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Número de jovens que não estudam nem trabalham cresce para 5,4 milhões

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

evantamento é da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do MTE


Publicado em 28/05/2024 — 11:06 Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil — São Paulo

Aumen­ta o número de jovens, entre 14 e 24 anos, que não tra­bal­ham, não estu­dam nem bus­cam tra­bal­ho. Se nos três primeiros meses do ano pas­sa­do o con­tin­gente de jovens “nem-nem” soma­va 4 mil­hões de pes­soas, no mes­mo perío­do deste ano alcançou 5,4 mil­hões.

O lev­an­ta­men­to foi feito pela Sub­sec­re­taria de Estatís­ti­cas e Estu­dos do Tra­bal­ho, do Min­istério do Tra­bal­ho e Emprego. Os dados foram divul­ga­dos durante o even­to Empre­ga­bil­i­dade Jovem, pro­movi­do pelo Cen­tro de Inte­gração Empre­sa-Esco­la (CIEE) nes­sa segun­da-feira (27), em São Paulo.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, a sub­se­cretária de Estatís­ti­cas e Estu­dos do Min­istério do Tra­bal­ho e Emprego, Paula Mon­tag­n­er, disse que esse cresci­men­to se deve a vários fatores e atinge, prin­ci­pal­mente, as mul­heres, que rep­re­sen­tam 60% do total desse públi­co.

Brasília (DF), 04/03/2024 - Subsecretária de Estudos e Estatísticas do Trabalho no Ministério do Trabalho e Emprego, Paula Montagner, durante entrevista ao programa A Voz do Brasil, nos estúdios da EBC. Foto:Wilson Dias/Agência Brasil
Sub­se­cretária de Estu­dos e Estatís­ti­cas do Tra­bal­ho no Min­istério do Tra­bal­ho e Emprego, Paula Mon­tag­n­er,  Foto: Wil­son Dias/Agência Brasil

“Há mui­ta difi­cul­dade de as mul­heres entrarem no mer­ca­do de tra­bal­ho, em espe­cial, mul­heres jovens. Por out­ro lado, há esse ape­lo para que as jovens busquem algu­ma out­ra for­ma de aju­dar a sociedade, que é ter fil­hos mais jovens, além de um cer­to con­ser­vadoris­mo entre os jovens que acham que só o mari­do tra­bal­han­do seria sufi­ciente”, disse,

A sub­se­cretária acres­cen­tou que isso faz com que elas entrem mais tarde no mer­ca­do de tra­bal­ho e, com menos qual­i­fi­cação, ten­ham mais difi­cul­dade em con­seguir emprego de mel­hor remu­ner­ação salar­i­al.

Para ten­tar diminuir o uni­ver­so de jovens que deix­am o ensi­no médio, o gov­er­no fed­er­al lançou recen­te­mente o pro­gra­ma Pé-de-Meia, que ofer­ece incen­ti­vo finan­ceiro para jovens de baixa ren­da per­manecerem matric­u­la­dos e con­cluírem essa eta­pa do ensi­no.

O pro­gra­ma pre­vê o paga­men­to de incen­tivos anu­ais de R$ 3 mil por ben­efi­ciário, chegan­do a até R$ 9,2 mil nos três anos do ensi­no médio, com o adi­cional de R$ 200 pela par­tic­i­pação no Exame Nacional do Ensi­no Médio (Enem) na últi­ma série. Mas, segun­do Paula Mon­tag­n­er, os efeitos desse pro­gra­ma entre os jovens só poderão ser sen­ti­dos nos próx­i­mos anos.

Ocupação e desocupação

Cer­ca de 17% da pop­u­lação brasileira é for­ma­da por jovens entre 14 e 24 anos, que somam 34 mil­hões de pes­soas. Desse total, 14 mil­hões de jovens tin­ham uma ocu­pação no primeiro trimestre deste ano.

Den­tre os jovens ocu­pa­dos, 45% estavam na infor­mal­i­dade, o que cor­re­sponde a 6,3 mil­hões de indi­ví­du­os. Essa por­cent­agem, segun­do Paula Mon­tag­n­er, é maior do que a média nacional, atual­mente em 40%.

“A infor­mal­i­dade tem a ver com o fato dos jovens tra­bal­harem pre­dom­i­nan­te­mente em micro e peque­nas empre­sas. Jovens que vão muito cedo para o mer­ca­do de tra­bal­ho e não vão na condição de apren­dizes; na maio­r­ia das vezes não têm uma situ­ação de con­tratação for­mal­iza­da. Quase sem­pre eles estão tra­bal­han­do como assalari­a­dos, sem carteira de tra­bal­ho assi­na­da, porque o empre­gador, por vezes, fica na dúvi­da se o jovem vai, de fato, desem­pen­har cor­re­ta­mente as funções, se ele vai gostar do emprego ou não. Então, eles esper­am um tem­po um pouquin­ho maior para for­mal­izá-los”, expli­cou.

Já os jovens que só estu­dam somam 11,6 mil­hões de pes­soas e o número de des­ocu­pa­dos nes­sa faixa etária chegou a 3,2 mil­hões em 2024.

Aprendizes e estagiários

O lev­an­ta­men­to tam­bém apon­tou que hou­ve, recen­te­mente, um cresci­men­to no número de apren­dizes e de estag­iários no país. No caso dos apren­dizes, só entre os anos de 2022 e 2024 hou­ve um acrésci­mo de 100 mil jovens que pas­saram para a condição de apren­diza­do. Em abril deste ano eles já somavam 602 mil, o dobro do que havia em 2011.

Já em relação aos está­gios, o cresci­men­to foi 37% entre 2023 e 2024, pas­san­do de 642 mil ado­les­centes e jovens nes­sa condição para 877 mil neste ano.

Para Rodri­go Dib, da super­in­tendên­cia insti­tu­cional do CIEE, os resul­ta­dos dessa pesquisa “mostram que a empre­ga­bil­i­dade jovem é um desafio urgente para o Brasil”.

“Pre­cisamos incluir essa faixa etária no mun­do do tra­bal­ho de maneira segu­ra e de olho no desen­volvi­men­to dess­es jovens a médio e lon­go pra­zo”, disse. Ele con­sid­era grave o Brasil somar mais de cin­co mil­hões dos chama­dos “nem-nem”.  “São jovens que não tem opor­tu­nidades e estão tão deses­per­ançosos que não estão bus­can­do uma opor­tu­nidade para dar o primeiro pas­so na car­reira profis­sion­al”.

Paula Mon­tag­n­er entende que, para aumen­tar a inserção pro­du­ti­va do jovem no mer­ca­do de tra­bal­ho, é pre­ciso, primeira­mente, ele­var a esco­lar­i­dade desse públi­co. “Ele pre­cisa estu­dar, ele­var a esco­lar­i­dade e ampli­ar sua for­mação téc­ni­ca e tec­nológ­i­ca”, afir­mou.

“A gente pre­cisa tam­bém reforçar as situ­ações de está­gio e apren­diza­do conec­ta­do ao ensi­no téc­ni­co e aos cur­sos profis­sion­al­izantes não só para o jovem bus­car uma inserção para sobre­viv­er, mas para ele cri­ar um acú­mu­lo de con­hec­i­men­to que per­mi­ta que ele desen­vol­va uma car­reira, para que ele encon­tre áreas de con­hec­i­men­to que são do seu inter­esse”, acres­cen­tou a sub­se­cretária.

Edição: Aécio Ama­do

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