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Número de pessoas forçadas a se deslocar chegou a 82,4 milhões em 2020

Congolese asylum-seekers line up to undergo security and health screening in Zombo, near the border between Uganda and the Democratic Republic of Congo. ; In July 2020, UNHCR, the Government of Uganda and partners mounted an emergency operation in the Zombo district to receive thousands of asylum-seekers stranded in no-man's land between Uganda and the Democratic Republic of the Congo (DRC) since late-May. The Guladjo and Mount Zeu border points have been opened for three days to receive civilians who are among an estimated 45,000 people displaced by militia violence in eastern DRC. Like many countries, Uganda closed its borders in March to contain the spread of COVID-19. Upon arrival at the border, all asylum-seekers underwent security and health screening. Vulnerable individuals were identified and fast-tracked for assistance. Mandatory 14-day quarantine and COVID-19 testing is being carried out at Zewdu Farm Institute, where arrivals are being registered and given food and basic aid.
Repro­dução: © Divul­gação Acnur/Rocco Nuri

É o maior número já registrado pela Acnur


Pub­li­ca­do em 18/06/2021 — 06:30 Por Ana Cristi­na Cam­pos – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Ape­sar da pan­demia de covid-19, o número de pes­soas forçadas a se deslo­car no mun­do con­tin­ua aumen­tan­do. No final de 2020, 82,4 mil­hões de pes­soas estavam deslo­cadas por guer­ras, con­fli­tos, vio­lações de dire­itos humanos e perseguições.

É o maior número já reg­istra­do pela Agên­cia das Nações Unidas para Refu­gia­dos (Acnur), com aumen­to de 4% em relação a 2019, quan­do 79,5 mil­hões de pes­soas estavam em deslo­ca­men­to força­do. Mais de 1% da pop­u­lação mundi­al — uma em cada 95 pes­soas — estão neste momen­to em deslo­ca­men­to força­do.

Os dados con­stam do relatório Tendên­cias Globais, que traz infor­mações sobre a situ­ação dos deslo­ca­dos e refu­gia­dos em todo o mun­do anual­mente e foi divul­ga­do hoje (18) pelo Acnur. Segun­do o lev­an­ta­men­to, 2020 é o nono ano de cresci­men­to inin­ter­rup­to do deslo­ca­men­to força­do no mun­do.

Covid-19

O relatório mostra que durante o pico da pan­demia em 2020, mais de 160 país­es fecharam suas fron­teiras, com 99 deles não fazen­do qual­quer exceção para pes­soas em bus­ca de pro­teção inter­na­cional. Segun­do o Acnur, ape­sar da pan­demia e dos pedi­dos de ces­sar-fogo, con­fli­tos con­tin­u­am a expul­sar pes­soas de suas casas.

O por­ta-voz do Acnur no Brasil, Luiz Fer­nan­do God­in­ho, desta­cou que o fechamen­to das fron­teiras por causa da crise san­itária teve como efeito ime­di­a­to o expres­si­vo aumen­to de deslo­ca­dos inter­nos que fugiam não só das guer­ras, mas tam­bém de regiões de seu país com altos índices de infecção.

“Essa com­bi­nação de con­fli­to, crise san­itária glob­al, per­da de ren­da e inse­gu­rança ali­men­tar forçou as pes­soas a se deslo­carem den­tro de seu país”, disse God­in­ho, desta­can­do que a covid-19 foi fator de deslo­ca­men­to inter­no em país­es como Iêmen, Bangladesh, Etiópia, Iraque e Dji­bouti.

De acor­do com o por­ta-voz, a tendên­cia para 2021 é de aumen­to do deslo­ca­men­to das pes­soas, já que pro­ced­i­men­tos de refú­gio e asi­lo devem voltar a fun­cionar com a maior lib­er­al­iza­ção das fron­teiras inter­na­cionais em meio ao avanço da vaci­nação.

Con­forme o doc­u­men­to, são 48 mil­hões de deslo­ca­dos den­tro do próprio país, 26,4 mil­hões de refu­gia­dos, 20,7 mil­hões de refu­gia­dos sob o manda­to da Acnur, 5,7 mil­hões de palesti­nos sob o manda­to da agên­cia UNRWA, 4,1 mil­hões de solic­i­tantes de asi­lo e 3,9 mil­hões de venezue­lanos que saíram do país.

