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Número de vítimas de bala perdida no Rio aumenta 58% em 2025

De 1º de janeiro a 16 de março foram 41 registros, diz instituto

Bruno de Fre­itas Moura ─ Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 17/03/2025 — 16:46
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ), 16/02/2025 - Fotos de crianças vitimas de bala perdida. Foto: Rio de Paz/Divulgação
Repro­dução: © Rio de Paz/Divulgação

Nos primeiros 75 dias deste ano, ─ de 1º de janeiro a 16 de março ─ 41 pes­soas foram víti­mas de bala per­di­da no esta­do do Rio de Janeiro. Esse número rep­re­sen­ta um cresci­men­to de 58% em relação aos 26 casos reg­istra­dos no mes­mo perío­do de 2024.

A com­para­ção faz parte de um lev­an­ta­men­to divul­ga­do nes­ta segun­da-feira (17) pelo Insti­tu­to Fogo Cruza­do, uma insti­tu­ição sem fins lucra­tivos que com­pi­la dados de tiroteios e feri­dos por arma de fogo em difer­entes cap­i­tais brasileiras.

De acor­do com a metodolo­gia do Fogo Cruza­do, é con­sid­er­a­da víti­ma de bala per­di­da a “pes­soa que não tin­ha nen­hu­ma lig­ação, par­tic­i­pação ou influên­cia sobre o even­to no qual hou­ve dis­paro de arma de fogo, sendo, no entan­to, atingi­da por pro­jétil”.

O estu­do apon­ta ain­da que as 41 víti­mas de bala per­di­da rep­re­sen­tam 11,5% do total 355 pes­soas que foram baleadas no esta­do em 2025. Os dis­paros de armas de fogo deixaram, no total, 167 víti­mas e 188 feri­dos.

Entre as víti­mas de dis­paros de arma de fogo estão três cri­anças, três ado­les­centes e sete idosos.

O Fogo Cruza­do infor­ma tam­bém que nove víti­mas de bala per­di­da mor­reram e 39 ficaram feri­das. Ess­es números tam­bém super­am os do ano pas­sa­do, quan­do, no mes­mo perío­do, três balea­d­os mor­reram e 23 ficaram feri­dos.

Operações policiais

O Fogo Cruza­do col­he e divul­ga por meio de aplica­ti­vo de celu­lar infor­mações sobre tro­cas de tiro em tem­po real – que são ver­i­fi­cadas por anal­is­tas. O insti­tu­to iden­ti­fi­cou que 66% das víti­mas de bala per­di­da nos primeiros 75 dias de 2025 foram atingi­das durante a real­iza­ção de oper­ações poli­ci­ais.

Ao todo, foram con­tabi­liza­dos 27 casos, dos quais sete ter­mi­naram com morte.

Já no mes­mo perío­do do ano pas­sa­do, foram dez casos em oper­ações poli­ci­ais (38%), sendo uma morte e nove feri­dos.

Casa e escola

Os anal­is­tas do Fogo Cruza­do detal­ham que nove pes­soas foram atingi­das por balas per­di­das den­tro de casa no esta­do do Rio de Janeiro em 2025, o que cor­re­sponde a 22% do total. Uma delas mor­reu.

Hou­ve tam­bém o caso de uma mul­her atingi­da em uma esco­la. Alcione da Sil­va, de 49 anos, foi balea­da den­tro do cam­pus da Fun­dação de Apoio à Esco­la Téc­ni­ca (Faetec), em Quinti­no, bair­ro da zona norte car­i­o­ca, na últi­ma quar­ta-feira (12).

Ela tin­ha acaba­do de deixar o fil­ho na esco­la e foi atingi­da de raspão. “No momen­to em que Alcione foi atingi­da, havia uma ação poli­cial no Mor­ro do Saçu, no Camp­in­ho [bair­ro viz­in­ho]”, frisa o Fogo Cruza­do.

A cidade do Rio con­cen­tra 34 dos 41 casos de bala per­di­da em 2025. Os demais se dis­tribuem por out­ros municí­pios da região met­ro­pol­i­tana: São Gonça­lo (4), São João de Mer­i­ti (2) e Mar­icá (1).

Protocolo de enfrentamento

Na avali­ação do coor­de­nador region­al do Insti­tu­to Fogo Cruza­do no Rio de Janeiro, Car­los Nhanga, a diminuição de casos de balea­d­os pas­sa pelo esta­do revis­ar pro­to­co­los de enfrenta­men­to à crim­i­nal­i­dade.

“A polí­cia do Rio de Janeiro mira no con­fron­to ao invés de bus­car por plane­ja­men­to e inteligên­cia. Há anos, a pop­u­lação per­manece refém do medo e de oper­ações poli­ci­ais que não reduzem a crim­i­nal­i­dade e não trazem segu­rança”, diz à Agên­cia Brasil. “O resul­ta­do é sem­pre o mes­mo: alto índice de letal­i­dade. A cada três víti­mas de balas per­di­das mapeadas em 2025 pelo Fogo Cruza­do, duas foram atingi­das em ações poli­ci­ais”, com­ple­ta.

Procu­ra­da pela Agên­cia Brasil, a Sec­re­taria de Esta­do de Segu­rança Públi­ca infor­mou que não comen­ta sobre os dados pre­sentes no relatório, “uma vez que não tem con­hec­i­men­to sobre a metodolo­gia uti­liza­da para sua cole­ta”.

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