­re­spon­di­do ao que é deman­da­do. Os resul­ta­dos fazem parte de pesquisa que está sendo real­iza­da pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco).

A pesquisa entre­vis­tou 2,4 mil pro­fes­sores, gestores e estu­dantes que atu­aram ou estu­daram em esco­las públi­cas estad­u­ais que imple­men­taram o Novo Ensi­no Médio na 1ª série no ano de 2022. As entre­vis­tas foram feitas de for­ma pres­en­cial ou por tele­fone, entre 23 de jun­ho e 6 de out­ubro de 2023.

Os dados divul­ga­dos são ape­nas uma parte da pesquisa cujo relatório final dev­erá ser con­cluí­do em janeiro de 2024.

Os resul­ta­dos mostram que 56% dos estu­dantes, 76% dos docentes e 66% dos gestores estão insat­is­feitos com as mudanças pro­movi­das pelo Novo Ensi­no Médio. Na out­ra pon­ta, 40% dos estu­dantes, 17% dos docentes e 26% dos gestores dis­ser­am estar sat­is­feitos. Os demais estavam ausentes, não sabem ou não respon­der­am.

O novo mod­e­lo, aprova­do em 2017, começou a ser imple­men­ta­do em 2022 e cau­sou uma série de polêmi­cas. Após uma con­sul­ta públi­ca, o mod­e­lo está sendo nova­mente dis­cu­ti­do no Con­gres­so Nacional e poderá ser vota­do pela Câmara dos Dep­uta­dos esta sem­ana.

Pelo Novo Ensi­no Médio, parte das aulas pas­sa a ser comum a todos os estu­dantes do país, dire­ciona­da pela Base Nacional Comum Cur­ric­u­lar (BNCC). Na out­ra parte da for­mação, os próprios alunos poderão escol­her um itin­erário para apro­fun­dar o apren­diza­do. Entre as opções, está em dar ênfase às áreas de lin­gua­gens, matemáti­ca, ciên­cias da natureza, ciên­cias humanas ou ao ensi­no téc­ni­co. A ofer­ta de itin­erários, no entan­to, depende da capaci­dade das redes de ensi­no e das esco­las.

A pesquisa mostra que 86% dos estu­dantes elegeram a For­mação Téc­ni­ca e Profis­sion­al como uma das áreas de seu inter­esse, mas ape­nas 27% dos gestores infor­maram ofer­tar dis­ci­plinas ou cur­sos deste tipo em suas esco­las.

Desafios

Para os gestores, o maior desafio para a imple­men­tação, apon­ta­do por 74% dos entre­vis­ta­dos, é a for­mação con­tin­u­a­da para docentes e gestores. Dois a cada três gestores (67%) apon­taram tam­bém como desafio a ade­quação da infraestru­tu­ra. A mes­ma por­cent­agem con­sid­era um desafio a obtenção de apoio téc­ni­co e aquisição e elab­o­ração de mate­r­i­al didáti­co.

Os pro­fes­sores tam­bém con­sid­er­am a for­mação que rece­ber­am inad­e­qua­da. Para 59% deles, a for­mação para imple­men­tar a BNCC foi inad­e­qua­da e para 64% a for­mação para imple­men­tar os itin­erários for­ma­tivos deixou a dese­jar.

Segun­do a coor­de­nado­ra do setor de Edu­cação da Unesco no Brasil, Rebe­ca Otero, a pesquisa foi fei­ta para sub­sidiar as tomadas de decisão do Min­istério da Edu­cação (MEC) e os esta­dos.

“Eu acho que essa pesquisa traz jus­ta­mente isso, sub­sí­dios para mel­ho­rar. Não é porque imple­men­tou e se gas­tou muitos recur­sos para imple­men­tar dessa for­ma que não se pode mudar. Tem que ir avalian­do e ir mel­ho­ran­do”, defende.

Rebe­ca Otero ressalta que é pre­ciso levar em con­sid­er­ação esse descom­pas­so entre o que está sendo pos­sív­el ofer­tar e o que está sendo deman­da­do para que sejam cri­adas condições para mel­hor aten­der tan­to estu­dantes quan­to os pro­fes­sores e gestores.

“Para além da dis­pu­ta políti­ca que a gente vê em cima do tema, temos que ver que são estu­dantes, são os nos­sos jovens, e é a vida deles que está em jogo, e a dos profis­sion­ais, dos docentes e gestores. É impor­tante traz­er a voz deles nesse momen­to”, ressalta Rebe­ca Otero.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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