Sudanese refugees observe physical distancing while listening to health and sanitation messages over a speaker system at Ajuong Thok camp in South Sudan. ; UNHCR, WFP and partners are distributing two-months’ worth of food rations to refugees in South Sudan, in line with COVID-19 preventative measures to reduce the number of times refugees will need to gather in larger groups to receive humanitarian aid. Four pieces of soap per person will be distributed, doubling the amount of soap available to each household. Hand-washing points, social distancing, sanitisation of biometric equipment and bottles of hand sanitiser are being put in place during distributions. In early-2020, COVID-19 became a global pandemic, spreading to nearly all the world’s continents. Refugees and displaced populations often have reduced access to health services and sanitation and may be at greater risk of contracting contagious viruses and communicable disease.
Repro­dução: Acnur deslo­ca­dos — Divul­gação Acnur/Elizabeth Marie Stu­art

Dev­i­do a crises prin­ci­pal­mente na Etiópia, no Sudão, nos país­es do Sahel (região da África, situ­a­da entre o deser­to do Saara e as ter­ras mais férteis na região equa­to­r­i­al do con­ti­nente), em Moçam­bique, no Iêmen, Afe­gan­istão e na Colôm­bia, o número de deslo­ca­dos inter­nos cresceu em mais de 2,3 mil­hões de pes­soas.

Ao lon­go de 2020, cer­ca de 3,2 mil­hões de deslo­ca­dos inter­nos e ape­nas 251 mil refu­gia­dos retornaram para seus lares – uma que­da de 40% e 21% respec­ti­va­mente, se com­para­da com 2019. Out­ros 33.800 refu­gia­dos foram nat­u­ral­iza­dos por seus país­es de acol­hi­da.

Mais de dois terços de todos os refu­gia­dos e dos deslo­ca­dos vier­am de ape­nas cin­co país­es: Síria (6,7 mil­hões), Venezuela (4 mil­hões), Afe­gan­istão (2,6 mil­hões), Sudão do Sul (2,2 mil­hões) e Mian­mar (1,1 mil­hão).

A maio­r­ia das pes­soas refu­giadas do mun­do – quase nove em cada dez (ou 86%) – está acol­hi­da em país­es viz­in­hos às crises e que são de ren­da baixa ou média. Os país­es menos desen­volvi­dos acol­her­am 27% desse total.

Pelo séti­mo ano con­sec­u­ti­vo, a Turquia abri­ga a maior pop­u­lação de refu­gia­dos no mun­do (3,7 mil­hões de pes­soas), segui­da pela Colôm­bia (1,7 mil­hão, incluin­do venezue­lanos deslo­ca­dos fora de seu país), o Paquistão (1,4 mil­hão), Ugan­da (1,4 mil­hão) e a Ale­man­ha (1,2 mil­hão).

Meni­nas e meni­nos com até 18 anos de idade rep­re­sen­tam 42% de todas as pes­soas forçadas a se deslo­car. Segun­do a ONU, eles são espe­cial­mente vul­neráveis, ain­da mais quan­do as crises per­du­ram por muitos anos. Novas esti­ma­ti­vas da Acnur mostram que quase 1 mil­hão de cri­anças nasce­r­am como refu­giadas entre 2018 e 2020. Muitas delas dev­erão per­manecer nes­sa condição nos próx­i­mos anos.

No Brasil, a pub­li­cação será ofi­cial­mente lança­da hoje às 11h, em even­to em parce­ria com o Memo­r­i­al da Améri­ca Lati­na que será trans­mi­ti­do pelo canal do YouTube das duas insti­tu­ições. A divul­gação do relatório é parte do cal­endário do Acnur Brasil para mar­car o Dia Mundi­al do Refu­gia­do no país. A pro­gra­mação com­ple­ta, com ativi­dades artís­ti­cas, cul­tur­ais e debates vir­tu­ais com pes­soas refu­giadas, está disponív­el no site https://www.acnur.org/portugues/diadorefugiado/.

Edição: Graça Adju­to

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